Diretor surpreende espectadores do Festival de Cannes com drama sobre homicídios indígenas

Robert De Niro, Leonardo DiCaprio e Martin Scorsese no Festival de Cannes de 2023 (Scott Garfitt/Invision/AP)
Revista Cenarium*

PARIS – O diretor americano Martin Scorsese voltou a exibir, neste sábado, 20, seus dotes de mestre do drama policial, com Killers of the Flower Moon, sobre a misteriosa série de homicídios que abalou uma comunidade indígena em Oklahoma, nos anos 1920.

Para este filme, que mantém o espectador grudado na cadeira durante 3h30, o cineasta veterano, de 80 anos, recorreu a dois de seus atores favoritos, Robert de Niro e Leonardo DiCaprio.

Scorsese é uma das lendas do cinema americano e um cronista competente da parte mais obscura do País: a máfia, os assassinatos famosos e os dramas sociais ou raciais.

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Killers of the Flower Moon (“Assassinos da Lua das Flores”), no título em português, aborda o inesperado ‘boom’ petrolífero em uma reserva indígena – dos Osage -, perdida em um recanto do Estado de Oklahoma, no começo do século 20.

Do dia para a noite, os Osage viraram milionários com as concessões para explorar o petróleo. Suas mulheres passaram a ser objeto de cobiça de homens brancos, dispostos a se casar com elas, por todos os meios, para ficar com o dinheiro.

Produzido pela Apple, o filme vai estrear nos cinemas, mas seu formato parece ideal para a televisão, com a possibilidade de fazer pausas em uma história densa e cheia de reviravoltas.

Sensação no tapete vermelho

Leonardo DiCaprio interpreta Ernest Burkhart, que se casa com uma indígena, Mollie (a atriz indígena Lily Gladstone), e que é manipulado por seu tio, um rico pecuarista (Robert de Niro).

A presença do trio Scorsese, De Niro e DiCaprio voltou a causar sensação, no tapete vermelho, em Cannes, por onde passaram outras estrelas de Hollywood, como Kirsten Dunst (esposa de Jesse Plemons, um dos atores do filme), Salma Hayek, Cate Blanchett e Tobey Maguire.

Scorsese volta à Croisette, mas desta vez, fora da mostra competitiva. Em 1976, ele levou a Palma de Ouro com “Taxi Driver”, em 1986 ficou com o prêmio de melhor diretor com “Depois de Horas”, e em 1998, foi o presidente do júri do festival.

O filme foi rodado no local dos fatos. O roteiro foi revisto até o último dia das filmagens, segundo Scorsese, que queria “fazer o certo” com os indígenas.

Killers of the Flower Moon integra a lista de filmes de longa duração, uma das tendências desta edição do Festival de Cannes.

Dos 21 filmes que disputam a Palma de Ouro, outros que passam das 2h30 são o chinês Youth (Spring) (3h32), o turco About Dry Grasses (3h17) e o francês Anatomie d’une chute (2h31).

May December, Nathalie Portman e Julianne Moore

“May December”, do também americano Todd Haynes, tinha a difícil missão de rivalizar, no tapete vermelho, com a megaprodução da Apple. Para isso, foi escalada a dupla de estrelas Natalie Portman e Julianne Moore, protagonistas do filme sobre uma relação entre duas atrizes.

Todd Haynes é o autor de uma filmografia original, na qual tem alternado obras de ficção (Águas Escuras) com cinebiografias (“Não Estou Lá”, sobre Bob Dylan, interpretado por diferentes atores), e documentários, como o dedicado à banda “Velvet Underground”, que apresentou em Cannes há dois anos.

Em 2015, ele também causou sensação em Cannes, com “Carol”, sobre uma relação lésbica impossível, interpretada por Cate Blanchett.

A jovem franco-senegalesa Ramata-Toulaye Sy, de 36 anos, deu uma nota de frescor com seu primeiro filme, Banel & Adama, um cuidadoso retrato da rebeldia de uma jovem contra uma aldeia inteira no Senegal.

(*) Com informações do Estadão
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