Embarcação naufraga e mata ao menos 78 pessoas; incidente mais mortal da Grécia em 2023

Sobrevivente do naufrágio ocorrido próximo à Grécia (Reprodução/Lusa)
Da Revista Cenarium*

ATENAS | AFP – Ao menos 78 pessoas morreram nesta quarta-feira, 14, no naufrágio de uma embarcação com migrantes perto da península de Peloponeso, na Grécia, no incidente mais mortal do tipo registrado pelo País em 2023.

Outras 104 pessoas foram resgatadas e levadas para a cidade de Kalamata, no sul da nação europeia, onde elas recebem atendimento médico — pelo menos quatro estão em estado grave. Não se sabe ao certo quantos migrantes estavam na embarcação, e o número de vítimas ainda pode aumentar.

Segundo a Guarda Costeira da Grécia, a embarcação navegava em direção à Itália e foi avistada em águas internacionais na noite de terça, 13, por uma aeronave da Frontex, a agência de fronteiras da União Europeia. Na ocasião, o barco estava a 80 quilômetros da cidade grega de Pylos, e as pessoas a bordo teriam recusado assistência. Algumas horas depois, a embarcação afundou no mar Jônico.

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As operações de resgate contam com o apoio de um avião e de um helicóptero das Forças Armadas gregas, além de seis embarcações que já estavam na região. Autoridades relatam que as buscas são dificultadas por ventos fortes e o mar revolto. Testemunhas disseram que a maioria das pessoas a bordo era do Egito, da Síria e do Paquistão. Segundo a emissora estatal grega ERT, a embarcação partiu da cidade de Tobruque, na Líbia, e várias vítimas tinham em torno de 20 anos.

O barco de pesca que transportava migrantes e afundou na costa sul da Grécia (Reprodução/Twitter)

A Grécia é uma das principais rotas de entrada na União Europeia para refugiados e migrantes do Oriente Médio, da Ásia e da África. Muitos dos migrantes se arriscam em trajetos próximos às ilhas Cíclades e à região de Peloponeso para evitar as patrulhas no mar Egeu, mais ao norte.

Cerca de 72 mil migrantes chegaram pelo mar, neste ano, à Itália, Espanha, Grécia, Malta e Chipre, segundo dados da ONU. De acordo com a organização, a maior parte desembarcou em território italiano. Muitos, depois, tentam entrar em países mais ricos do continente usando redes de contrabandistas. Nas águas do Mediterrâneo central, mais de 20 mil migrantes morreram ou desapareceram desde 2014, segundo o Projeto de Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações, um braço da ONU.

A Grécia é acusada com frequência de rejeitar a presença de barcos com migrantes. No mês passado, vídeos que vieram à tona mostraram autoridades gregas deixando 12 migrantes africanos, entre os quais crianças, em um bote salva-vidas em alto mar, configurando uma deportação extrajudicial que viola leis internacionais e regras da União Europeia, bloco ao qual o País pertence.

A Grécia se prepara para eleições nacionais previstas para 25 de junho. O atual premiê, Kyriakos Mitsotakis, vem defendendo políticas de migração “duras, mas justas” durante a campanha.

Segundo a Frontex, o número de entradas irregulares em países-membros da UE, em 2022, aumentou 64% em relação ao ano anterior e chegou ao nível mais alto desde 2016, quando a cifra foi pouco superior a 500 mil. De acordo com o órgão, no ano passado foram registradas 330 mil entradas em condições ilegais. Cerca de 10% dessas migrações foram realizadas por mulheres, e 9%, por menores.

Também nesta quarta, um veleiro com 80 migrantes a bordo foi rebocado pela Guarda Costeira grega até o porto de Kaloi Limenes, no sul de Creta. Segundo autoridades, a embarcação “navegava com dificuldades”.

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(*) Com informações da Folhapress
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