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Ferido no olho por zagaia, boto pode ter sido vítima de caça ilegal, diz Ibama
Boto em contato com humanos (Reprodução/Divulgação)
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27 de maio de 2023
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – Após viralizar nas redes sociais e ter causado comoção devido a um ferimento no olho, o boto cor-de-rosa Curumim, animal que habita a região do Parque Nacional de Anavilhanas, em Novo Airão (distante 195 quilômetros de Manaus), deverá receber os cuidados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). É o que declarou o presidente do órgão, Joel Araújo, à REVISTA CENARIUM. O Ibama também irá apurar, junto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), quem tentou caçar o animal.
O gestor do Ibama no Amazonas analisou as imagens que chegaram via redes sociais. “Pelas características, ele foi arpoado no olho provavelmente por uma zagaia (espécie de arpão com tridente utilizado para capturar peixes grandes, como o pirarucu, por exemplo) e esse tipo de método me diz que ele foi alvo da procura de caçadores”, avaliou Joel. “Mas não posso afirmar com todo certeza porque o que temos é o que nos chegou via redes sociais. Vamos investigar para chegar a uma conclusão”, adiantou.
Joel Araújo também destacou a competência dos agentes envolvidos para elucidar a agressão ao boto Curumim. “Quando falo que vamos investigar, é porque teremos que ter a participação do Instituto de ICMbio, já que aquela área é um parque de conservação e de proteção federal, o que não quer dizer que o Estado do Amazonas não tenho prerrogativas também; por isso, é preciso a participação do Ipaam e nossa, do Ibama”, explicou.
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Cultura
O superintendente do órgão acredita que o infrator tentou caçar o Curumim porque o boto faz parte de uma cultura medicinal e mística que ainda persiste na região amazônica. “O grau de lesão no olho ainda não temos como aferir, mas isso é provavelmente caça ilegal, pelo boto ser cercado de crenças que vão da medicina popular às questões de mitos sexuais, sem falar que ele é usado como isca para capturar outras espécies, como a piracatinga, e isso o torna uma animal muito predado na natureza”, lamentou.
Os próximos passos serão no sentido de elucidar o crime, explicou Joel Araújo. “Estamos nos organizando com os parceiros Ipaam e ICMBio para irmos ao local e de lá vamos informar a todos sobre a situação. Em princípio vamos dando suporte e lá vamos saber se foi feito boletim de ocorrência pela secretaria municipal de meio ambiente e, com bases nesses dados, vamos imputar alguém por maus-tratos ou caça do animal”, detalhou. “O passo seguinte será trazer o animal para tratamento em Manaus”, finalizou.
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