‘Me violou’, diz advogada associada a cadela por promotor de Justiça no AM

Advogada Catharina Estrella (Alan Geissler/Revista Cenarium)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – A advogada criminalista Catharina Estrella afirmou nesta quinta-feira, 14, que se sentiu violada e desrespeitada pelo promotor de Justiça Walber Luís do Nascimento ao ser comparada com uma cadela durante audiência no plenário da 3ª Vara do Tribunal do Júri de Manaus. A declaração foi feita durante o ato de desagravo público em favor da advogada, na frente do Ministério Público (MP), na Avenida Coronel Teixeira, no bairro Nova Esperança, Zona Oeste da cidade.

Não sou só eu que estou sentindo essa dor, todas as mulheres estão sentindo. Dói. Cada vez que eu escuto o que eu escutei, e eu escutei ontem duas vezes. Eu disse que era um desrespeito, ele voltou e me violou novamente“, disse ela sobre as ofensas proferidas nessa quarta-feira, 13.

Catharina Estrella lembrou que já advogou para o promotor anteriormente. Para ela, a comparação com um animal foi uma tentativa de humilhá-la. “Um dia, quando eu fui advogada dele, eu servi, mas, pra advogar pra outro eu era uma cadela. É isso que ele fez ali, essa ingratidão, isso me faz doer, ele querer me humilhar como mulher“, afirmou, lembrando que vai responsabilizá-lo nos âmbitos administrativo, criminal e cível.

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Que ele sofra as penalidades penais de tudo que ele fez contra mim, nos três âmbitos, administrativo, criminal e cível. Ele precisa aprender com a sociedade a respeitar a lei, ele não está acima de ninguém“, concluiu.

Ato de desagravo

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas (OAB-AM), Jean Cleuter afirmou que a nota da Associação Amazonense do Ministério Público (AAMP), entidade representativa de classe que manifestou apoio ao promotor e disse que a declaração de Walber foi distorcida pela advogada, é corporativista. Cleuter afirmou que o advogado violou a prerrogativa da advocacia.

Nós estamos aqui pra defender o direito das prerrogativas das advogadas e dos advogados. É bom deixar claro para sociedade que se o seu advogado tem a prerrogativa violada, quem está tendo a prerrogativa violada é o cidadão“, afirmou o presidente da OAB-AM.

Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas (OAB-AM), Jean Cleuter (Alan Geisler)

Jean Cleuter enfatizou que a relação da OAB no Estado com o Ministério Público está preservada, e o que é repudiado é o ato de um membro do órgão. “O que nós estamos repudiando é a conduta de um membro do Ministério Público, isso tem que ficar claro. Não há uma afronta de instituições, mas sim de um membro“, disse.

As prerrogativas da advocacia são as garantias fundamentais, previstas na Lei 14.365/22, criadas para assegurar o amplo direito de defesa. De acordo com a OAB Nacional, o desrespeito a essas prerrogativas pode acarretar detenção, de dois a quatro anos, e multa.

Entenda o caso

Em vídeo disseminado nas redes sociais, o promotor Walber Luís do Nascimento afirmou, durante a audiência, que “não ofenderia uma cadela” ao comparar Catharina Estrella ao animal. “Eu disse que os cachorros eram fiéis, eram leais. Levando em consideração a lealdade, eu não poderia fazer essa comparação dela com uma cadela, porque senão eu estaria ofendendo a cadela”, diz Nascimento.

O promotor de Justiça do Amazonas Walber Nascimento (Reprodução/Facebook)

Com a repercussão do caso, o presidente da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas no Amazonas (Abracrim-AM), Vilson Benayon, disse que acionou o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). “A Abracrim, tanto estadual como nacional, acaba de representar no Conselho Nacional do Ministério Público para que esse mal sirva de exemplo para futuras agressões à advocacia criminal”, disse.

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