Equipe do Ministério da Saúde faz diagnóstico da situação sanitária dos indígenas Yanomami, em Roraima

Criança Yanomami durante atendimento médico (Reprodução)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – Uma equipe do Ministério da Saúde (MS) está nesta quarta-feira, 18, na comunidade Surukuku, na Terra Indígena (TI) Yanomami, em Roraima, para acompanhar e elaborar um levantamento sobre a situação da saúde dos indígenas. De acordo com o MS, essa estratégia é usada para restabelecer o acesso à saúde de qualidade aos povos indígenas, já que a região é assolada pela invasão de garimpeiros ilegais.

Duas equipes técnicas atuam na região. Uma está concentrada na capital Boa Vista, trabalhando com o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami, a Casa de Saúde Indígena (Casai), Secretaria Estadual de Saúde de Roraima e Secretaria Municipal de Saúde de Boa Vista. A outra, chamada equipe de campo, visita os Polos Base de Surucucu e Xitei. Por serem regiões de difícil acesso, a chegada ao local é por via aérea, executada com aeronaves da Força Aérea Brasileira devido à parceria.

Os técnicos estão analisando a situação da saúde, na região, dos atendimentos prestados e insumos disponíveis, para mapear as demandas e necessidades de saúde da população. “Com esses dados, o Ministério da Saúde irá elaborar um diagnóstico completo sobre o território indígena e definir as ações imediatas que precisam ser tomadas para superar a crise sanitária e fortalecer a atenção ofertada pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami”, afirmou em nota o MS.

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Descaso nas aldeias

Para o líder indígena Júnior Hekurari Yanomami, boa parte desse cenário poderia ser revertida com ações mais robustas do governo federal. Ele relembra a foto de uma criança indígena, debilitada e com quadro grave de malária, pneumonia, verminose e desnutrição, publicada por um missionário, no ano passado. Um fiel retrato da falta de assistência e do avanço da fome.

Missionário revela foto de criança com quadro de malária, na Terra Yanomami, com pneumonia, verminose e desnutrição (Centro de Documentação Indígena/Divulgação)

“Aquela imagem mostrada ano passado (…) está na mesma situação [a realidade na Terra Indígena Yanomami]. Nós, indígenas, estamos pedindo. Nós, indígenas, estamos gritando, pedindo socorro. Alguém [precisa] ouvir a nossa voz para salvar a população indígena, a população criança (…) essas crianças precisam ser salvas”, desabafou Júnior Hekurari.

Investigação

Em novembro, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Yoasi, com objetivo de investigar um esquema de desvio de recursos públicos federais do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y), no Estado de Roraima (RR). Yoasi, para os Yanomami, é irmão de Omama e responsável pela morte no mundo.

A investigação policial foi instaurada após o recebimento de um inquérito civil conduzido pelo Ministério Público Federal (MPF), que apurou notícias divulgadas pela imprensa que relatavam a falta de medicamentos para malária e verminoses na Terra Indígena Yanomami. As diligências do MPF identificaram, dentre outras irregularidades, o recebimento do vermífugo albendazol em quantidades inferiores ao adquirido pelo órgão.

As suspeitas são que, apenas 30%, de mais de 90 tipos de medicamentos fornecidos por uma das empresas contratadas pelo DSEI-Y, teriam sido devidamente entregues. Com o apoio de agentes públicos, os recebimentos das entregas seriam fraudados e indicariam o cumprimento integral da contratação.

Apenas em relação ao prejuízo para tratamento de verminoses, o esquema implementado no DSEI-Y teria deixado 10.193 crianças desassistidas, resultando no aumento de infecções e manifestações de formas graves da doença, com crianças expelindo vermes pela boca.

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