Dia do Professor: conheça educadores que marcaram a história do Brasil

Da esquerda para a direita, os professores: Paulo Freire, Lélia Gonzalez, Darcy Ribeiro e Maria Nilde Mascellani (Reprodução/Internet)
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – Mais de 2,2 milhões de educadores celebram o Dia do Professor neste domingo, 15 de outubro, data que ganhou sentido há 76 anos, quando docentes escolheram o dia para discutir problemas e soluções para a profissão e a educação no Brasil. O ato foi idealizado pelo professor Salomão Becker (1922-2006), autor da frase “Professor é profissão. Educador é missão”, clássica no meio educacional.

Com a missão de educar, professores por todo o Brasil ganharam destaque por trilhar caminhos em prol da formação de cidadãos. É o caso do educador e pedagogo pernambucano Paulo Freire (1921-1997), que recebeu título de patrono da educação brasileira, em 2012.

O educador e pedagogo Paulo Freire (Reprodução/Internet)

Ao longo da carreira, Freire recebeu 48 títulos títulos de Doutor Honoris Causa  — título de doutor concedido a pessoas que não necessariamente sejam portadoras de uma graduação acadêmica, mas que se destacaram em determinada área — e foi indicado, em 1995, ao Prêmio Nobel da Paz. Em 1986, recebeu a premiação de Educação para a Paz da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura (Unesco).

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Um dos feitos de sucesso do educador foi o método de alfabetização criado por ele, em Angicos, município do Estado do Rio Grande do Norte. Em 45 dias, o projeto alfabetizou 300 adultos. Os resultados foram notados pelo governo brasileiro, que incluiu o formato educacional no Plano Nacional de Alfabetização. O êxito no método Freire chegou ao governo dos Estados Unidos, que financiou a experiência.

Mulher adulta em processo de alfabetização (Pei Fon/Folhapress)

A educação promovida pelo professor pernambucano se tornou uma ameaça para a ditadura militar, que em 1964 excluiu o método do Plano Nacional de Alfabetização, sob alegação de que a filosofia poderia gerar revolta na população. Isso porque Paulo Freire tratava o processo educacional como meio de transformação social e caminho para reinvindicação de direitos. Naquele período, o pedagogo foi preso e ficou 72 dias encarcerado. Depois, ele foi exilado pelo período de 16 anos.

A seguir, veja mais nomes de destaque na educação brasileira.

Darcy Ribeiro
O antropólogo Darcy Ribeiro (Reprodução/Internet)

O antropólogo, educador e romancista Darcy Ribeiro (1922-1997) dedicou parte da profissão ao estudo dos povos indígenas do País e chegou a fundar e dirigir o “Museu do Índio”. Ele também foi um dos colaboradores na criação do Parque Indígena do Xingu, no Estado do Mato Grosso, e escreveu obras sobre as etnias indígenas e em defesa da causa tradicional.

Os estudos do educador foram essenciais para alavancar uma nova reforma educacional no Brasil, cujo principal conceito difundido por ele foi o de identidade cultural. Ao longo da carreira, Darcy foi um defensor da democratização do ensino público e de qualidade para todos

Anísio Teixeira
O professor Anísio Teixeira (Reprodução/Governo Federal)

Um dos principais idealizadores das mudanças que marcaram a educação brasileira no século XX, Anísio Teixeira (1900-1971) idealizou a implantação de escolas públicas de todos os níveis, com o objetivo de oferecer educação gratuita para todos. “Só existirá uma democracia no Brasil no dia em que se montar aqui a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública“, dizia.

O educador definiu três eixos nos quais a educação básica deveria se sustentar: o jogo (recreação e educação física); o trabalho (exercícios práticos, incluindo aulas de marcenaria e de corte e costura, por exemplo); e o estudo propriamente dito. Esse tripé fazia parte da pedagogia da Escola Nova. Até então, pensava-se que a educação deveria se limitar a estudos teóricos.

Maria Nilde Mascellani
A educadora Maria Nilde Mascellani (Reprodução/Internet)

Maria Nilde Mascellani (1931-1999) defendeu durante a carreira a integração entre escolas e território, com um olhar atento da educação para as potencialidades de cada sujeito. Ela também foi responsável pelo desenvolvimento de práticas pedagógicas ainda hoje consideradas inovadoras.

Mascellani foi uma das principais responsáveis pela criação do Serviço de Ensino Vocacional (SEV), também chamado de Ginásios Vocacionais (GVs), dos quais assumiu a coordenação até 1969. Depois desse período, o projeto educacional foi derrubado pela ditadura militar, sob alegação de subversão.

Antonieta de Barros
A professora Antonieta de Barros (Reprodução/Udesc)

A professora Antonieta de Barros (1901-1952) tinha 17 anos quando fundou um curso particular que levava seu nome, com o objetivo de ensinar jovens e adultos a ler e a escrever. Durante a trajetória de luta pela educação, ela também foi eleita primeira deputada estadual negra do País. A educadora também era jornalista, autora de mais de um mil artigos em veículos de imprensa.

Antonieta escreveu o livro “Farrapos de Ideias”, cujos lucros foram doados para a construção de um centro educacional que abrigava crianças afastadas do convívio familiar. Na vida política, ela foi autora da propositura que institucionalizou o dia 15 de outubro como o Dia do Professor.

Lélia Gonzalez
A professora Lélia Gonzalez (Reprodução/USP)

Lélia Gonzalez (1935-1994) foi uma professora, filósofa, antropóloga, além de militante do movimento negro e feminista. Ela atuou na formação de alunos da educação básica e do ensino superior.

Gonzalez também ganhou destaque ao longo da carreira como precursora do Movimento Negro Unificado e lutou por políticas afirmativas, pelos direitos das pessoas LGBTQIAPN+ e pela regulação do trabalho doméstico. Em seus depoimentos, ela gostava de sublinhar que o lado paterno era de origem negra e o materno, de origem indígena.

Leia mais: De burnout a depressão, pesquisa aponta luta de professores pela saúde mental
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