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Cientistas lamentam morte de pesquisador do Inpa, Wanderli Pedro Tadei: ‘Um amigo e uma referência’
Wanderli Tadei viveu os últimos dias na cidade São José do Rio Preto, em São Paulo, onde tratava da saúde (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
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11 de maio de 2021
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – Aos 74 anos, morreu nesta terça-feira, 11, o pesquisador titular e coordenador do Laboratório de Malária e Dengue do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Wanderli Pedro Tadei, conhecido pelo vasto conhecimento de mosquitos de águas barrentas e negras. Entidades e amigos cientistas lamentaram a morte do estudioso, que viveu os últimos dias na cidade de São José do Rio Preto, em São Paulo.
Para o médico da Fundação de Medicina Tropical e pesquisador da Fundação Oswald Cruz (Fiocruz-AM), Marcus Lacerda, a morte do amigo foi uma perda inestimável. “Foi um grande amigo, organizamos vários eventos juntos sobre malária. Acho que foi uma grande referência entre os pesquisadores de malária aqui no Brasil também”, disse o médico à REVISTA CENARIUM.
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Lacerda lembrou ainda da atuação profissional do amigo e companheiro cientista. “O doutor Wanderli Tadei foi mais do que um amigo, foi uma pessoa que trocou o interior de São Paulo pela Amazônia. Dedicou décadas da sua vida em ensinar entomologia médica. Lá no Inpa, ele formou uma grande geração de pessoas. Foi alguém extremamente importante em estudos de impactos ambiental e direcionamento de grandes obras, em especial aquelas coordenadas pela Petrobras, por exemplo, no nosso Estado”, declarou Lacerda.
Tadei fez aniversário no último dia 25 março, mas, conforme a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), o pesquisador apresentava um estado de saúde delicado e ele seguia em tratamento em sua cidade natal junto à família. Em nota, o Inpa esclareceu ainda que o especialista estava afastado das funções há um ano para tratamento de saúde, contudo, a causa da morte não foi divulgada.
Em uma publicação no Twitter, Lacerda escreveu para o amigo: “Hoje perdemos um amigo e um malariólogo: Wanderli Pedro Tadei. O homem calmo, conciliador e que tanto nos ensinou sobre os mosquitos de águas barrentas e de águas claras. Perde o Inpa, perde a malária, perde o Brasil. Seguimos com as baixas”, disse em uma publicação no Twitter, o médico da Fundação de Medicina Tropical e pesquisador da Fiocruz-AM, Marcus Lacerda.
A pesquisadora científica e curadora da Coleção Entomológica do Laboratório Especial de Coleções Zoológicas do Instituto Butantan, Flávia Virginio, também lamentou a partida do colega. “Dia muito triste para a entomologia médica. Descanse em paz, Tadei”, publicou, no Twitter.
Experiência
Wanderli era graduado em Licenciatura em História Natural pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de São José do Rio Preto (1971), mestre em Ciências Biológicas (Biologia Genética) pela Universidade de São Paulo (1974) e doutorado em Ciências Biológicas (Biologia Genética) pela Universidade de São Paulo (1977). O pesquisador chegou em Manaus ainda na década de 80, onde ganhou notoriedade pela vasta experiência em temas como entomologia médica. Na capital, ele atuava cursos de pós-graduação de Entomologia e Genética do Inpa e de Biotecnologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Bionorte.
A FVS-AM lembrou, em nota, que Tadei também possui amplo conhecimento em estudos de vetores, atuando principalmente em malária e dengue, bioecologia de anofelinos e de Aedes aegypti, controle químico e biológico, nanocompostos e biotecnologia. “Era figura estimada na FVS-AM nas ações e pesquisas da área de entomologia e controle de endemias”, declarou FVS-AM, em nota.
Para a pasta, Wanderli Tadei foi um pesquisador incansável no combate aos mosquitos da malária e da dengue na Amazônia. “O pesquisador deixa sua marca na orientação de quase duas centenas de estudantes da iniciação científica ao pós-doutorado, nas pesquisas em busca de soluções para problemas de saúde pública da Amazônia, no treinamento de agentes e na alegria de viver na Amazônia, lugar que escolheu para pertencer. Aqui dedicou-se à ciência por inteiro, fez amigos e no Inpa construiu uma família”, concluiu a fundação.
O Inpa pontuou que o pesquisador chegou à Amazônia a convite do então diretor do Inpa, Warwick Kerr. De acordo com o instituto, Tadei entrou para os quadros do órgão em 1983. “O pesquisador era chefe do Laboratório de Malária e Dengue, e na sua trajetória consolidou-se com referência em estudos dos vetores dessas endemias, da febre amarela e teve forte atuação em outras doenças com mais surtos mais recentes, como zika vírus e chikungunya”, salientou o Inpa.
Além disso, destaca o instituto, Tadei tinha experiência em bioecologia de Anofelinos e de Aedes aegypti, além de eficácia de superfícies impregnadas com inseticidas no controle desses mosquitos, dinâmica da transmissão do vetor, nanocompósitos e biotecnologia. O Inpa reforça que, em parceria com pesquisadores e estudantes, Wanderli Tadei desenvolveu a solução cravo-da-índia no combate à malária e a mistura cal e cloro usada em canteiros de obras para matar larvas do mosquito da dengue.
“Suas contribuições foram reconhecidas em mais de uma dezena de prêmios e homenagens ao longo da vida, como a Menção Honrosa Rio Negro do Inpa (2007), Prêmio Ney Bahaiense de Lacerda da Fundação de Vigilância e Saúde (2007), Medalha Ordem do Mérito Legislativo do Amazonas – Contribuição em C&T na Amazônia, Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (2004), Contribuição na Implantação do Centro de Pesquisas Leônidas e Maria Deane, Fundação Oswaldo Cruz (200), Membro ativo da New York Academy of Science, Academy of Science of New York (1999)”, destacou o instituto.
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