Festival do Orgulho LGBTQIAPN+ na Geórgia é invadido por vândalos; evento foi cancelado

Grupo de invasores que entrou em conflito com a polícia (Irakli Gedenidze/Reuters)
Da Revista Cenarium*

SÃO PAULO – Um grupo de cerca de 2 mil pessoas invadiu o Festival do Orgulho LGBTQIAPN+ na capital da Geórgia, Tbilisi, nesse sábado, 8, vandalizando o espaço do evento, que teve de ser cancelado. Não há relatos de feridos.

Grupo de invasores, formado por homens vestidos de preto carregando a bandeira da Geórgia, entra em conflito com a polícia
Grupo de invasores que entrou em conflito com a polícia (Irakli Gedenidze/Reuters)

Os invasores agitavam bandeiras da Geórgia e carregavam símbolos religiosos – o País tem uma maioria religiosa de cristãos ortodoxos. Alexander Darakhvelidze, vice-ministro do Interior, afirmou que o evento era difícil de ser policiado por sua estrutura aberta. “Conseguimos tirar os participantes e organizadores do evento“, disse ele a repórteres. “Ninguém se feriu, e a polícia está tomando as medidas necessárias“.

A diretora do Tbilisi Pride confirmou à agência de notícias Reuters que todos os participantes foram levados a um local seguro, mas criticou a forma com a qual as autoridades fizeram a segurança do evento – que, segundo ela, foi realizado em local privado pelo segundo ano seguido por questões de segurança.

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Mariam Kvaratskhelia afirmou que grupos de extrema-direita vinham incitando publicamente a violência contra ativistas LGBTQIAPN+ nos últimos dias e que a polícia e o Ministério do Interior se recusaram a investigar esses episódios. A Geórgia quer fazer parte da União Europeia (UE), mas o partido governista Georgian Dream enfrenta críticas de grupos de direitos humanos e da UE por episódios apontados como autoritários.

Manifestantes exibem cartazes e bandeira da União Europeia em protesto contra a lei de 'agentes estrangeiros' na capital da Geórgia, Tbilisi
Manifestantes exibem cartazes e bandeira da União Europeia em protesto contra a lei de ‘agentes estrangeiros’ na capital da Geórgia (Reprodução/AFP)

Após violentos protestos em março, a sigla retirou um projeto de lei que exigiria de ONGs com mais de 20% de seu financiamento no exterior a se registrarem como “agentes de influência estrangeira”. Críticos afirmam que a ideia se parece com a legislação russa, que afeta não só ONGs, mas também a mídia.

Apesar de a Geórgia ter aprovado leis contra discriminação e crimes de ódio, grupos de direitos LGBTQIAPN+ afirmam que não há proteção adequada a essa comunidade. Há dois anos, jornalistas foram espancados durante ataques ao Festival do Orgulho LGBT+ em Tbilisi. Um deles, o cinegrafista Alexander Lashkarava, foi encontrado morto em sua casa, posteriormente, provocando uma onda de protestos na capital do País.

A Geórgia, uma pequena ex-república soviética, também tem a intenção de integrar a Otan, aliança militar ocidental liderada pelos EUA, e mantém uma relação com a Rússia marcada por ambiguidades. Sua população, por outro lado, é fortemente contra a política do País de Vladimir Putin.

(*) Com informações da Folhapress
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