Diretor-geral da PF decide trocar chefe no Amazonas que pediu investigação contra Salles

O delegado criticou Salles, dizendo ser a primeira vez que viu um titular da pasta se posicionar contra uma ação que mira preservar a floresta amazônica (Reprodução/G1)

Com informações da Folha de S. Paulo

SÃO PAULO – O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Paulo Maiurino, decidiu trocar o chefe do órgão no Amazonas, Alexandre Saraiva, que está em atrito com o ministro de Meio Ambiente Ricardo Salles por causa da maior apreensão de madeira do Brasil.

O delegado criticou Salles, dizendo ser a primeira vez que viu um titular da pasta se posicionar contra uma ação que mira preservar a floresta amazônica. “Na Polícia Federal não vai passar boiada”, disse Saraiva à Folha, usando termo utilizado por Salles em reunião ministerial do ano passado.

PUBLICIDADE

Segundo informações internas da PF, a decisão foi tomada na tarde desta quarta-feira, 14, antes do documento enviado ao STF que pede apuração da conduta do integrante do governo. Saraiva sugere na peça haver indícios de dois crimes: advocacia administrativa e tentativa de obstrução de investigação de organização criminosa.

Maiurino escolheu o delegado Leandro Almada para substituí-lo. O policial foi o número 2 da gestão de Saraiva e comandou o grupo de investigações ambientais na superintendência.

O novo diretor-geral está fazendo diversas mudanças no órgão. Em São Paulo, ele tirou o chefe que não tinha nem um mês no cargo e fugiu do padrão ao escolher o substituto.

Notícia-crime

O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, enviou ao Supremo Tribunal Federal nesta quarta-feira, 14, uma notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o senador Telmário Mota (Pros-RR). No documento, o delegado apontou a possibilidade de ocorrência dos crimes de advocacia administrativa, organização criminosa e o crime de “obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do poder público no trato de questões ambientais”.

O ofício de Saraiva foi reação à investida de Salles e Telmário em relação a mais de 200 mil metros cúbicos de madeira apreendida no fim do ano passado, com valor estimado em aproximadamente R$ 130 milhões.

Salles e Telmário têm feito declarações contrárias à operação da Polícia Federal que levou à apreensão, além de defender a aparente legalidade do material e dos madeireiros investigados. O ministro inclusive chegou a se reunir com os madeireiros para tratar do tema e fez postagens em redes sociais defendendo que seja dada solução célere ao caso.

Para Saraiva, Salles e Telmário tiveram uma parceria com o setor madeireiro “no intento de causar obstáculos à investigação de crimes ambientais e de buscar patrocínio de interesses privados e ilegítimos perante a Administração Pública”.

Segundo o delegado, o principal argumento usado pelo ministro — de que as terras de onde foi retirada a madeira é legal e a extração, autorizada — não corresponde à verdade, pois as terras seriam derivadas de grilagem. A explicação, no entanto, não é muito aprofundada ou detalhada — os documentos sobre o tema seriam enviados em anexo ao STF, segundo o ofício.

Veja o documento da notícia-crime na íntegra:

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.