Discurso de Bolsonaro na ONU teve forte teor político-eleitoral e foi marcado por críticas nas redes

Governo Bolsonaro quis abafar o caso Marielle Franco e boicotar eventos no exterior que tratassem do crime. (Timothy A. Clary/AFP)
Com informações do Infoglobo

SÃO PAULO – O discurso do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira, 20, em Nova York, recebeu mais de 265 mil menções no debate sobre “eleições”, na aba especial do Twitter, de acordo com levantamento da Escola de Comunicação Digital (FGV/ECMI). Com forte teor político-eleitoral, a participação do chefe do Executivo foi marcada por críticas e teve repercussão negativa nas redes.

Os termos “vergonha mundial” e “vergonha brasileira”, em referência à projeção feita em protesto à presença de Bolsonaro, no evento, foram usados na rede social 10,5 mil e 6,4 mil vezes, respectivamente, dominando os Trends Topics do Twitter.

De acordo com o diretor da escola de comunicação da FGV, Marco Aurélio Ruediger, a postura de Bolsonaro não teve ganho político, já que o presidente, mais uma vez, assim como fez no velório da Rainha Elizabeth 2ª, colocou o País em uma situação de desconforto ao expor questões internas.

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“Ele vai conseguir aumentar a resistência com esse tipo de atitude. Esses palanques internos que desgastam a visão do Brasil no exterior não vão atrair o centro político para a direita”, diz Ruediger.

Já os termos “padres e freiras” (12,6 mil menções) e “perseguidos na Nicarágua” (8,2 mil menções) competiram de modo acirrado ao serem incorporados pelos apoiadores de Bolsonaro, após as denúncias sobre perseguição religiosa no País. Já nas menções associadas ao termo “Assembleia Geral da ONU” (26,4 mil menções), destaca-se a atuação de perfis de oposição que sinalizaram inverdades que teriam sido proferidas pelo governante, especialmente, em relação à condução da pandemia da Covid-19 e aos retrocessos ambientais no País.

Além disso, o termo também foi utilizado entre bolsonaristas para mobilizar e atribuir ao presidente características altruístas e humanitárias, assim como a declaração sobre a atuação do governo em prol das mulheres, diante das críticas recentes de machismo.

Outro ponto levantado pela base bolsonarista como ápice do discurso foi o anúncio do suposto fim da “corrupção sistêmica” (6,7 mil menções), que foi repercutido com ironia por perfis progressistas. No geral, a base de apoio ao presidente explorou com ênfase especial a associação sugerida pelo presidente entre Lula e a “corrupção sistêmica”, além da tentativa de tentar humanizar o candidato perante os eleitores indecisos, por meio de suas “boas relações” com cristãos e mulheres.

Já a projeção de mensagens críticas ao dirigente, na “sede da ONU, em Nova York”, mobilizou cerca de 5,7 mil menções, majoritariamente oriundas de perfis de oposição a Bolsonaro.

“Vergonha do Brasil” em 2021

Em 2021, a participação do presidenciável mobilizou cerca de 1,02 milhão de tuítes, a maioria com críticas à escolha de Bolsonaro de não tomar a vacina contra Covid-19 e de não usar máscara. O momento de maior mobilização na plataforma ‒ em que o debate alcançou 146,3 mil menções ‒ aconteceu enquanto o presidente discursava. Opiniões sobre a presença e a postura de Bolsonaro no evento ficaram divididas: além da hashtag #bolsonarovergonhadobrasil, que apareceu em 59,9 mil postagens, destacaram-se como principais indexadores #bolsonaroun2021, em 28,5 mil postagens, e #bolsonaroorgulhodobrasil, em 13,5 mil.

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