Fotógrafo brasileiro vence prêmio regional do World Press Photo com série sobre a Amazônia

Jasson Oliveira do Nascimento, morador da Reserva Extrativista Arapixi, no Amazonas, corta a vegetação para abrir caminho para a canoa em igarapé que leva ao Projeto de Assentamento Extrativista Antimary, onde coletam castanhas (Lalo de Almeida/Folhapress)

Com informações da Folha de S. Paulo

SÃO PAULO – O fotojornalista brasileiro Lalo de Almeida venceu a categoria regional de projeto de longa duração do World Press Photo, a mais prestigiosa premiação de fotojornalismo do mundo, por seu trabalho na Amazônia.

Neste ano, o prêmio alterou a configuração do concurso anual e o seu julgamento e dividiu a premiação em duas etapas. Nesta quinta-feira, 24, foram divulgados os vencedores regionais, de 23 países, e no dia 7 de abril serão anunciados os quatro vencedores globais.

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O projeto premiado foi o ‘Distopia Amazônica’, escolhido como destaque entre os profissionais da América do Sul. O trabalho documenta a ocupação da Amazônia e o seu impacto na floresta e nos habitantes da região. As imagens foram publicadas pela Folha de S. Paulo na série Amazônia sob Bolsonaro.

As reportagens da série, que começaram a ser publicadas em 2020, contam os desafios para manter a floresta em pé, abordando temas como desmatamento, garimpo ilegal e comunidades quilombolas.

A maior parte do trabalho foi feita em parceria com outros dois repórteres, Fabiano Maisonnave e Marcelo Leite, e contou com o financiamento de Rainforest Foundation Norway e Climate Home News.

“Fiquei muito feliz de ganhar este prêmio porque é o reconhecimento de um trabalho que eu venho realizando há mais de dez anos e que começou acompanhando o processo de construção da hidrelétrica de Belo Monte, na região de Altamira”, conta Lalo de Almeida.

Para ele, levar a questão da Amazônia para uma audiência global, neste momento em que a floresta se vê ameaçada pelo atual governo é de extrema importância.

“Obviamente, o projeto mostra que a questão da ocupação predatória da Amazônia não começou no governo Bolsonaro. É um processo histórico que vem dos tempos coloniais até os dias de hoje. Agora ela entrou em outro nível de ameaça com o atual governo”, diz.

Segundo Lalo, o projeto ‘Distopia Amazônica’ é de longa duração e não tem data para acabar. “Vou continuar fotografando a Amazônia enquanto eu tiver energia”.

Meninas Pirahã observam motoristas que passam pela rodovia Transamazônica e esperam receber doações de lanches e refrigerantes (Lalo Almeida/Folhapress)

De acordo com o júri do prêmio, o projeto retrata a realidade social, política e ambiental do Brasil sob a presidência de Jair Bolsonaro (PL). “A linguagem visual de causa e efeito é bem equilibrada. Cada imagem é intencional e impactante, contribuindo para uma coleção de testemunhos que expõem os efeitos multifacetados da destruição de terras e pilhagem de recursos naturais vivenciados pelas comunidades brasileiras”, escreve o júri.

No ano passado, o fotógrafo já havia ganhado a categoria Meio Ambiente, do World Press Photo, com um trabalho sobre o Pantanal.

A série premiada, que ao longo de meses, em 2020, retratou a destruição do Pantanal, provocada pelo fogo, foi feita em parceria com o repórter Fabiano Maisonnave e ganhou força com o retrato de um bugio ajoelhado e carbonizado no meio de uma mata devastada.

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