Diversidade de cores, rostos e territórios em manifestação pelo Dia da Mulher em Manaus

Mulheres em seus vários segmentos e representações estiveram presentes no ato que teve início na Praça da Saudade, em Manaus (Mencius Melo/REVISTA CENARIUM)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Uma reunião de rostos, discursos, bandeiras, corpos e territórios, assim foi o ato político organizado pelos movimentos femininos e feministas de Manaus. O evento “Manifesto das Mulheres pela Democracia no Amazonas” aconteceu no Centro de Manaus, nesta quarta-feira, 8, e contou com mulheres e homens dos movimentos sociais indígenas, negros e mistos. A concentração teve início às 15h, na Praça da Saudade. De lá, as manifestantes saíram em marcha pelo centro da cidade, até o Largo São Sebastião, onde está localizado o centenário Teatro Amazonas.

Movimentos e coletivos artísticos estiveram presentes no ato do Dia Internacional da Mulher, na Praça da Saudade, em Manaus (Mencius Melo/REVISTA CENARIUM)

Gritando palavras de ordem e dizendo “não” à violência contra a mulher, a passeata tomou as ruas do centro da cidade. Márcia Dias, uma das organizadoras do evento, declarou: “É emocionante estar aqui, de volta às ruas depois do Estado de morte que nos foi imposta. Hoje, nosso grito reúne toda essa nação: a nação indígena, a negra, branca, mulheres, as mulheres trans, os homens que estão em busca de um Estado que nos inclua, de verdade, sem largar a mão da democracia que nos une”, declarou.

Ativistas e militantes do movimento negro de Manaus e do Amazonas fizeram discursos e levantaram bandeiras de luta durante o evento (Mencius Melo/ REVISTA CENARIUM)

Ativista jovem do movimento indígena, Samêla Sateré estava presente ao ato: “Enquanto mulheres indígenas, temos que demarcar esses espaços, porque são espaços de representatividade e de luta. E, por isso, temos que estar aqui. Falam sobre a cultura indígena, mas pouco se fala sobre a resistência da mulher indígena diante do processo violento de colonização que nós vivemos”, salientou. “O Brasil é terra indígena, o Amazonas é terra indígena e Manaus é terra indígena. Onde nós estamos agora (Praça da Saudade) é um cemitério indígena. Somos o Estado mais diverso do Brasil, com mais de 68 povos. Nós temos o sangue indígena”, afirmou.

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Frases e slogans de lutas e bandeiras femininas e feministas estavam presentes nos cartazes e no rosto das mulheres presentes ao ato (Mencius Melo/ REVISTA CENARIUM)

Negras e brancas

Natural de São Paulo e atuando em Manaus como ativista ambiental, Ana Clis fez questão de estar no ato. Com sua pele negra e cabelos cacheados, ela falou: “Para mim, tem vários significados estar aqui. Primeiro, porque sou negra e vejo que estamos tomando, cada vez mais, espaços, e isso é importante porque nossa luta precisa ser comunicada. Temos que ir para a rua brigar por nossos direitos. Estar aqui é trazer visibilidade para as nossas lutas e corpos”, avaliou.

A ativista ambiental Ana Clis esteve presente com sua tez e cabelos de mulher negra envolvida e empoderada nas lutas sociais (Mencius Melo/REVISTA CENARIUM)

A ativista fez um balanço sobre os quatro anos de Governo Bolsonaro. “Estou aqui enquanto mulher negra fortalecendo a luta dos povos indígenas, aliada a pessoas brancas que apoiam a luta desses movimentos. Acredito que os últimos quatro anos nos uniram mais. A violência foi forte, mas não é de hoje. O Brasil tem um histórico extenso de violência contra os povos. Foi uma pena o que aconteceu nos últimos quatro anos, mas isso nos uniu mais”, avaliou. “Nossas lutas são sobre pessoas”, concluiu.

A italiana Marguerita Genoveze declarou: ‘As mulheres, no mundo, são irmãs’, sobre as bandeiras universais de luta das mulheres no mundo (Mencius Melo/ REVISTA CENARIUM)

De olhos azuis e pele branca, a italiana Marguerita Genoveze também esteve presente ao ato. Com pintura indígena no rosto e um sorriso de aprovação, ela respondeu à CENARIUM. “É muito importante estar aqui e ter a consciência de ser mulher. Temos que despertar e mostrar a nossa força ao mundo, até porque as lutas de nós mulheres são as mesmas. Pode ser que seja diferente o jeito de lutar, mas as causas e os motivos são as mesmas, porque as mulheres no mundo são irmãs”, sintetizou.

Militância partidária

A pedagoga e militante Gabriela Valentim: “É necessário estar aqui para poder resgatar o processo histórico…” sobre a importância de participar (Mencius Melo/REVISTA CENARIUM)

Representante do jovem partido de esquerda Unidade Popular (UP), a pedagoga Gabriela Valentim declarou que estar no ato é a garantia de resgate do processo histórico. “É necessário estar aqui para poder resgatar o processo histórico dos ataques que sofremos no passado e que permanecem nos dias de hoje, como vimos com o povo Yanomami. O passado e o presente estão cada vez mais interligados, e estar nas grandes capitais é importante, porque a repercussão ganha maior peso e, aí, podemos provocar debates em toda a sociedade”, destacou. “Hoje, é um dia de felicitar, mas também de lutar. Viva às mulheres!”, comemorou.

As mulheres em marcha pelas ruas do centro de Manaus levando seus gritos de luta, palavras de ordem e bandeiras de reivindicações (Mencius Melo/ REVISTA CENARIUM)

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