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Livro ‘Cães da Amazônia’ une conflito de gerações, ambientalismo e filmes de ação em suas páginas
Escritor adentra em um cenário denso, onde a ação é o ponto de partida para contar uma trama ambientada na Amazônia paraense (Divulgação/Assessoria)
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14 de dezembro de 2022
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – Chegou ao mercado editorial o livro “Cães da Amazônia” (Ed. Citadel, 128 páginas), do escritor Paulo Nascimento. A obra é uma narrativa em ritmo cinematográfico sobre choques geracionais, idealismo ambiental e personagens ambientados na Floresta Amazônica. Com influências da sétima arte, o livro segue a velocidade eletrizante ao estilo dos populares filmes de ação.
A REVISTA CENARIUM entrevistou o escritor gaúcho. Para ele, ambientar a trama na Amazônia tem suas razões. “Por todos os mistérios que cercam a Amazônia, é um ambiente em que você não precisa se preocupar em explicar onde é. Já existe um imaginário global sobre o lugar, mas aí a gente vê o que passa lá dentro em termos de criminalidade, desrespeito por parte do governo (o último) e violência”, declarou Paulo Nascimento.
Outros fatores contributivos para o enredo são as questões humanas e legais. “Eu resolvi que essa história envolveria ação, mas também questões mais profundas, como a exclusão do protagonista da sociedade, por causa de sua idade. O contrabando de madeira, minerais e biopirataria, com ares de “legalidade” que existem na Amazônia, tudo isso vira um terreno fértil para ser o cenário de uma boa história.
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Na literatura
Ainda de acordo com Paulo Nascimento, apesar das influências, o livro pode, quem sabe, se transformar em película. “Pode ser um livro que se transforme em um roteiro, futuramente, mas o objetivo número um dessa história é ser contada como literatura mesmo. Fiz isso em função da liberdade que a literatura oferece. Você pode imaginar e escrever. No cinema, você tem que analisar como fazer, com quem fazer e quanto vai custar. É muito diferente”, explicou o cineasta.
Mesmo com a boa vontade em transformar o livro em filme, o escritor reconhece que as barreiras para se fazer um filme são enormes no Brasil. Os orçamentos e as logísticas pesam na hora de rodar um filme. “A gente acaba se acostumando com a limitação do meio, mas eu queria muito essa liberdade que “Cães da Amazônia” tem e, talvez por isso, seja difícil adaptar para cinema. É uma história muito cara no cinema e totalmente possível no livro”, observou.
Anti-herói
Na trama, Antônio é o pai que parte em busca da filha idealista que é sequestrada pelo crime organizado na Amazônia. O autor usa a figura do pai que não mede esforços. “Eu usei o ‘father’s revenge’, que é um gênero de histórias de pai em busca de salvar um filho ou filha. Comecei a mergulhar na situação de pessoas que, apesar de estarem totalmente capacitadas, são excluídas da sociedade em função da idade. Essa junção de elementos me levou para o anti-herói Antônio, que faz coisas terríveis, mas acredito que o público perdoe sua ação”, detalhou.
Mesmo sendo a figura contraditória que une pai, herói e um quê de vilão, Antônio ganha a empatia do público por ter elementos, que segundo o autor, podem ajudar a identificá-lo com os leitores e leitoras de “Cães da Amazônia”. “Ele tem sofrido tantas injustiças que, quando explode, as pessoas tendem a compreender. Enfim, é uma história de entretenimento com pessoas imperfeitas tentando recuperar algo em suas vidas. Muito próximo da realidade de todos nós”, comparou.
No Pará
Como não poderia deixar de ser, a Amazônia Legal compreende nove Estados e uma rica diversidade de “muitas Amazônias dentro da Amazônia”. Questionado sobre onde se passa a trama, ele respondeu: “Eu localizei na região de Alter do Chão, no Pará, portanto, é a Amazônia do interior mesmo. Indígenas e madeireiros em choque. O poder público se corrompendo para dar legalidade aos madeireiros, enfim, tudo muito real, infelizmente”, lamentou Paulo Nascimento.
O autor
Paulo Nascimento é um contador de histórias independente. Atua no cinema, TV, livros e streaming. É escritor, diretor, produtor e roteirista, com mais de dez longas-metragens lançados, séries para TV e plataformas. O escritor e cineasta nasceu em Tupanciretã, interior do Rio Grande do Sul. Em seu novo trabalho, ele se diz satisfeito com a realização de mais uma obra. O importante é que a missão está cumprida: temos uma história para ler e viajar com o Antônio, por lugares pouco conhecidos por todos”, finalizou.
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