Em vídeo nas redes sociais, jovem afegã lamenta: ‘Ninguém liga para nós’

Famílias afegãs que viajaram a Cabul dormem em campos nos arredores da capital (Getty Images/BBC)

CABUL —  “Nós não contamos porque nascemos no Afeganistão”. O relato é de uma jovem afegã, que compartilhou seu desespero em um vídeo, divulgado por uma jornalista iraniana, neste fim de semana. No registro, ela questiona o valor da população de seu País em relação ao restante do mundo e diz que as pessoas “vão morrer lentamente na história”. A imagem foi filmada antes mesmo do Talibã retomar o poder no país, nesse domingo, 15.

O vídeo foi divulgado pela jornalista e ativista iraniana Masih Alinejad, que lamentou pelo futuro da jovem. Enquanto chora, a mulher, que não teve sua identidade divulgada, expressa seu sofrimento e desespero pela falta de perspectiva de salvação em meio ao caos no Afeganistão.

“Nós não contamos porque nascemos no Afeganistão. Não posso ajudar chorando, preciso enxugar minhas lágrimas para gravar esse vídeo. Ninguém liga para nós. Vamos morrer lentamente na história. Isso não é engraçado?”, afirma a jovem.

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País tomado

O governo do Afeganistão entrou em colapso, neste domingo, 15, com a fuga do país do presidente, Ashraf Ghani, e a entrada do Talibã na capital, Cabul — marcando, na prática, a volta do grupo fundamentalista ao poder, 20 anos depois de seu regime ser derrubado pela invasão dos Estados Unidos, em outubro de 2001.

Um novo governo ainda não foi formalmente anunciado e ainda há, em tese, negociações com lideranças políticas do Gabinete pró-Ocidente que ficou sem líder com a fuga de Ghani. No entanto, comandantes do Talibã assumiram o controle do palácio presidencial em Cabul e deram entrevista no local, dizendo que estavam garantindo a segurança na cidade para a volta de seus líderes que estão no exílio e fora da capital. O grupo divulgou um comunicado informando que assumiu os postos policiais que foram abandonados pelas forças do antigo governo.

Caos no aeroporto da capital

Ao menos cinco pessoas morreram durante o tumulto no aeroporto de Cabul, nesta segunda-feira, 16, segundo testemunhas, enquanto soldados americanos faziam a segurança do perímetro para acelerar a retirada de seu pessoal diplomático. Centenas de afegãos foram para o aeroporto em busca de voos de fuga.

Não está claro quem são as vítimas ou como elas morreram, mas um funcionário do governo americano disse à Reuters que soldados do país atiraram para o alto para tentar conter pessoas que tentavam embarcar à força em voos militares exclusivos para diplomatas e funcionários da Embaixada dos EUA. O jornal Wall Street Journal fala em três mortes por arma de fogo.

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