Em Manaus, ‘Ruas da Copa’ carregam legado e esperança pelo hexa do Brasil

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – As “Ruas da Copa” na capital do Amazonas estão nos preparativos finais para a abertura do mundial, que acontece neste domingo, 20, e o clima é de expectativa e realização por mais um ano de tradição.

A REVISTA CENARIUM esteve nos bairros Alvorada e Vila da Prata neste sábado, 19, onde as últimas bandeirolas estão sendo instaladas e os retoques na pintura no asfalto já estão sendo finalizados. O costume de decorar as ruas passa de pais para filhos e se torna um legado para a cidade.

Este ano, a Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult) habilitou cinco ruas para exibição dos jogos da Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo Fifa 2022, que acontecerá no Catar. São elas: Rua 24 de Agosto, no Morro da Liberdade, na zona Sul; Rua Professora Isaura Barroncas e Rua 3, no Alvorada, zona Centro-Oeste; Rua Capitão Francisco Galvão, no São José 1, zona Leste; e Rua Santa Isabel, na Vila da Prata, zona Oeste.

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Na Rua 3, do bairro Alvorada, em meio aos arranjos finais para a liberação da via aos pedestres, o coordenador da Comissão Técnica da Decoração, Everton Vieira, afirma que manter a tradição é assegurar que a memória de quem iniciou o projeto continue viva. Ele conta que a responsabilidade é uma forma de homenagear o pai, Emílio Lopes Vieira, falecido há 11 meses, que estava à frente da montagem da rua desde 1994.

“Ele era o mentor, o cara das ideias, o cara que sabia tudo, o passo a passo, materiais, o que ia pegar, a quantidade, tudo ele já tinha em mente“, relata Everton. “Acho que se não fosse pensando nele, a gente não teria feito a rua. Com a ajuda de amigos e colegas, querendo homenagear ele, e outras pessoas aqui da rua que partiram, a gente conseguiu fazer nossos enfeites, destaques aqui, no Amazonas, e internacionalmente“, comemora.

Vieira se refere ao reconhecimento, pela Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa), da decoração das “Ruas da Copa“, em Manaus. A organização divulgou nas redes sociais, no último dia 13 de novembro, imagens das ruas enfeitadas com bandeirolas.

Amor pela Copa do Mundo

Na Rua Santa Isabel, na Vila da Prata, na zona Oeste, Rivelino dos Santos Bentes, nascido em 1969, tem um nome muito familiar para quem é um bom conhecedor dos jogadores “antigos” da Seleção Brasileira. Isso porque é uma homenagem a Roberto Rivellino, titular do time na conquista do tricampeonato na Copa do Mundo de 1970, no México.

Assim como Everton Vieira, Rivelino também segue a tradição do pai e afirma que, apesar de quase ter desistido de enfeitar a rua neste ano, o amor pelo costume falou mais alto. É ele quem sobe em escadas e andaimes para amarrar mais de 300 mil bandeirolas na via, contando sempre com a ajuda de outros moradores.

“Não era para ter, devido à pandemia, mas isso já vem de muitas décadas, desde 1982 que a gente faz isso“, explica Rivelino. “Faço por amor, eu gosto de fazer. É cansativo, requer muito tempo, atenção e cuidados, mas eu gosto. E é um legado que eu quero passar para os meus filhos. Não só para eles, mas para toda essa geração nova que vem nascendo“, completa.

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Expectativas

A estudante de Direito Larissia Brandão, de 25 anos, aproveitou a véspera do início do campeonato para tirar fotos e visitar, pela primeira vez, uma rua enfeitada para a Copa do Mundo. No Alvorada, reunida com o esposo, sogro e amigos, ela falou que está confiante na conquista pelo hexa. “Estamos muito confiantes que o hexa vem finalmente esse ano. A gente veio logo hoje porque a gente sabe que nos próximos dias aqui vai ficar muito lotado“, disse.

Rivelino dos Santos Bentes também espera que a Seleção Brasileira traga para o País, finalmente, a sexta estrela na camisa. “Eu espero que a Copa deste ano não seja uma decepção para nós, que a gente consiga o hexa. Esse é o objetivo, para valer a pena o esforço“, acrescenta.

Já Everton Vieira contou que foram quatro meses de trabalho, com mais de 100 pessoas envolvidas na decoração da Rua 3, do Alvorada. Ele também aguarda, ansioso, pelo hexa.

“Nós estamos aí desde quinta-feira trabalhando direito, no portal (de entrada) e na pintura. É um trabalho incansável, a gente fica aqui noites e noites acordados. O reconhecimento vai ser depois na inauguração com todo mundo brincando e feliz, vamos ver se o Brasil arrasta esse hexa aí tão esperado“, finaliza Everton.

Neste sábado, 19, será realizada uma missa em comemoração pelo trabalho realizado na Rua 3, do Alvorada, e em homenagem a quem já partiu. Na Santa Isabel, um café da manhã será oferecido aos moradores e a quem visitar a rua neste domingo, 20, a partir das 9h.