Lideranças indígenas do AM vão ao STF para lutar contra Marco Temporal

Movimento indígena em protesto contra o Marco Temporal no Largo São Sebastião, em Manaus (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Após aprovação do Marco Temporal, na Câmara Federal, nesta terça-feira, 30, lideranças indígenas de povos originários que compõem o mapa humano e político do Amazonas se reuniram para articular queda da pauta no Supremo Tribunal Federal (STF). Eles lutam contra a tese que diz que os povos indígenas só têm direito à terra se já estavam ocupando no momento da promulgação da Constituição de 1988.

Por isso, representantes dos povos Baré, Tukano, Sateré-Mawé, Baniwa, Munduruku, Kokama, Mura, entre outros, entoaram cânticos, palavras de ordens e discursos contra o PL 490. Socorro Baniwa, uma das líderes do movimento, falou à reportagem da REVISTA CENARIUM que a organização busca outros mecanismos de pressão para o julgamento no dia 7 de junho, na Corte Suprema brasileira.

“Acreditamos e buscamos outras alternativas para que sejamos ouvidos, e isso inclui estar presente nos espaços”, adiantou. “Iremos a Brasília em caravana, com cerca de 150 lideranças que sairão de Manaus rumo à capital federal, por ocasião do julgamento do Marco Temporal”, detalhou.

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Indígena ergue os punhos diante do Teatro Amazonas (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Questionada sobre como custear esse deslocamento, Socorro Baniwa afirmou que contam com o apoio do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e a Nia Tero, uma organização internacional que apoia populações indígenas do mundo todo, assim como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). “Estamos articulando com as organizações maiores que fazem da nossa luta a luta deles também”, declarou.

Movimento indígena ocupou o Largo São Sebastião (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Movimento estudantil

Presente ao ato, Wanda Hitoto, do Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas (Meiam), criticou parte da classe política e os processos que colocam representantes no Congresso Nacional. “É preciso entender que estamos ocupando espaços, mas, é preciso também entender que se temos a pauta do Marco Temporal defendida por muitos, no Congresso Nacional, é porque nós ajudamos a eleger essas bancadas, ou seja: somos os corresponsáveis pela representação política que temos”, criticou.

A luta contra o Marco Temporal foi a pauta do ato em Manaus (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Ao concluir, Wanda Hitoto falou aos jovens sobre a responsabilidade do voto. “Estamos discutindo com a classe estudantil, com a nossa juventude, para entendermos, criticamente, o momento político que estamos vivendo, sobre a responsabilidade do nosso voto, porque se estamos elegendo pessoas que estão destruindo nossos direitos, somos os maiores responsáveis, pois quando se vota errado você elege pessoas que não têm compromisso com a vida, com a floresta”, finalizou.

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