Em Nova Iorque, passeadores de cachorros chegam a ganhar mais de R$ 510 mil por ano

O momento atual é lucrativo para os dog walkers. (Divulgação)

Da Revista Cenarium*

MANAUS – De legging preta e jaqueta puffer, Bethany Lane, 35, percorre a rua Bleecker, em Manhattan, levando três “goldendoodles” (cruzamento de golden retriever e poodle) e a “bernedoodle” (bernese com poodle) Tinkerbelle. Eles entram em uma loja para comprar guloseimas e caminham pelo Hudson River Park.

Depois de uma hora, ela leva os cachorros para casa, uma residência de alto padrão de um casal de quarentões que fizeram fortuna no setor imobiliário. “Meu trabalho é deixar esses cachorros felizes enquanto seus donos estão ocupados. Eu me apaixono por eles. É como se fossem meus bebês.”

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Bethany Lane, founder of Whistle & Wag, a dog walking service, walks a dog in Manhattan, Jan. 16, 2023. It is a lucrative time to be a dog walker, especially for pet entrepreneurs who cater to the wealthy. (Calla Kessler/The New York Times)
Bethany Lane, fundadora da Whistle & Wag, caminha com cachorro em Manhattan – Calla Kessler – 16.jan.23/The New York Times

Lane começou a trabalhar como “dog walker”, uma pessoa paga para levar cães para passear, 11 anos atrás, depois de se formar na Universidade Rutgers e se mudar para Nova York para tentar carreira no setor de saúde pública.

“Eu precisava pagar o aluguel e meu empréstimo estudantil, então fui para os classificados. Vi que alguém me pagaria para levar cachorros para passear. Como sou obcecada por cães, era perfeito.”

Ela começou a ter mais trabalho como passeadora e, em 2014, fundou a Whistle & Wag (assobiar e abanar). Em dado momento, chegou a trabalhar 12 horas por dia. Ela conseguiu saldar a dívida estudantil e contratar outros dog walkers.

Hoje, quase três anos após o início da pandemia, ela não consegue dar conta da demanda. Depois de subir os preços —disse a um cliente que cobraria US$ 35 (R$ 180) por passeio— e aceitar dezenas de novos clientes, Lane calcula que recebeu um total de seis dígitos no ano passado.

Ela sente tanta confiança no negócio que comprou uma casa em Tuckerton, Nova Jersey, para passar os fins de semana. “É uma casa de três quartos, tem um quintal e fica de frente para a baía”, diz Lane, que divide com o companheiro um apartamento de dois quartos em Williamsburg, no Brooklyn. “Posso ir ao restaurante que eu quiser quando eu quiser. Posso sair de férias. Quando eu era mais jovem, se alguém tivesse me dito que eu poderia ganhar a vida cuidando de cachorros, eu jamais teria acreditado.”

O momento atual é lucrativo para os dog walkers. Embora buscas em sites de empregos indiquem passeadores principiantes em Manhattan que cobram só US$ 14 (R$ 72) por uma caminhada de 30 minutos, os mais experientes e que têm clientes de alto poder aquisitivo estão cobrando quase três vezes mais e ganhando US$ 100 mil (R$ 514 mil) ou mais por ano.

O mercado dos provedores de atendimento a pets está em alta. Segundo a Sociedade Americana de Prevenção da Crueldade aos Animais, mais de 23 milhões de famílias americanas –quase uma em cada cinco— adquiriram um cão ou gato durante a pandemia. Hoje, com muitos voltando ao trabalho presencial, alguém precisa sair com todos esses animais.

“Antes da pandemia, eu recebia uma ou duas ligações por mês de potenciais clientes novos”, conta Lane. “Hoje são várias por semana. E há muitos filhotes.”

Levar cães para passear, como atividade remunerada era algo que atraía pessoas interessadas em um trabalho regular, mas com flexibilidade de horários para outras atividades. Algo atraente para atores, músicos, redatores, estudantes, aposentados, pais ou mães que ficam em casa e pessoas ainda indecisas em relação ao que querem fazer na vida.

O aumento no número de pessoas com pets, somado ao crescimento do setor, converteu a atividade em algo mais parecido com um negócio. Ele envolve não apenas passeios comuns, mas também serviços mais diferenciados voltados a cachorros que vivem em cidades: caminhadas na natureza, passeios de um dia para fazendas, campos de treinamento e spas.

Uma das pessoas que quer aproveitar o momento é Michael Josephs, 34, do Brooklyn. Ex-professor de alunos com deficiência, depois da escola ele costumava treinar Willy, um mestiço de labrador preto, no Prospect Park. “Depois de três meses eu já podia andar de bicicleta no parque e ele me seguia correndo. As pessoas viam nossa relação e começaram a me pedir para treinar seus cachorros.”

Em 2019 Josephs decidiu deixar seu trabalho de professor para abrir a Parkside Pups. Ele cobra US$ 20 (R$ 102) por uma caminhada de 30 minutos com um grupo de cães. Em um mês já tinha conseguido oito clientes, trabalhando cinco horas por dia para ganhar por volta de US$ 30 mil (R$ 154 mil) por ano.

O movimento parou durante os lockdowns da pandemia em 2020, mas desde então se recuperou. “Em 2022 a gente se deu muito bem”, diz Josephs, que vive em Middletown, Nova Jersey. “Antes, atendíamos principalmente clientes no centro do Brooklyn ou na região do parque. Hoje temos cachorros em bairros onde nunca antes se viam muitos, como Ditmas Park e Windsor Terrace.”

(*) Com informações da Folhapress

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