Jornalista do AM tem moto incendiada em tentativa de censura

Radialista Franco Costa mostra a moto queimada (Reprodução)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – O jornalista e radialista Franco Costa, que trabalha na Rádio Independência AM, em Maués, interior do Amazonas, distante 258 quilômetros de Manaus, teve sua motocicleta incendiada na tarde dessa sexta-feira, 2, enquanto entrevistava uma pré-candidata à prefeitura da cidade. Ele já foi alvo de outros ataques pelo trabalho no município.

O veículo estava estacionado na calçada em frente à residência do radialista, localizada no bairro da Maresia, zona Sul da cidade. Segundo informações da Rádio, dois homens em uma motocicleta foram os responsáveis pelo ataque. Um boletim de ocorrência foi registrado na 48ª Delegacia de Polícia de Maués.

O radialista Franco Costa em frente à residência onde mora com a moto queimada (Reprodução)

Repudiamos todo ato de criminalidade. Todo vandalismo e toda opressão à liberdade de expressão! Lembrando que até mesmo a torre da rádio já foi derrubada na tentativa de nos calar, calar o jornalista Franco Costa, conhecido pela sua bravura ao defender o povo de Maués“, escreveu a empresa.

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Franco tem um extenso trabalho na divulgação de denúncias contra políticos e reivindicações dos moradores do município que, segundo a rádio, é a motivação para o ataque.

Todos os dias recebemos inúmeras denúncias e várias delas vão ao ar na intenção de ajudar o povo que precisa de vez e voz. Em nome da direção desta casa, esperamos que a justiça seja feita! Que os culpados não fiquem impunes, que a polícia solucione esse caso, e os envolvidos e mandantes paguem pelo crime cometido. Isso não foi um acaso, isto é um ato criminoso“, escreveu em nota.

Histórico

Franco já teve as paredes da casa pichadas com xingamentos em março de 2019. “A sua hora está chegando, ‘X9’; ‘cagueta’“. Ele ainda recebe constante ameaças pelo trabalho no município. Segundo colegas de profissão, Franco tem recebido apoio da rádio e entrará em contato com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas (SJAM).

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Pichação na parede da residência do jornalista, feita em 2019 (Reprodução)
Dados

Segundo o relatório anual “Monitoramento de ataques a jornalistas no Brasil”, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), ataques mais graves a jornalistas dobraram em 2022. Foram 557 episódios de agressões contra jornalistas, representando aumento de 23%. Desde que foi criado o monitor, os casos saltaram de 130, em 2019, para 557 no ano passado, exprimindo um aumento de 328% dos casos.

“Como em 2021, os principais agressores nos alertas, registrados em 2022, foram classificados como agentes estatais. O grupo inclui políticos, membros do Judiciário, instituições, órgãos e funcionários públicos. Esses atores se envolveram em 56,7% dos casos do ano, emitindo e participando com frequência de discursos e campanhas estigmatizantes contra comunicadores”, aponta o relatório.

A região Norte apontou a menor incidência de caso no País. Dos 557 registrados no ano passado, apenas 27 foram registrados nos sete Estados da região (Amazonas, Amapá, Acre, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins).

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