Diretor da Ancine gasta R$ 30 mil em viagens a Brasília no período de um mês

O diretor da Ancine, Alex Braga. (Reprodução/ 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo)
Da Revista Cenarium*

SÃO PAULO – O diretor-presidente da Ancine, Alex Braga, viajou semanalmente do Rio de Janeiro para Brasília, onde há um escritório da Agência Nacional do Cinema, entre os dias 17 de janeiro e 15 de fevereiro deste ano. Ao todo, foram cinco viagens —o correspondente a um terço do total de idas à capital realizadas em 2022, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Entre janeiro e fevereiro de 2019, logo após Jair Bolsonaro assumir a Presidência, o então chefe da Ancine Christian de Castro foi a Brasília apenas uma vez.

Boeing 787-9 decola do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo
Boeing 787-9 decola do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. (Aeroin/ Divulgação)

Segundo o Portal da Transparência do governo federal, as viagens deste ano foram realizadas para que o dirigente participasse das reuniões da diretoria colegiada, que são feitas semanalmente via Zoom, e de outros encontros como reuniões da câmara técnica da Ancine.

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As solicitações foram feitas com urgência, ou seja, confirmadas com menos de 15 dias de antecedência. As cinco viagens de Alex Braga custaram R$ 30 mil aos cofres públicos, de acordo com o site de transparência do governo federal. Em uma das ocasiões, ele foi acompanhado de uma servidora, cujo deslocamento custou R$ 2.163.

O diretor da Ancine teve uma agenda com a secretária de Audiovisual, Joelma Gonzaga, na semana anterior ao Carnaval. Segundo relatos ouvidos pela coluna, ela teria falado com entusiasmo sobre a reunião e a possibilidade de aproximação com a Ancine.

Fachada da sede da Ancine (Agência Nacional do Cinema), na região central do Rio de Janeiro
Fachada da sede da Ancine (Agência Nacional do Cinema), na região central do Rio de Janeiro. (Lucas Tavares/Folhapress)

Servidores da agência de cinema ouvidos pela coluna, porém, afirmam que as idas frequentes são atípicas e questionam a necessidade das viagens e o uso dos recursos públicos.

Braga foi indicado à presidência da Ancine por Bolsonaro. A agência, que tem entre suas atribuições o fomento, a regulação e a fiscalização do cinema e do audiovisual do país, viveu um período de paralisação na gestão do ex-chefe do Executivo.

Procurada, a Ancine diz, em nota, que os diretores exercem suas atividades nos dois escritórios, no Rio e em Brasília, e que as viagens foram feitas para “cumprir agendas determinadas e não apenas participar de reunião de diretoria”, embora não tenha detalhado quais seriam esses encontros.

Cena de 'Plano Controle', curta de Juliana Antunes selecionada para o New York Film Festival
Cena de ‘Plano Controle’, curta de Juliana Antunes selecionada para o New York Film Festival. (Reprodução)

“Tais agendas são públicas e observam a dinâmica de governo, especialmente no início de um novo governo. As viagens continuarão e devem se intensificar, dada a ação coordenada com o Ministério da Cultura e outros órgãos de governo”, afirma ainda a nota.

“A direção da Ancine não gere a entidade nem executa política pública para a sociedade brasileira via Zoom.”.

Como revelou a coluna, Alex Braga e a ministra Margareth Menezes tiveram uma rusga em janeiro deste ano. Após intervenção direta da chefe da pasta de Cultura, a Ancine voltou atrás na publicação de um edital que causou polêmica por ignorar projetos da região Norte.

A secretária de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, Marilia Marton, prestigiou o coquetel de inauguração da Pina Contemporânea, na capital paulista, realizada na noite de quinta, 2. Os irmãos e artistas Gustavo e Otávio Pandolfo, da dupla Osgêmeos, estiveram lá. A diretora vice-presidente do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), Juliana Siqueira de Sá, também compareceu.

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