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Mais de 1,5 milhão de árvores foram derrubadas pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Munduruku
Garimpo na Terra Indígena Munduruku, no Pará (Marcos Amend/24.jun.20/Greenpeace)
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04 de dezembro de 2022
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium
MANAUS – O Sistema de Alerta de Desmatamento em Terras Indígenas com Registros de Povos Isolados (Sirad) divulgou na última sexta-feira, 2, pelo Instituto Socioambiental (ISA), que o garimpo ilegal causou desmatamento de mais de 1,5 milhão de árvores derrubadas entre 2020 e 2022, na Terra Indígena (TI) Munduruku, localizada na região sudoeste do Estado do Pará, no município de Jacareacanga, margem direita do Rio Tapajós.
A região do Rio Cabitutu, a segunda mais populosa da TI, onde há a ocorrência de um registro de povo indígena isolado, é uma das áreas mais pressionadas pelo garimpo, ficando atrás somente da localidade que está próxima ao Rio Tapajós.
O monitoramento do ISA aponta que o território do povo Munduruku está entre os mais pressionados e invadidos pela atividade ilegal de garimpo na Amazônia. O monitoramento do Sirad-I já identificou, de janeiro até o momento, aproximadamente, 440 hectares de desmatamentos ocasionados por essa atividade ilegal dentro da TI Munduruku.
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Outubro foi o mês de maior aumento da área desmatada – 136 hectares. Nesse período, foi identificada a expansão de garimpos antigos e a presença de novos. Entre setembro e outubro, outros 156 hectares foram desmatados na TI. O Sirad-I deu início ao monitoramento desta TI, em julho de 2020, desde então já foram registrados 2.652 hectares de desmatamento relacionados ao garimpo. Isso equivale a mais de 1,5 milhões de árvores derrubadas nesse período.
Monitoramento
Segundo o Greenpeace Brasil, a drástica redução no orçamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para realizar atividades de fiscalização e controle, e a explícita disposição do Governo Bolsonaro em abrir os territórios indígenas para a mineração são outros fatores que não só facilitam a atuação criminosa dos invasores, mas até mesmo as estimulam.
Em apoio ao povo Munduruku, o Greenpeace Brasil está monitorando o avanço da atividade garimpeira na região. Trata-se de garantir e defender a própria sobrevivência de um povo milenar que estava aqui antes do problemático processo de colonização da América.
Por meio de sobrevoos de monitoramento e das análises realizadas, conseguimos evidenciar a escala devastadora da atividade executada, ilegalmente, dentro do território Munduruku. O garimpo ilegal nessas áreas conta com aviões, helicópteros, retroescavadeiras hidráulicas e dragas (grandes balsas flutuantes) que sugam a terra do fundo dos rios, o que indica uma ação orquestrada de grupos criminosos com alto poder aquisitivo.
Mercúrio
Em novembro do ano passado, a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) atestou, em um estudo em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), altos níveis de exposição da população do Tapajós ao mercúrio, provocado pela invasão de garimpeiros ilegais na TI Munduruku.
O trabalho foi realizado na Terra Indígena Sawré Muybu, de ocupação tradicional do povo Munduruku, ainda em fase de identificação e delimitação pela Funai, localizada nos municípios de Itaituba e Trairão. O Pará concentra uma das maiores reservas de ouro do Brasil e, na região da bacia do Tapajós, onde há grande confluência de terras indígenas e jazidas de ouro, há registros de atividade garimpeira desde a década de 1950.
“Fizemos esse trabalho por demanda da Associação Indígena Pariri, que representa o povo Munduruku do médio Tapajós. Nossa intenção era produzir evidências científicas e comprovar que o problema existe, está presente na Amazônia, e não se restringe aos territórios tradicionais e às populações indígenas. Queremos mostrar que o problema é mais amplo do que parece e que todos os cidadãos que vivem na Amazônia podem ser afetados”, explicou o pesquisador Paulo Basta.
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