Festival Brasil é Terra Indígena sedia série de debates sobre preservação das florestas

Mesa de discussão do Festival Brasil é Terra Indígena realizado em Brasília (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Da Revista Cenarium Amazônia*

BRASÍLIA (DF) – O Festival Brasil é Terra Indígena, iniciado na quarta-feira, 13, em Brasília, sediou uma série de debates e celebrou a importância dos povos originários para o Brasil e o mundo. Entre os temas levantados, esteve em destaque a preservação das florestas.

Na mesa “Questões Climáticas, o que é isso?”, nesta quinta-feira, 14, a mediadora, secretária substituta de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas do Ministério dos Povos indígenas, Joziléia Kaingang, apresentou dados divulgados pelas Nações Unidas que mostram o tamanho da importância dos povos originários. “As populações indígenas representam 5% da população do planeta e é responsável pela manutenção de 80% da biodiversidade”, pontuou a secretária. “Nós, povos indígenas, somos responsáveis por frear o aquecimento global”, acrescentou.

Mesa de debate ‘Questões climáticas, o que é isso?’. Participantes, da esquerda para a direita, Jozileia Kaingang, Suliete Baré, Conceição Amorim e Beka Munduruku (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

O deputado distrital Max Maciel (Psol-DF) defendeu que as forças de quem preserva e de quem prejudica são desproporcionais. “Enquanto o agronegócio tem muitas isenções e apoios financeiros bilionários, vemos extrema dificuldade até para pagarmos a passagem para alguém participar de um debate como este”, resumiu. A mediação do debate ficou a cargo da secretária substituta de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas do Ministério dos Povos indígenas, Joziléia Kaingang, que iniciou a mesa apresentando dados.

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Impacto

Comunicadora da Mídia Indígena e integrante do Coletivo Daje Kapap Eypi, Beka Munduruku disse que, mesmo com todo o esforço por preservar suas terras, o povo Munduruku, do Tapajós, tem visto, cada vez mais, seu território ser afetado por alagamentos e destruição.

O deputado Max Maciel fala da dificuldade que os indígenas têm para defender os interesses ambientais (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

“Falamos muito em proteger a Amazônia e a floresta, mas pouco em proteger os indígenas e o território de nossa futura geração. Tanto nossas aldeias como nossos territórios sagrados. Isso afeta o meu futuro e o dos demais jovens”, disse a Munduruku.

A coordenadora-geral de Enfrentamento à Crise Climática do Ministério dos Povos Indígenas, Suliete Baré, acrescentou que praticamente todos os territórios indígenas já estão com problemas por conta das mudanças climáticas. “Somos os que mais protegem nossos territórios. Mas somos também os mais afetados. Seja pelas secas, seja pelas enchentes fora de época”, alertou.

Suliete Baré destaca que praticamente todos os territórios indígenas já foram impactados pelas mudanças climáticas (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

A coordenadora do Centro de Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo, Conceição Amorim, enfatiza que só quem mora perto das comunidades indígenas sabe o que se passa por elas “para enfrentar os desmatadores”.

Mobilizações

Conceição Amorim, que também é assistente social e professora no Maranhão, explica que são muitas as frentes de desmatamento e de empreendimentos prejudiciais à floresta e ao meio ambiente. “Era para ter milhões de pessoas contra decisões como a de explorar petróleo na Amazônia”, ressaltou, referindo-se ao leilão feito nesta semana pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para 38 blocos exploratórios de 11 bacias sedimentares, inclusive, na região amazônica.

A assistente social e professora Conceição Amorim participa da mesa de debate ‘Questões climáticas, o que é isso?’ (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

“Se não houver grandes mobilizações de impacto e de enfrentamento político – e, por meio delas, darmos o nome a quem destrói o planeta –, nós não vamos avançar. Precisamos desmascarar o agronegócio e os empreendimentos que fazem isso. É uma luta desproporcional, pelo tamanho que esses grandes empreendimentos têm. Há, no Brasil, mais bois do que gente”, acrescentou.

Ao final do debate, Max Maciel disse perceber, nas pessoas, “cansaço por tantas lutas, tantos lutos, tantas plenárias e falas”. 

Filme

O festival apresentará, nesta quinta, o filme Desintrusão na TI Alto Rio Guamá, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A trama retrata todo o processo de negociação para a saída dos ocupantes ilegais deste território indígena, com base em relatos de agentes do Estado, indígenas e não indígenas – entre eles, pequenos agricultores e grandes desmatadores.

Após o lançamento no festival, o filme, de 36 minutos, ficará disponível nos canais do YouTube da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República e da EBC.

Leia mais: Festival Kariwa Bacana vai promover encontro da música indígena contemporânea em Manaus
(*) Com informações da Agência Brasil
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