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Ingestão de peixes contaminados pode causar ‘doença da urina preta’
Doença está associada ao consumo de peixes (Reprodução/ Ulrike Leone/ Pixabay)
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05 de março de 2021
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – A ingestão de peixes contaminados por uma toxina pode causar a síndrome “doença da urina preta”, como é popularmente conhecida a Síndrome de Haff. Em entrevista à REVISTA CENARIUM, nesta sexta-feira, 5, o biomédico Odem Lopes ressalta que a patologia, apesar de rara, está relacionada com a má conservação e cozimento dos alimentos.
“Os peixes que podem transmitir a síndrome ainda são desconhecidos. Mas sabe-se que essa patologia acontece sazonalmente no Brasil e sofre influência do clima, ambiente e temperatura. Associado ao mal preparo e cozimento indevido, a síndrome é manifestada”, salientou o pesquisador Odem Lopes.
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O alerta surge após o caso da veterinária Pryscila Andrade, de 31 anos, que morreu em Recife, capital do Pernambuco, após a ingestão de um peixe da espécie arabaiana. Segundo o biomédico, ainda não há comprovação científica de como a contaminação ocorre. No entanto, Lopes assinalou que a hipótese mais aceita é de que a infecção ocorre pela ingestão de algas marinhas consumidas pelo pescado.
“Até o momento, somente algumas espécies de peixes foram identificadas como fonte desta patologia e o peixe identificado como olho-de-boi foi o principal associado à síndrome, embora pacientes que não tiveram contato com este peixe também tenham sido diagnosticados. De acordo com os estudos mais recentes, não existem evidências que possam diferenciar o peixe saudável do contaminado, não havendo como saber a olho nu se o peixe está ou não infectado”, ponderou.
O peixe da espécie arabaiana, também conhecido como olho-de-boi, foi o mesmo ingerido pela veterinária pernambucana. Além da espécie, estudos indicam que a doença pode ser desencadeada, também, após o consumo de tambaqui, badejo, pacu-manteiga e pirapitinga.
Urina preta
A Doença de Haff é uma condição considerada rara e ainda sem causa determinada, caracterizada pela ocorrência de rabdomiólise nas 24 horas seguintes ao consumo de peixe contaminado por uma toxina, capaz de degradar os músculos. Pacientes com a enfermidade costumam apresentar uma urina preta.
Segundo Odem Lopes, a toxina liberada pelo peixe age diretamente nos rins, causando a má filtração dos componentes sanguíneos e acometendo o paciente a uma ‘cascata’ de patologias que, se não forem tratadas, podem levar a óbito.
“Os sintomas são apresentados poucas horas após o consumo da carne contaminada e se apresentam na forma de náuseas, vômitos, diarreia, febre, vermelhidão na pele, falta de ar, dormência no corpo e insuficiência renal”, finalizou.
Tambaqui
Em Manaus, dois casos foram registrados em 2016. De acordo com o artigo publicado no Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, pacientes do sexo masculino foram admitidos em um hospital público da capital com quadros similares de mialgia súbita e intensa em toda extensão corporal, associada à fraqueza, sensação de formigamento de membros inferiores e urina preta, iniciados cerca de 8 horas após a ingestão de tambaqui (Colossoma macropomum).
À época, segundo o artigo, os pacientes apresentavam sinais vitais normais e não possuíam fatores de risco clássicos para rabdomiólise. Testes para leptospirose, hepatite A e B foram negativos. Após receberem hidratação e medicações, receberam alta assintomáticos e com os marcadores de lesão muscular dentro da normalidade.
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