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Em debate, pesquisadores da Ufam analisam construção do discurso de ódio na internet
Construção do discurso de ódio nas redes sociais gera debate (Reprodução/Internet)
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31 de maio de 2023
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium
MANAUS – Reflexões sobre discurso de ódio na internet tomaram o centro do debate entre professores e alunos do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), na tarde desta quarta-feira, 31. Os pesquisadores analisaram o estudo “Gramáticas Sociais do Discurso de Ódio e da Luta por Reconhecimento“.
O trabalho é parte da “Mostra de Teses do PPGSCA: novas abordagens, novos enfoques”, da qual dispõe de 25 teses, sob análise do Laboratório de Sociais e Interdisciplinaridade na Amazônia/PPGSCA. O estudo apreciado nesta rodada é de autoria do professor Israel Pinheiro, doutor em Sociedade e Cultura na Amazônia e mestre em Sociedade pela Ufam.
A tese faz uma reflexão acerca das estruturas que constroem a web, da emergência das redes sociais e as configurações das gramáticas sociais, assim como da luta pelo reconhecimento do discurso de ódio na rede. O autor fez uma análise discursiva dos sentidos produzidos por influenciadores digitais, páginas, canais de plataforma de vídeo, blogs, bem como perfis de usuários em redes sociais em todo o País.
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“A tese visa fazer uma viagem panorâmica sobre a história da construção do que é a internet, ao passo que essa história é refeita. Eu faço diversas críticas e reflexões sobre conceitos fundamentais nesse processo de desenvolvimento do que é a internet, do que são as redes sociais, assim como o que são as ‘plataformizações’ de redes sociais”, explica o autor.
“A partir disso, podemos entender como essas gramáticas sociais na internet são construídas, na construção daquilo que entendemos por luta pelo reconhecimento. As análises buscam, também, o entendimento daquilo que a gente compreende por discurso de ódio”, continua.
Discurso de ódio x Luta pelo reconhecimento
Israel Pinheiro construiu o conceito “gramáticas sociais” a partir da noção de “gramáticas morais“, concepção criada pelo filósofo e sociólogo alemão Axel Honneth. Tais gramáticas sociais são conjuntos de práticas de sentidos sociais utilizadas, historicamente, por determinado grupo. O autor usa o exemplo da prática de protestos nas ruas: “A gente não nasce com isso, mas aprende com o tempo, o que nos efetiva nessa realidade e diz quem nós somos”, afirma Honneth.
A pesquisa tem como foco principal a construção do discurso de ódio na internet, os agentes envolvidos e os meios em que se estabelecem. “A primeira preocupação da tese era entender como os processos homofóbicos, misóginos, sexistas e classistas se realizavam na internet e como essa luta do reconhecimento se faz nas redes sociais”, afirma o autor.
A luta por reconhecimento é uma teoria reformulada por Honneth a partir da influência do pensamento do filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel. “Hegel diz que a construção do indivíduo parte de três bases de relação: a família, o trabalho e o Estado. Já Honneth, reorganiza esse conceito a partir de outros conceitos: do amor, do trabalho e da solidariedade. Essa teoria atua no sentido de como os indivíduos se reconhecem na sociedade e, para ele, é por meio do conflito”, pontua o pesquisador.
Laboratório de ideias
A coordenadora do Laboratório de Sociais e Interdisciplinaridade na Amazônia/PPGSCA, Marilene Corrêa, destaca que o laboratório de ideias amplia, aperfeiçoa, bem como aprofunda o repertório de pesquisas dos alunos que integram o programa de pós-graduação. De acordo com ela, a partir dos debates, os alunos adquirem a chamada “inteligência avançada“.
“A ideia dessa apresentação de teses é, inicialmente, mostrar para o aluno que já existe uma linhagem de pensamento desenvolvida naquela área e que ele pode se beneficiar, que ele não vai ter problemas de material, porque há outros autores. Mas, se ele for único, vai ver, com o exercício do laboratório, que pode dialogar com outros pesquisadores. Enquanto o aluno está no laboratório, ele tem um lugar para se desenvolver”, ressalta Corrêa à REVISTA CENARIUM.
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