Pará teve maior redução de vegetação natural e expansão de pastagem com manejo do País em 20 anos, aponta IBGE

Redução de vegetação nativa na Amazônia (Ueslei Marcelino/Reuters)
Karol Rocha – Da Revista Cenarium

MANAUS – O Estado do Pará teve a maior redução de vegetação natural e a maior expansão de pastagem com manejo, se comparado a outras Unidades da Federação (UF), nos últimos 20 anos. A pesquisa, que mostra as perdas de vegetação florestal e campestre, no Brasil, e o aumento de áreas agrícolas no País, entre os anos 2000 e 2020, é intitulada “Contas Econômicas Ambientais da Terra: Contabilidade Física” e foi divulgada nesta sexta-feira, 7, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De modo geral, a vegetação campestre do País teve redução 10,6% (192,5 mil quilômetros quadrados), enquanto a vegetação florestal diminuiu 7,9% (320,7 mil) entre os anos 2000 e 2020. Somados, esses dois tipos de cobertura perderam 513,1 mil quilômetros quadrados entre 2000 e 2020, o equivalente a 6% do território do País. O Pará teve a perda de 123,2 mil quilômetros quadrados no que diz respeito à vegetação natural. O dado é o maior das Unidades da Federação.

(Divulgação/IBGE)

No Mato Grosso, a redução foi de 97,8 mil e em Rondônia, 40,9 mil. O Amazonas aparece em quarto lugar, com uma perda de 21,2 mil. Grande parte das perdas ocorre na Amazônia Legal, é o que aponta os dados e também o ambientalista Carlos Durigan. Ele atribui a redução de vegetação nativa às atividades agrícolas.

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“A Amazônia já perdeu, pelo menos, 20% de sua vegetação natural. Esta área toda já foi convertida em áreas usadas por atividades agropecuárias de alto impacto. Importante lembrar que a agricultura é praticada na Amazônia há milhares de anos, os povos indígenas desenvolveram um modelo produtivo sofisticado e diverso que, por gerações, tem sido praticado sem destruição. No entanto, o modelo agropecuário extensivo, como a soja e a criação de gado em poucas décadas foi responsável por tanta degradação e conflitos”, comentou o especialista.

(Divulgação/IBGE)

Pastagem com manejo

No mesmo período (2000/2020), a área da silvicultura no País cresceu 71,4% (36 mil quilômetros quadrados), a área agrícola cresceu 50,1% (229,9 mil quilômetros quadrados) e a de pastagem com manejo, 27,9% (247 mil quilômetros quadrados).

Em relação à expansão de pastagem, o Pará teve a expansão de 87,8 mil quilômetros quadrados, também um dos maiores dados se comparado a outros Estados do Brasil. Em seguida, vem o Mato Grosso (45,9 mil quilômetros quadrados) e Rondônia (35,9 mil quilômetros quadrados). Os três Estados, na mesma ordem, tiveram as maiores reduções de vegetação natural, 123,3 mil, 97,8 mil e 40,8 mil quilômetros quadrados, respectivamente.

(Divulgação/IBGE)

“Nota-se uma expansão das pastagens com manejo se estendendo da Região Centro-Oeste para a Região Norte”, analisou a gerente da pesquisa, Ivone Lopes Batista.

Vale destacar que também foi divulgada nesta sexta-feira, 7, a atualização do “Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do Brasil”, que abrange as mudanças territoriais do País entre 2018 e 2020. 

(Divulgação/IBGE)

Em dois anos, as maiores expansões de pastagem com manejo foram registradas no Pará (4,5 mil quilômetros quadrados), Rondônia (2,6 mil quilômetros quadrados) e Amazonas (1,2 mil quilômetros quadrados). O levantamento também captou as reduções nas vegetações florestal e campestre, de 2018 a 2020. Na primeira, destaque para o Pará (4,7 mil quilômetros quadrados), Mato Grosso (2,4 mil quilômetros quadrados) e Rondônia (2,1 mil quilômetros quadrados).

Conversões de Terra

A pesquisa “Contas Econômicas Ambientais da Terra: Contabilidade Física” mostra, ainda, que em relação às conversões de terra no período (2000/2020), no Brasil, 72,5 mil quilômetros quadrados de vegetação campestre e 85,3 mil quilômetros quadrados de pastagem com manejo foram convertidos em área agrícola. O montante, 157,7 mil quilômetros quadrados de terras, corresponde a 65,6% do total de terra convertida em área agrícola, conforme o IBGE.

Adicionalmente, à dinâmica agropecuária, 149,3 mil quilômetros quadrados de vegetação florestal foi convertida em pastagem com manejo no período, o que representa 43,8% do total das conversões sobre a vegetação florestal.

(Divulgação/IBGE)

“A pesquisa mostra uma tendência de conversão de uso: destacando-se a expansão de áreas agrícolas sobre as vegetações campestres e pastagem com manejo, além de um crescimento da pastagem com manejo sobre as vegetações florestais”, acrescentou ainda Ivone Lopes.

As áreas agrícolas têm destaque, especialmente, nos Estados do Mato Grosso (18,1%), São Paulo (14,9%), Rio Grande do Sul (14,3%) e Paraná (10,5%) com os maiores percentuais de terras nessa classe em relação ao total Brasil.

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