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Mato Grosso foi o Estado que mais queimou nos primeiros nove meses de 2022, aponta Mapbiomas
Queimada em vegetação no Mato Grosso. (Corpo de Bombeiros)
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19 de outubro de 2022
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – O Mato Grosso foi o Estado que mais queimou no Brasil entre janeiro e setembro de 2022, concentrando quase 1/4 do total de queimadas no País nesse período (11 milhões de hectares). A Unidade Federativa (UF) integra a AmazôniaLegal e tem três biomas: Amazônia, Cerrado e Pantanal. Os dados são do relatório do Monitor do Fogo do MapBiomas.
Além do Mato Grosso, Pará e Tocantins, que também formam a Amazônia Legal, são recordistas em queimadas. Eles ocupam o segundo e o terceiro lugar no ranking, respectivamente, e, juntos, representam 57% da área queimada total no período de nove meses. O levantamento mostrou, ainda, que a característica em comum entre esses Estados é que eles ficam em fronteiras agropecuárias.
Assim como os Estados, não coincidentemente os municípios recordistas estão na Amazônia. São Félix do Xingu, Altamira e Novo Progresso, no Pará, foram responsáveis pela queima de um pouco mais de um milhão de hectares, ou 9% do total nacional. Houve um crescimento de 158% em relação a 2021, quando esses municípios queimaram, juntos, 407 mil hectares.
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Desmatamento e queimadas
O ambientalista e diretor da WCS Brasil (Associação Conservação da Vida Silvestre), Carlos Durigan, observa que o avanço do desmatamento e das queimadas está fortemente relacionado a frentes de ocupação ilegal de terras públicas destinadas, como unidades de conservação e terras indígenas, e não destinadas. Mas o fogo também é utilizado para a manutenção de áreas já desmatadas.
“Na falta de gestão efetiva e da implementação do que preconiza o Código Florestal, o que pode estar ocorrendo é um avanço também do desmatamento e das queimadas nas áreas de reservas legais em propriedades rurais. Além disso, em muitos casos o fogo também é utilizado para manutenção de áreas já desmatadas e em uso, para renovação de pastagens e limpeza de áreas de capina”, explica.
O ambientalista lembra, ainda, do Projeto de Lei (PL) 337/22, que exclui o Estado de Mato Grosso da área da Amazônia. “Importante ainda lembrar que surgiu no Mato Grosso neste ano um movimento para retirar o Estado dos limites da Amazônia Legal, e uma alegação forte deste movimento seria justamente a questão de necessidade de manutenção de reservas legais nas propriedades rurais”, acrescentou Durigan.
Perda da Amazônia
Quase um terço (29%, ou 1,6 milhões de hectares) do que foi queimado na Amazônia afetou florestas, sendo incêndios ou desmatamento seguido de fogo. Esse número é 106% maior do que a área de floresta afetada por fogo no bioma no mesmo período, em 2021 (826 mil hectares).
A nível nacional, o crescimento das queimadas em florestas no Brasil foi de 34%, com cerca de 2 milhões de hectares. A quase totalidade (87%) desses incêndios florestais ocorreram na Amazônia.
A coordenadora do Mapbiomas Fogo e Diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) destacou que o risco do aumento de queimadas no bioma é que as florestas podem se tornar degradadas. A degradação florestal é um fenômeno caracterizado pela perda parcial de vegetação em determinado local.
“Importante ressaltar que esse aumento da área de incêndios florestais na Amazônia, em 2022, é um péssimo indicador para a região, pois essas florestas não são adaptadas ao fogo e acabam ficando mais suscetíveis a novos incêndios se tornando degradadas”, afirma.
Praticamente metade das queimadas entre janeiro e setembro deste ano (49%, ou 5,7 milhões de hectares) ocorreu na Amazônia, mas a situação do Cerrado foi mais preocupante. Com metade do tamanho da Amazônia, o bioma teve 46% de vegetação perdida para o fogo, ou 5,4 milhões de hectares. Juntos, eles somaram 95% da área queimada no Brasil até setembro de 2022.
Pastagens e agropecuária
Em todos os biomas, as queimadas ocorrem preferencialmente em áreas de vegetação nativa em formações savânicas e campestres, que responderam por 69% da área queimada no período no Brasil. Dentro os tipos de uso agropecuário, as pastagens se destacaram, representando 25% da área queimada nos nove primeiros meses de 2022.
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