Filme retrata diálogo entre lideranças indígenas e o governo
Fórum de Lideranças foi realizado em Maturacá, no Amazonas, de 10 a 14 de julho. (Reprodução)
*Da Revista Cenarium Amazônia
“Eu chamo vocês, eu convido vocês, juntos vamos cuidar da Terra”, diz o xamã e liderança do povo Yanomami Davi Kopenawa no filme do IV Fórum de Lideranças Yanomami e Ye´Kwana. O curta documental estreou nos canais de comunicação da Hutukara Associação Yanomami (HAY) nesta quarta-feira (04/10) e narra as demandas feitas pelos Yanomami e Ye’kwana para o governo federal.
O Fórum de Lideranças é uma grande assembleia para tomadas de decisões coletivas dos povos da maior Terra Indígena do Brasil. O evento ocorre anualmente desde 2019 e neste ano foi realizado em Maturacá, no Amazonas, de 10 a 14 de julho.
“Essa semana é muito importante para todos nós Yanomami do Amazonas e de Roraima. Todas as associações estão se encontrando junto com as lideranças”, afirma José Mário, ex-presidente da Associação Yanomami do rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA) na abertura do filme.
Ao todo, dez associações e mais de 300 lideranças estiveram presentes no evento. Pela primeira vez, o Fórum contou com a participação de representantes do governo federal, que fez uma ampla escuta guiada pelo Protocolo de Consulta Yanomami e Ye’kwana, documento elaborado pelos próprios indígenas. Tudo foi registrado pelos cineastas Cassandra Melo e Fred Rahal, que assinam o curta com quase dez minutos de duração.
“Por que fizemos este protocolo de consulta? De que forma queremos ser consultados? Quem vai nos consultar e quem vai responder em nome da Terra Indígena? Uma pessoa só? Só um presidente de associação? Só uma liderança? Então eu acho que é um papel muito importante que estamos fazendo no Fórum de Lideranças”, refletiu o diretor da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Maurício Ye’Kwana.
Entre os membros do governo federal presentes, estavam a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e a ministra de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva.
Garimpo
A Terra Indígena Yanomami sofre com a invasão de garimpeiros, que se intensificou nos últimos seis anos. No início de seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou uma operação emergencial de saúde e de desmonte dos garimpos ilegais, além da retirada dos invasores.
“A Terra Indígena Yanomami continua sangrando, porque os garimpeiros continuam rasgando as nossas comunidades. O governo está dizendo que acabou, mas ainda não acabou os garimpeiros”, alertou Junior Hekurari Yanomami, presidente da Urihi Associação Yanomami.
Além da HAY, Ayrca e Urihi, também estavam presentes a Associação de Mulheres Yanomami Kumirayoma (Amyk), a Associação Ye’kwana Wanasseduume (Seduume), a Associação Kurikama Yanomami (AKY), a Associação Xoromawë, Associação Parawamɨ, a Associação Sanöma Ypassali e a Associação Ninam Texoli (Taner).
Juntas, as associações escreveram uma carta resumindo os temas discutidos durante o Fórum. Entre os temas estão proteção territorial, saúde, educação e segurança alimentar.
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