Heineken anuncia saída da Zona Franca de Manaus para o interior de São Paulo

Garrafas de cerveja da Heineken (Reprodução)

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS — Mais uma empresa do polo de concentrados anunciou que irá deixar a Zona Franca de Manaus (ZFM). A Heineken emitiu um comunicado nesta sexta-feira, 4, informando que vai transferir a unidade de concentrados para a cidade de Itu, no interior de São Paulo, onde também é produzido o portfólio de bebidas não alcoólicas da empresa, atualmente representado pelas marcas FYs, Itubaína, Viva Schin, Skinka e Água Schin.

A saída da Heineken de Manaus ocorre no momento de grande insegurança para as empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM). Há uma semana, foi publicado o decreto, assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que reduziu o Imposto de Produto Industrializado (IPI). A medida traz grandes riscos ao PIM.

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No comunicado enviado à imprensa, o grupo Heineken informou que a realocação deve “otimizar a produção, aumentar a eficiência de toda a cadeia envolvida nesse processo, reduzir sua emissão de carbono e ainda acelerar a chegada dos produtos aos pontos de venda, tornando-se ainda mais competitiva e alinhada às dinâmicas do mercado”.

“O Grupo Heineken reafirma sua aposta e confiança no mercado brasileiro, onde tem buscado crescer de forma respeitosa e sustentável, e agradece toda a comunidade de Manaus e do Estado do Amazonas pelo acolhimento durante todos esses anos de operação local”, diz ainda a nota.

Redução de embalagens plásticas

Questionada pela CENARIUM se a saída ocorreu por conta do novo decreto presidencial que diminuiu a competitividade das empresas da Zona Franca de Manaus, a empresa informou que a mudança faz parte da ampliação da empresa no País.

“A decisão de transferir a operação de Manaus para Itu integra o plano de crescimento da companhia e de ampliação dos esforços dentro da agenda de ESG, como o de reduzir em 80% o volume de embalagens plásticas até 2025, movimento iniciado em junho de 2021. Por conta dessa decisão e de um longo estudo, a empresa decidiu por absorver toda a produção para a operação em Itu, o que nos permitirá ganhar em eficiência, em agilidade de transporte dos produtos para os pontos de venda e ainda reduzirá a emissão de carbono de transporte logístico”, acrescentou no documento divulgado nesta sexta-feira, 4.

Funcionários

O grupo Heineken informou que a empresa está em processo de negociação com o sindicato que representa os 18 funcionários que atuam na planta da empresa em Manaus.

“Atualmente, o Grupo Heineken emprega cerca de 18 funcionários na unidade de Manaus, que são elegíveis ao pacote de desligamento negociado com o Sindicato. A empresa está em negociação com a liderança do sindicato local para finalizar o plano de transferência desta planta. O respeito e o cuidado com as pessoas seguem sendo nossa prioridade. Por isso, estamos oferecendo aos colaboradores um pacote de desligamento competitivo, além de suporte para recolocação profissional em outras unidade da Companhia ou em empresas da própria região”, informou a empresa.

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Pepsico

No final de 2018, outra grande empresa do setor de concentrados deixava o Polo Industrial de Manaus (PIM). A decisão da Pepsico ocorreu meses depois do governo federal mudar a taxação do IPI das companhias de refrigerante instaladas na Zona Franca de Manaus.

As empresas pagavam alíquota de 20%, porém, o índice foi reduzido para 4% para bancar os subsídios do óleo prometidos para encerrar a greve dos caminhoneiros. Na época, o governo Temer anunciou a mudança em maio e a reverteu em setembro. A ação foi feita depois da pressão de diversas empresas do ramo, entre elas o Grupo Coca Cola, que ameaçaram deixar a região.

Redução do IPI

A redução do IPI afeta diretamente os produtos importados e produzidos no Polo Industrial. A medida causou insegurança nos empresários e nos trabalhadores que temem perder os empregos.

A redução do IPI já havia sido anunciada pelo ministro Paulo Guedes, no último dia 22 de fevereiro. Segundo ele, essa seria uma medida para conter o aumento de preços generalizados e impulsionar o aumento da indústria.

O objetivo da medida é estimular a economia, mas exigirá uma renúncia fiscal, ou seja, o governo deixará de arrecadar, segundo o Palácio do Planalto, R$ 19,5 bilhões, somente neste ano.

O IPI incide sobre os produtos industrializados, e o valor costuma ser repassado ao consumidor no preço final das mercadorias. O imposto possui várias alíquotas, que variam, em sua maior parte, de zero a 30%, mas que podem chegar a 300% no caso de produtos nocivos à saúde.

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