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EDITORIAL – Pan-Amazônia: sem senso para um consenso, por Paula Litaiff
Criança ribeirinha na margem do rio (Ricardo Olvieira/Revista Cenarium)
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01 de setembro de 2023
No século passado, Alfredo Aníbal Ladislau escrevia que pesava sobre a Amazônia uma fatalidade histórica: “é uma Canaã que ainda espera seu povo”, na imagem de um salvador que aponte o caminho do desenvolvimento. Notável pesquisador do Pará, o cearense Alfredo Ladislau abria um debate, na década de 1920, sobre o paradoxo social dos povos amazônicos, que subsistem em uma realidade econômica difícil, vivendo em uma das terras mais ricas e cobiçadas do mundo.
Neste mês de agosto, a falta de resultados concretos na reunião dos países pan-amazônicos da Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), mostra que ainda necessitamos amadurecer, enquanto povo amazônida, que precisa conhecer e valorizar o maior patrimônio ativo que possui, o seu bioma.
Dois fatores impediram um acordo mútuo dos países, na Cúpula da Amazônia, para a homologação da “Carta de Belém” a gradual substituição da queima de combustíveis fósseis por matrizes energéticas limpas e o desmatamento zero, até 2030, pontos responsáveis pelo agravamento da crise climática. A falta desse entendimento compromete ações conjuntas e futuras desses países para o desenvolvimento com sustentabilidade da região.
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Pequisa realizada pela WRI Brasil, em parceria com mais de 75 pesquisadores, em julho, indica que descarbonizar a economia da Amazônia Legal brasileira, fortalecendo sua bioeconomia, poderia aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) anual da região em R$ 40 bilhões e criaria 312 mil empregos até 2050, em comparação com o modelo atual, além de colocar o Brasil em uma trajetória compatível com a meta do Acordo de Paris, de manter o aquecimento médio do planeta em 1,5°C.
Faz-se necessário esforço para a compreensão de que é preciso mudar a rota. Os povos amazônidas sabem que não podem transformar a sua terra em um santuário, mas eles não querem e não podem ser reféns do lucro desesperador de quem só vê a região pelos olhos dos cifrões.
Em meio à falta de um acordo factível pelo desenvolvimento responsável da Amazônia, é preciso ter esperanças e a REVISTA CENARIUM descreve essa espera, na edição deste mês, contando a história de quem vive e resiste nessa terra que Alfredo Ladislau chamou de “imatura”.
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