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Governo federal recebe dados sobre desmatamentos, mas vai esperar a COP27 terminar para divulgá-lo
Desmatamento na Floresta Amazônica (Reprodução)
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13 de novembro de 2022
Da Revista Cenarium (*)
MANAUS — O governo federal já recebeu do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) o dado anual do desmatamento na Amazônia, consolidado pelo sistema Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia por Satélite (Prodes). No entanto, o resultado não deve ser divulgado enquanto o País participa da COP27, a conferência do clima da ONU, que vai até o dia 18, no Egito.
A Folha apurou que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) prevê divulgar o dado sobre o desmatamento no final do mês, a partir do dia 28, até no máximo 2 de dezembro.
Não é a primeira vez que o governo de Jair Bolsonaro evita divulgar os dados de desmatamento em uma COP do clima-tradição que vinha sendo mantida desde 2005 pelos governos brasileiros.
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Em 2021, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, defendeu ao longo da COP26 (realizada na Escócia) que o desmatamento na Amazônia apresentava tendência de baixa, usando dados dos últimos meses do Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real).
Embora tivesse o dado anual do Prodes disponível desde o dia 27 de outubro daquele ano, o governo segurou a divulgação do número. O resultado só foi revelado após uma nota do sindicato dos servidores públicos federais do setor aeroespacial (SindCT) ter afirmado que a informação já estava disponível há quase um mês.
O sistema Deter, que emite alertas diários de desmatamento no bioma, já indica recordes a cada mês ao longo do ano, indicando mais uma possível alta do Prodes em relação ao ano anterior, afirma o engenheiro florestal e coordenador do Mapbiomas, Tasso Azevedo.
Não é possível, no entanto, fazer uma comparação direta entre os dados dos sistemas, já que há constante aprimoramento do Deter, mudando a relação com os resultados do Prodes, ainda segundo Azevedo. “Mas o fato de não se publicar agora é sinal de que vem um número ruim”, avalia.
Se a alta for confirmada, será a primeira vez desde o início das medições (em 1988) que ocorrem quatro altas consecutivas na taxa de desmatamento da Amazônia. O resultado deve consolidar também o salto de patamar em relação à média mantida antes do governo Bolsonaro.
O desmatamento saltou de uma média de 7.000 km² —mantida entre 2015 e 2018, em uma média simples dos dados do sistema Prodes, produzido pelo Inpe— para mais de 10 mil km² em 2019, subindo novamente para 10,9 mil km² em 2020 e para 13,2 mil km² em 2021.
Segundo o secretário de Amazônia e serviços ambientais do Ministério do Meio Ambiente, Marcelo Freire, a pasta não tem nenhuma ingerência sobre o dado ou sua divulgação. Procurado por email, o MCTI não respondeu à reportagem.
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