‘Ele que venha, a artilharia vai ser pesada’, diz pastor Silas Malafaia sobre Lula em 2022

Outro líder importante da igreja, o deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP), é o presidente da frente parlamentar evangélica no Congresso (Reprodução/O Globo)

Com informações do O Globo

MANAUS – O pastor da Assembleia de Deus Silas Malafaia reagiu ontem à divulgação de um encontro entre o ex-presidente Lula e o bispo primaz da Assembleia de Deus Ministério de Madureira, Manoel Ferreira. 

Malafaia disse que não vai permitir que Lula ganhe espaço entre eleitores evangélicos. “Ele que venha, a artilharia vai ser pesada. Não vai ser coisinha fácil não. Vamos botar para arrebentar em cima e sem dó”, afirmou o pastor, um dos mais fiéis aliados do presidente Jair Bolsonaro.

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Malafaia, Bolsonaro e Ferreira devem se encontrar nesta sexta-feira em Belém, no Pará, para um culto em celebração dos 110 anos da Assembleia de Deus. 

Outro líder importante da igreja, o deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP), é o presidente da frente parlamentar evangélica no Congresso. O deputado participou da motociata de apoio a Jair Bolsonaro realizada em São Paulo no final de semana. 

Assim que a foto foi publicada, houve forte reação dos pastores, e Cezinha pediu a Garotinho que apagasse a postagem. Como o ex-governador se recusou, ele fez uma postagem de apoio a Bolsonaro e afirmou a outros líderes evangélicos que Ferreira fez apenas uma “visita de cortesia”  a Lula, e que continua aliado do presidente da República.

Na tarde desta quinta-feira, uma nova foto do mesmo encontro, reproduzida acima circulou em grupos de mensagens de pastores, o que irritou vários deles. Outros saíram em defesa de Manoel Ferreira – como o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), de outro ramo da Assembleia de Deus. “Eu o conheço, estou dando o testemunho. Ele é Bolsonaro, assim como Samuel e Abner (filhos de Ferreira, também pastores). Quem apostar que isso foi uma aproximação dos evangélicos com o Lula vai errar feio”.

Para Malafaia, o movimento de Lula visa a recuperar terreno em um eleitorado que votou em peso em Jair Bolsonaro em 2018. “Ele está na dele, político tem que fazer isso mesmo”, afirmou o líder. “O que eu não entendo é como é que a gente pode apoiar um cara que, quando é libertado pelo Supremo Tribunal Federal, na primeira entrevista diz que as igrejas espalharam o vírus.”

Malafaia se referia ao discurso que Lula fez em março em São Bernardo do Campo. Na ocasião, ele afirmou que “muitas mortes poderiam ter sido evitadas” na pandemia, e disse que “o papel das igrejas é ajudar para orientar as pessoas, não é vender grão de feijão ou fazer culto cheio de gente sem máscara, dizendo que tem o remédio pra sarar”.

O pastor do Ministério de Madureira, líder de uma das principais denominações evangélicas do Brasil, esteve com o petista no início de junho para um café da manhã. O encontro aconteceu no sítio do presidente da Assembleia Legislativa do Rio, André Ceciliano, em Mendes, a 100 quilômetros da capital.

Era para ter ficado em segredo, mas a foto que mostra os dois juntos foi publicada nas redes sociais pelo ex-governador Anthony Garotinho na tarde de terça-feira, 15. 

A última pesquisa Datafolha mostrou um empate entre o petista e o presidente da República na intenção de voto entre os evangélicos na eleição de 2022. Daí porque Lula vem buscando demonstrar que tem apoios importantes nesse segmento.

Nas conversas com pastores e seus emissários, ele vem procurando demonstrar moderação nas pautas de costume e lembrando de programas de governo como o Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida. 

Mas o pastor da Assembleia de Deus afirma que a tarefa de Lula não vai ser fácil. “Vamos lembrar ao povo evangélico todo o roubo que ele praticou, dos escândalos de corrupção. Eu tenho memória. Não é possível que ele ache que vai enganar o povo de Deus.”

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