Matéria da CENARIUM é utilizada em pedido de impeachment do governador de RR

O vereador Bruno Perez utilizou vasto material da imprensa, incluindo a matéria da CENARIUM, para pedir o impeachment de Denarium (Thiago Alencar/CENARIUM)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – O jornalista e vereador Bruno Perez (MDB), da Câmara de Vereadores de Boa Vista (RR), protocolou pedido de impeachment do governador do Estado, Antonio Denarium (PP). Bruno formalizou o pedido junto à Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) na manhã desta segunda-feira, 6. A matéria da REVISTA CENARIUM, intitulada “Eles têm que se aculturar’: fala de governador de RR é considerada crime pelo MPF”, foi anexada como uma das provas do crime de responsabilidade formalizado pelo parlamentar.

De acordo com Bruno Perez, a publicação da CENARIUM integrou uma lista de 50 links que foram usados como base pelo parlamentar. “Pegamos as matérias mais embasadas e a matéria da CENARIUM deu base, sim, como prova, para denunciar a omissão de um governo que falhou. A matéria foi muito importante“, reconheceu o vereador que destacou a “omissão” e as falas recentes de Denarium.

Vi que nenhum deputado se pronunciou sobre as falas, contra os indígenas, feitas pelo governador. E aí veio Lula aqui e descobriu algo que não é novo, descobriu entres aspas. Porque é um problema antigo. Um problema que Denarium tinha conhecimento”, destacou.Denarium não pediu ajuda a Bolsonaro ou governo federal, em nenhum momento”, denunciou.

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Registro da matéria da REVISTA CENARIUM anexado ao pedido de impeachment de Antonio Denarium protocolado por Bruno Perez (Reprodução)

O parlamentar continuou e não poupou críticas ao governador de Roraima. “Agora que o Lula descobriu tudo, entre aspas, ele quer ajuda, quer ajudar indígena, quer ser bem-intencionado. O governador, na verdade, foi omisso”, disparou o jornalista que complementa:

“Ele nunca fez uma operação para conter os voos clandestinos, as pistas clandestinas. Ao contrário, aprovou leis que permitiam o garimpo, e eu acredito que os deputados precisam analisar as omissões e as falas dele dizendo que os indígenas vivem como bichos. Ele expôs Roraima, negativamente, ao mundo e isso deve ser analisado como crime de responsabilidade”, considerou Bruno.

O parlamentar também cita sobre o trabalho voltado às denúncias enquanto jornalista: “Sou vereador, mas faço um trabalho de jornalista. Denunciei superfaturamento de álcool, de máscara, denunciei os respiradores mais caros do Brasil, denunciei também no MPF os R$ 70 milhões para as prefeituras do interior aliadas do governador. Dinheiros de precatórios para empresários, enfim…“, resumiu.

Para Bruno, o trabalho como jornalista auxilia na postura como figura política. “Por mais que incomode, é nosso papel como jornalistas suprir o que, talvez, um deputado poderia fazer e não faz. Junto provas, apuro e mostro onde está o erro e onde aquela questão pode ser melhorada. Tanto vocês da CENARIUM quanto nós daqui de Roraima temos esse papel. Temos que estar sempre atentos porque na Região Norte sempre vamos ter essas pautas que são importantes“, observou.

A crise humanitária do povo Yanomami, em Roraima, gerou uma crise política para o governador do Estado, Antonio Denarium (Reprodução/Ministério da Saúde)

Entenda mais

No dia 31 de janeiro, a jornalista da REVISTA CENARIUM Ívina Garcia publicou que o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), é alvo de investigação por falas discriminatórias contra o povo Yanomami, durante uma entrevista à Folha de S.Paulo.

Conforme o Ministério Público Federal (MPF), na entrevista à Folha, no dia 29 de janeiro, Denarium menosprezou a cultura e o modo de vida do povo indígena Yanomami quando disse que “eles [indígenas] têm que se aculturar, não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho“. A fala foi avaliada como conduta ilícita passível de responsabilização civil e criminal.

Por ter foro privilegiado, o governador de Roraima será investigado em caráter civil pelo Ministério Público Federal (MPF) e em caráter criminal perante ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), caso a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigue eventual conduta criminosa.

Trecho do documento do MPF (Reprodução)

Na ocasião, após a polêmica fala do governador de Roraima, a Hutukara Associação Yanomami lançou nota de repúdio por considerar a declaração “mais um ataque aos povos indígenas”. “Nós, povos indígenas do Estado de Roraima, repudiamos as falas do governador Denarium
e requeremos, com urgência, que seja apurado e condenado pelos crimes que cometeu de discriminação e genocídio dos povos indígenas de Roraima”
, enfatizava um trecho da nota.

Segundo a redação criminal, praticar, induzir ou incitar a discriminação, ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, (Redação dada pela Lei N° 9.459, de 15/05/97), possui pena de reclusão de um a três anos e multa. (Redação dada pela Lei N° 9.459, de 15/05/97).

Além disso, no segundo parágrafo a lei diz que: “Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza. (Redação
dada pela Lei N° 9.459, de 15/05/97). Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. (Incluído pela Lei N° 9.459, de 15/05/97)”.

Nota de repúdio da Hutukara (Reprodução)
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