Em dez meses de governo, Lula demite três mulheres para dar lugar a homens

Da esquerda à direita: Daniela Carneiro, Ana Moser, Lula e Rita Serrano. (Edição: Mateus Moura)
Da Revista Cenarium Amazônia*

MANAUS (AM) – As recentes demissões de mulheres dos cargos do alto escalão do governo federal têm colocado em cheque o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de igualdade e diversidade e exposto uma “fragilidade estrutural” para mulheres em posições de poder, segundo analisam especialistas ouvidos pelo Metrópoles.

No início do governo, há dez meses, 11 mulheres foram anunciadas à frente de ministérios, o que representou um recorde. Mas, em quase um ano, duas ministras e uma bancária foram retiradas dos cargos para acomodar homens.

Desde janeiro, Lula“abriu mão” da ministra do Turismo Daniela Carneiro para nomear Celso Sabino, enquanto a então ministra do Esporte Ana Moser foi substituída pelo deputado federal André Fufuca (PP-MA). Por fim, a bancária Rita Serrano, que chefiava a Caixa Econômica Federal, foi demitida nesta semana para dar lugar ao economista Carlos Antônio Vieira Fernandes.

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Em comum entre os três, está o apadrinhamento do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). As escolhas do presidente da República têm o objetivo de garantir, segundo os especialistas, uma boa relação com o Centrão, liderado pelo parlamentar.

Fragilidade estrutural

Em uma carta de despedida publicada nas redes sociais, Rita Serrano citou misoginia e afirmou que “ser mulher em espaços de poder é algo sempre desafiador”. “Espero deixar como legado a mensagem de que é preciso enfrentar a misoginia, de que é possível uma empregada de carreira ser presidente de um grande banco e entregar resultados”, afirmou.

A professora do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) Débora Messenberg afirmou, ao Metrópoles, que ainda há uma fragilidade estrutural para manter as mulheres na política e a luta por governabilidade, especialmente após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Não privilegiar as mulheres vem da própria política. Temos de reconhecer os grandes ganhos, e não é de um dia para o outro, ou com uma lei que obrigue cotas, que vamos garantir uma influência imediatamente mais forte das mulheres”, afirmou, analisando que as ministras trocadas não tinham respaldo dos partidos políticos e, dessa forma, eram interpretadas como mais “descartáveis”.

Na questão de gênero, não é uma cultura que ainda esteja, mesmo para o PT, em perspectiva hegemônica. Temos claramente um avanço frente ao governo anterior, são ganhos importantes, mas a luta por maior diversidade e pluralidade ainda está longe de ser conquistada”, acrescentou Messenberg.

Leia a matéria completa do Metrópoles neste link.

(*) Com informações do Metrópoles

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