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Escritores amazonenses participam da Bienal do Livro em SP: ‘É importante quebrar essa barreira do isolamento regional’
Autores da Amazônia estiveram juntos, pela primeira vez, na 26ª Bienal do Livro de São Paulo, realizada entre os dias 2 e 10 de julho de 2022 (Alessandra Leite/Revista Cenarium)
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08 de julho de 2022
Alessandra Karla Leite – Especial para a Revista Cenarium
São Paulo – Um amplo acervo de obras e autores da Amazônia estiveram juntos, pela primeira vez, na 26ª Bienal do Livro de São Paulo, realizada entre os dias 2 e 10 de julho de 2022. Estar presente na Bienal Internacional do Livro, reconhecida como o maior evento para receber as principais editoras, livrarias e distribuidoras do Brasil, neste momento de reencontro e retomada de atividades presenciais, é um momento de celebração do livro, nas palavras do escritor e poeta Tenório Telles, um dos autores da editora Valer presente no estande do evento, para o lançamento do seu livro em coautoria com Antônio Paulo Graça (in memoriam).
“As bienais na verdade são momentos de celebração do livro, da leitura e da palavra. Essa bienal de São Paulo é ainda mais importante por simbolizar esse momento que estamos atravessando no País, de retomada, das pessoas voltando de alguma forma a conviver. O mercado editorial ressurgindo depois desse período todo de indefinição agravado com a pandemia”, enfatizou Telles.
Um dado considerado importante para a Amazônia e destacado pelo autor, é a presença da editora Valer no evento, por trazer para fora do Amazonas toda a sua produção editorial, seus livros e seus autores mais importantes. “A iniciativa de trazer alguns autores para autografar e dialogar com o público é algo importante no sentido de colocar a Amazônia em destaque, a literatura que se produz em nossa região. A presença desses livros aqui é uma possibilidade de encontrar leitores fora do nosso espaço regional, fora de Manaus, principalmente, e um evento que é uma grande vitrine”, ressalta Tenório.
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Sobre o livro ‘Estudos de Literatura do Amazonas’, o autor explica que se trata de um registro das obras dos escritores que ajudaram a construir essa jornada, essa história no Amazonas. “Minha expectativa é que esse livro termine ajudando a divulgar a produção dos muitos escritores que ajudaram a fazer a literatura da nossa terra, não só os do passado, mas principalmente os do presente, que ainda estão produzindo”, declarou o escritor acrescentando que:
“É importante que a gente consiga quebrar essa barreira do isolamento regional. Nós temos uma literatura tão bonita, com livros tão significativos e os leitores de outras regiões precisam conhecer essa literatura, que é brasileira também, mas infelizmente o tamanho do Brasil e as distâncias acabam criando uma limitação em termos de acesso aos leitores de um modo geral, com relação aos livros da Amazônia, e aos livros dos autores do Amazonas, em particular”, defende.
Visibilidade e partilha com países de Língua Portuguesa
Para o escritor e jornalista Wilson Nogueira, ter a oportunidade de estar na bienal com duas obras “Órfãos das Águas”, em sétima edição e “O Andaluz”, em terceira edição, é uma grande chance de dar visibilidade e levar a literatura da Amazônia para o mundo. “Eu acredito muito nessa ideia dos países de Língua Portuguesa. Nós escrevemos em Língua Portuguesa e acreditamos que podemos chegar em outros países a partir de um ambiente como esse, que também é de divulgação e de negócios, além de uma exposição de livros”, ressalta.
Os lançamentos dos livros de Wilson Nogueira serão realizados no estande da Editora Atma, nesse sábado, 9, às 18h30. Segundo Nogueira, há hoje um esforço dos autores amazonenses no sentido de escrever sobre a Amazônia a partir da perspectiva de uma pessoa que nasceu na Amazônia.
“Esse é o meu propósito, o de trazer essa identidade para a minha forma de narrar também. Quando a gente narra de dentro para fora, é uma outra pegada, uma outra narrativa. Nós estamos mostrando aquele lugar para quem está chegando, que é o leitor. Portanto, eu acredito que estar aqui é um ganho não só pela visibilidade, mas também da versão, de poder contar uma outra história, outra narrativa, uma nova forma de narrar, com uma gramática e com palavras próprias”, observa.
O autor acredita que a “sobrevivência” de suas obras por tanto tempo, se dá principalmente pela atualidade dos temas, com a proposta de um novo mundo. “Um mundo a partir da construção de um mundo que nós precisamos salvar não só para nós, mas para todas as formas de vida. A Amazônia não é importante apenas para os seres humanos, mas para todos os seres vivos. Nós vivemos em ecossistemas de vida, onde um depende do outro. Essa é a mensagem que tento passar no livro”, finaliza.
Desafio de apresentar a editora fora do AM
Para a escritora, filósofa e coordenadora editorial da Valer, Neiza Teixeira, além do desafio inerente a estar na Bienal de São Paulo, a presença no evento significa a apresentação da editora para além das fronteiras do Norte. “É de fato dizer que nós existimos e existimos há muito tempo, temos muitas boas obras e muitos bons autores. Essa é a nossa intenção. E estamos aprendendo com os mais experientes em bienais do livro que temos amplas possibilidades com nossas obras e nossos autores aqui no Sudeste do Brasil”, comemora.
Neiza menciona também o privilégio de lançar a sua obra “Para Aquém ou para Além de Nós” em terceira edição, nesta bienal histórica. “Está sendo uma experiência muito boa. Contei com a presença de alguns escritores e jornalistas. É uma apresentação para que todos saibam quem são nossos autores e quais são as nossas obras. Na próxima bienal estaremos aqui utilizando o aprendizado dessa nossa primeira participação. Não só aqui como em outras grandes feiras”, ressalta a autora.
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