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Lula é criticado após defender exploração da Amazônia
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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22 de maio de 2023
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se tornou alvo de críticas após as recentes manifestações sobre a possibilidade de liberar a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas e explorar a diversidade da Amazônia para a geração de empregos. As declarações foram feitas durante a cúpula de líderes do G7, em Hiroshima, no Japão.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou, na semana passada, a exploração do recurso pela Petrobras, alegando elevadas distâncias, no caso de socorro em decorrência de possível emergência ambiental, e vulnerabilidade da fauna local. Lula, no entanto, afirmou não ver riscos, no momento, já que a atividade seria realizada em alto-mar.
“Se explorar esse petróleo tiver problema para a Amazônia, certamente não será explorado, mas eu acho difícil, porque é a 530 quilômetros de distância da Amazônia”, disse, afirmando que tomará uma decisão quando volta ao Brasil. “Eu só posso saber quando chegar [ao País].”
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Já na rede social Twitter, Lula defendeu o direito de explorar a região amazônica para fim de geração de empregos “limpos”. “Na Amazônia, moram 28 milhões de pessoas. E essas pessoas têm o direito de trabalhar, comer. Por isso, precisamos ter o direito de explorar a diversidade da Amazônia, para gerar empregos limpos, para que a Amazônia e a humanidade possam sobreviver”, publicou.
O ambientalista e geógrafo Carlos Durigan ressalta que conservar a Amazônia não significa deixar de manejá-la, e que é necessário aliar a conservação da biodiversidade e o manejo de recursos naturais em bases sustentáveis, de forma participativa e inclusiva, gerando renda e possibilitando a construção de modelos de desenvolvimentos regionais responsáveis.
Ele menciona, ainda, que a região já sofre com o desmatamento e queimadas, logo, a exploração de recursos em grandes escalas, como no caso do petróleo, vai aumentar expressivamente os impactos ambientais.
“Em se tratando de uma região como a Amazônia, cuja integridade já é ameaçada pelo desmatamento, a abertura de novas frentes de exploração de petróleo e gás podem levar a um aumento expressivo nos impactos potenciais destas e outras atividades relacionadas, como a ampliação de infraestrutura que, por sua vez, pode levar a grandes e irreversíveis impactos, ainda mais se considerarmos que esta nova frente se daria sobre ambientes aquáticos de extrema fragilidade”, pontua.
A ativista indígena e embaixadora da WWF Brasil, Alice Pataxó, criticou a declaração de Lula, afirmando que, para ela, mais uma vez, “a exploração e destruição da Amazônia é vista como solução social“. “E não é, muito pelo contrário, a grande parte desses problemas se inicia por racismo ambiental, essa não é uma solução é uma desculpa para a exploração”, publicou.
A cientista e membro da Rede ODS Brasil Ana Lúcia Tourinho defendeu que agora é a hora de saber quem está compromissado com o desenvolvimento socioambiental da Amazônia ou com a política. “Chegou a hora de saber quem está compromissado com o desenvolvimento socioambiental da Amazônia, a vida das pessoas ou com politicada, $ ou ideologia política. Eu não mudo de lado ou de atitude, meu lado é vida, já se vão quatro governos de espectros diferentes e muita raiva passada“, enfatiza.
O advogado e professor de Direito Internacional e Direitos Humanos Thiago Amparo se manifestou afirmando que o Governo Lula precisa decidir se discurso ambiental e climático pauta agenda econômica e energética, ou se é slogan. “Insistir na (falsa) oposição entre empregos, de um lado, e meio ambiente, de outro, para tentar perfurar na bacia sedimentar da foz do rio Amazonas é preocupante”, disse.
Racha no governo
Na última quarta-feira, 17, o Ibama negou o pedido da Petrobras para perfurar a bacia da foz do Rio Amazonas com objetivo de explorar petróleo na região e a decisão do instituto dividiu o governo. Após ser anunciada a recusa, o líder do Governo Lula no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (sem partido), decidiu deixar a Rede, partido da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Ele é um dos defensores do empreendimento e ela se posicionou contra a atividade.
Em nota sobre a desfiliação, o senador afirmou que a Rede “esteve ao lado dos brasileiros lutando contra o fascismo, e cumpriu um papel histórico com amor, coragem e dedicação”. “Me honrará para sempre ter sido parte desta jornada épica”, disse.
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