Ex-presidente Trump e 18 aliados tornam-se réus pela quarta vez em nova acusação

Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos (Reprodução/Internet)
Da Revista Cenarium Amazônia*

MANAUS (AM) – Apenas duas semanas depois de ser denunciado por tentar reverter sua derrota nas eleições de 2020, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump tornou-se réu mais uma vez nesta segunda-feira (14). Trata-se do quarto processo criminal ao qual o republicano responde.

Além de Trump, mais 18 aliados foram acusados na mesma ação, fruto de uma investigação iniciada em fevereiro de 2021, como o advogado e ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani e o ex-chefe de gabinete Mark Meadows. Entre os crimes supostamente cometidos, o primeiro listado pela Procuradoria é a violação de uma legislação estadual usada contra o crime organizado, conhecida pela sigla Rico.

A nova acusação, divulgada no final da noite, diz respeito às tentativas de Trump de interferir no resultado eleitoral da Geórgia, onde ele foi derrotado por Joe Biden por uma diferença de 0,02 ponto percentual.

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Comitê da Câmara dos EUA ouve gravação de conversa telefônica em que Donald Trump pede ao secretário de Estado Brad Raffensperger, da Geórgia, para computar votos a mais para ele
Comitê da Câmara dos EUA ouve gravação de conversa telefônica em que Donald Trump pede ao secretário de Estado Brad Raffensperger, da Geórgia, para computar votos a mais para ele – Tom Brenner – 21.jun.22/Reuters

“Veja, tudo o que quero é isso: encontrar 11.780 votos, um a mais do que temos [de diferença]. Porque nós ganhamos a Geórgia”, afirmou o republicano na hoje famosa ligação à principal autoridade eleitoral local, o secretário de Estado Brad Raffensperger. A gravação da conversa veio a público em janeiro de 2021.

“Bem, sr. presidente, o desafio que o senhor tem é que os dados que o senhor tem estão errados”, respondeu o secretário. O número pedido por Trump era o necessário para que ele ultrapassasse Biden no estado-pêndulo, como são chamados aqueles cuja preferência oscila entre democratas e republicanos.

O ex-presidente e seus aliados também afirmaram diversas vezes, sem provas, ter havido fraude eleitoral no estado. Em uma postagem publicada no então Twitter, hoje X, em 1º de dezembro de 2020, Trump pediu que o governador da Geórgia, o também republicano Brian Kemp, “fizesse algo” e cancelasse a eleição. “Você permitiu que o seu estado fosse enganado”, escreveu ele na rede social.

São listadas 13 acusações contra Trump, entre as quais a de violar a Rico, solicitar a um oficial público que violasse seu juramento, conspirar para se passar por um oficial público, conspirar para cometer falsificação de primeiro grau e conspirar para apresentar documentos falsos. Considerando todos os 19 réus do processo divulgado nesta segunda-feira, são 41 acusações no total.

“O réu Donald John Trump perdeu a eleição presidencial em 3 de novembro de 2020. Um dos estados no qual ele perdeu foi a Geórgia. Trump e os outros réus denunciados se negaram a aceitar que ele perdeu e conscientemente e voluntariamente se engajaram numa conspiração para mudar ilegalmente o resultado da eleição em favor de Trump”, afirma a Procuradoria na introdução do documento de 98 páginas.

O teor tem semelhanças com a acusação divulgada no início de agosto, que também afirma que o republicano buscou interferir na eleição. No entanto, a denúncia anterior tem escopo nacional e corre na Justiça Federal. Já a apresentada nesta segunda diz respeito só à Geórgia e corre na Justiça estadual.

A maior diferença em termos práticos é que, caso seja condenado, Trump não pode conceder um perdão presidencial a si mesmo se voltar à Casa Branca –o dispositivo não vale para sentenças estaduais.

Por outro lado, como não há instrumento similar à Lei da Ficha Limpa nos EUA, as ações lideradas pela procuradora Fani T. Willis não afetam a tentativa de Trump de concorrer à Presidência.

O republicano tornou-se réu pela primeira vez em abril, num caso que corre na Justiça de Nova York que investiga a compra do silêncio de uma atriz pornô na campanha de 2016. Em junho, houve a segunda acusação, esta pela Justiça federal, por ter guardado consigo papéis secretos após deixar a Casa Branca.

A terceira acusação, também da Justiça federal, é considerada a mais grave até agora, porque envolve supostos crimes cometidos por Trump quando ele ainda era presidente. Tão importante quanto isso, as violações creditadas a ele nesse caso versam sobre o desrespeito a princípios básicos da democracia: o direito ao voto e o cumprimento do resultado das urnas por parte de todos os candidatos envolvidos.

Ele afirma ser inocente em todas as ações e estar sendo perseguido politicamente. Em um post na rede Truth Social, da qual é proprietário, durante a tarde de segunda, Trump disse que “gostaria que alguém dissesse, por favor, ao grande júri do condado de Fulton que eu não interferi nas eleições”.

Também disse que Willis é “falsa” e “permitiu de modo chocante que Atlanta [capital da Geórgia] se tornasse uma das cidades mais perigosas em qualquer lugar do mundo”. “Ela só quer ‘pegar o Trump’.”

Em nota divulgada pela campanha à noite, o republicano voltou a atacar a procuradora, chamando-a de “democrata radical” e “partidária fanática”. “Willis estrategicamente atrasou sua investigação para tentar interferir ao máximo na corrida presidencial de 2024 e prejudicar a campanha dominante de Trump. Todas essas tentativas corruptas dos democratas falharão”, afirma o texto do comunicado.

Durante entrevista a jornalistas concedida após a divulgação das acusações, a procuradora afirmou que “a lei não tem partido”. Segundo ela, os acusados têm até dia 25 de agosto para se apresentar à Justiça.

(*) Com informações da Folhapress

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