Dia Nacional de Conscientização das Mudanças Climáticas chama atenção para queimadas e desmatamento

Especialistas afirmaram que as queimadas e o desmatamento são uns dos principais motivos para o desiquilíbrio ambiental (Samuelknf/Revista Cenarium)

Victória Sales – Da Revista Cenarium

MANAUS – As mudanças climáticas são fenômenos que chamam atenção por conta dos impactos causados diretamente no meio ambiente. Nesta terça-feira, 16, é comemorado o Dia Nacional de Conscientização das Mudanças Climáticas. A REVISTA CENARIUM conversou com especialistas para compreender a dimensão real dessas mudanças no planeta.

De acordo com o ambientalista Carlos Durigan, é importante ressaltar que a mudança no clima do planeta já é consequência de impactos humanos sobre a natureza.

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“Já houve mudanças no clima da terra ao longo da história, mas esta é a primeira vez que uma mudança significativa é causada por um ser vivo. Há registros de mudanças há milhões de anos, como foi o caso que levou a extinção da maioria das espécies de dinossauros, causada pelo impacto de um meteoro com a Terra”, afirmou.

Carlos ressaltou, ainda, que o cenário futuro sobre a Amazônia ainda é incerto, embora estudos mostrem que o impacto dessas mudanças podem acarretar sérias transformações nos ciclos de formações de chuvas e aumento substancial da temperatura.

“De fato, já estamos experimentando amostras desses impactos nos últimos anos, como redução drástica de chuvas nos períodos mais secos, entre os meses de maio e setembro, além de um aumento expressivo das mesmas nos períodos chuvosos, entre os meses de novembro e março, ou seja, o surgimento de eventos de extremos climáticos que acentuam diversos problemas que vivemos na região”, salientou.

Durigan destacou os registros de aumento de temperatura média anual em algumas regiões na Amazônia e períodos de seca que propiciam, por sua vez, um cenário ideal para o aumento de queimadas e, consequentemente, a perda de biodiversidade e de florestas. “Tudo isso causa perdas ao nosso patrimônio natural, afetando os serviços ecossistêmicos que este nos oferece e prejuízos às pessoas, com diminuição da qualidade de vida”, enfatizou.

Além disso, o ambientalista acentuou que as queimadas e os desmatamentos são as atividades no Brasil que mais contribuem com a mudança no clima. Assim, se estas ações criminosas continuam a crescer, gerando tantos impactos, certamente continuaremos a ver a nossa contribuição negativa subir, na contramão dos esforços globais em reduzir emissões.

Um dos principais causadores do desequilíbrio ambiental, provocando as mudanças climáticas (Reprodução/Internet)

Com isso, podemos destacar que o desmatamento é um dos principais responsáveis pelo aquecimento global, pois as árvores absorvem o dióxido de carbono (CO2) do ar. O desequilíbrio ambiental causado por esse efeito traz um desgaste significante com reflexos para as mudanças climáticas.

Já para o professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Artaxo, as mudanças climáticas estão tendo um forte impacto em todos os ecossistemas do planeta, incluindo a Amazônia, no ártico, no nordeste e assim por diante.

“As mudanças climáticas já estão com a gente atualmente aumentando a frequência de eventos climáticos extremos, como grandes secas, grandes inundações e estão tendo um impacto socioeconômico muito grande, podendo impactar na produção de alimentos. No Centro-Oeste brasileiro está tendo uma redução muito forte da precipitação do aumento significativo da temperatura”, disse Artaxo,

O físico ressaltou, ainda, que as mudanças estão se intensificando rapidamente com o aumento das emissões de gases do efeito estufa. “Nós temos um enorme déficit de políticas públicas que possam reduzir as emissões de gás no efeito estufa não só para as queimadas na Amazônia, mas também para pelos países desenvolvidos”, enfatizou o professor.

Objetivos

Em setembro de 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) utilizou diversas reuniões e encontros nacionais e internacionais, que giraram em torno dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), com a pretensão de atender às necessidades da atual geração para comprometer as gerações futuras.

Os objetivos de desenvolvimento sustentável foram feitos em torno dos indicadores econômicos, sociais e ambientais dos últimos anos, que no quadro geral era pessimista para as próximas gerações. A partir de então, a ONU propôs para os seus 193 países membros a assinatura da Agenda 2030, composta pelos 17 objetivos e 169 metas, para que fosse alcançado o desenvolvimento sustentável até o ano de 2030.

Entre os 17 objetivos, o 13º tem como principal objetivo a ação contra a mudança global do clima. Apesar de ter conseguido avanços importantes para a preservação do planeta, ainda é possível observar um desempenho negativo como o aumento no desmatamento, queimadas e poluição do ar. Segundo a ONU, a temperatura global poderá aumentar em até 3 graus até o final do século 21.

Estudo

Segundo uma pesquisa realizada pela National Geographic Society, publicada neste domingo, 14, o aquecimento atmosférico pode saturar o efeito de resfriamento natural da floresta.

“O desmatamento da floresta está interferindo na absorção de carbono, o que é um problema”, afirmou Kristofer Covey, autor principal da pesquisa e professor de estudos ambientais da Faculdade Skidmore de Nova York. “Mas quando começamos a avaliar esses outros fatores juntamente com o CO2, é bem difícil visualizar que o efeito líquido não signifique que a Amazônia como um todo esteja de fato aquecendo o clima global”, destacou ao National Geographic Society.

Por muito tempo, pesquisadores mostram preocupação com o aumento das temperaturas, do desmatamento, que estão reduzindo a capacidade da maior floresta tropical do mundo de absorver carbono da atmosfera. Alguns estudos recentes de algumas regiões da paisagem tropical pode estar soltando ainda mais carbono. As atividades, principalmente naturais, podem contribuir na alteração da floresta tropical de maneira significativa.

No estudo, o desmatamento poderá alterar a forma da chuva, ressecando ainda mais a floresta. Inundações e construção de barragens podem também liberar gás metano, motivo pelo qual as florestas são ainda mais destruídas. Ainda na pesquisa, no total, aproximadamente 3,5% de todo metano liberado é originário das árvores da Amazônia.

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