Com informações do Fantástico
SÃO PAULO – Na sessão da CPI na última quinta-feira, o depoente Luiz Paulo Dominguetti teve o seu celular apreendido pela comissão. O Fantástico teve acesso com exclusividade a mensagens que estavam no aparelho. É um material importante para CPI, que vai ajudar na montagem da teia de relacionamentos do policial militar com empresas e agentes públicos. Ainda está sob perícia, mas uma análise preliminar já identificou cerca de 900 caixas de diálogos nos aplicativos de mensagem.
Segundo os investigadores, algumas conversas indicam que Dominguetti negociava uma comissão de 25 centavos de dólar por dose de vacina. Em mensagens a um contato identificado como Guilherme Filho Odilon, Dominguetti afirma:
“Vacina Astrazeneza. Valor 3 dólares e 97 a dose”. E diz: “Capacidade entrega imediata. 100 milhões de doses. Venda direto Astrazeneca.”
Guilherme responde: “Boa tarde, meu amigo. Ainda aguardando documentação do grupo.” E Dominguetti avisa: “Ok. Só para te posicionar, Amapá e Mato Grosso estão comprando.”
Nas conversas com Guilherme, Dominguetti também menciona o Piauí. “Conseguimos seis meses em contrato garantir qualquer venda no Piauí ou outro parceiro”, disse.
As mensagens obtidas pelo Fantástico também mostram que no dia 26 de fevereiro Dominguetti recebe uma ligação de um contato chamado “Haroldo Vacinas Compra”. E responde por texto. “Meu amigo, já te retorno. Alfredo me passou sobre o Amazonas, né? Sabe a quantidade?”.
E Haroldo responde: “Inicialmente, liberaram de um fundo lá quase 160 milhões”.
O arquivo obtido não revela o final desta conversa.
O governo de Mato Grosso esclarece que recebeu, em março, um e-mail de um representante da Davati com oferta de vacinas contra a Covid-19, mas que a negociação não avançou porque não foi apresentada nenhuma carta de representação da fabricante Johnson & Johnson.
O governo do Piauí disse, por nota, que não negociou a compra de vacinas com nenhum intermediário.
Também em nota, o governo do Amapá afirmou que os únicos contatos para aquisição de imunizantes foram feitos de forma oficial, com o fundo soberano russo e com o Instituto Butantan, em São Paulo.
Já o Governo do Amazonas disse que desconhece a citação de um suposto fundo R$ 160 milhões para compra de vacinas.
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