Médico do AM vai debater o tema ‘Pé Diabético e área de concentração do cirurgião vascular’ em live

Médico Raymison Monteiro (Acervo Pessoal)
Com informações de assessoria

MANAUS – No dia 23 de julho, às 14h, pelo Facebook @Medicos Maues Conectados, o médico cirurgião-geral e cirurgião vascular Raymison Monteiro, CRM-AM 2001, RQE 2671, explanará sobre “Pé Diabético e área de concentração do cirurgião vascular”.

De acordo com o médico, o pé diabético é uma das complicações mais graves da diabetes. “Neste sentido, a prevenção de complicações e o tratamento médico ou cirúrgico, nos casos em que tal se justifique, devem ser encarados seriamente pelos doentes, pois em último caso, o pé diabético pode ter consequências graves, levando à amputação de dedos, pé ou perna”, explicou

Segundo Raymison Monteiro, o pé diabético é definido pela Organização Mundial de Saúde, como o pé de um doente diabético com infecção, ulceração (úlcera) ou destruição do pé provocada por alterações dos nervos ou dos vasos (artérias). “Estas alterações dos nervos e das artérias são causadas pela diabetes”, afirmou.

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Causas do pé diabético

O pé diabético é, como o próprio nome indica, causado pela diabetes. Trata-se de uma complicação que tanto pode surgir na diabetes tipo 1, como na diabetes tipo2, podendo afetar ambos os sexos (homens e mulheres), de igual forma.

Sinais e sintomas no pé diabético

O doente diabético pode apresentar sinais e sintomas devido a alterações dos nervos ou das artérias (ou de ambos).

As queixas nos pés devido às alterações dos nervos são: diminuição da sensibilidade, sensação de “picadas de alfinetes”, choques elétricos, queimadura, dormência nos pés (“formigueiro ou formigamento”) e pés gelados.

Os doentes podem possuir deformidades, calos, fissuras e feridas, pele seca e quebradiça. É frequente o doente diabético apresentar feridas sem dor, porque não possui sensibilidade.

Os pacientes também podem apresentar queixas relacionadas com a doença das artérias. A diabetes é um fator de risco para a aterosclerose. Nesta doença verifica-se a formação de placas de aterosclerose (gordura) nas artérias, que podem levar à oclusão dos vasos. Alguns doentes diabéticos com as artérias ocluídas poderão queixar-se de dor na perna depois de caminharem alguns metros. A dor aparece sempre que o doente caminha a mesma distância. Essa dor na “barriga da perna” chama-se claudicação intermitente.

O doente diabético também pode referir dor no pé quando está a dormir. As queixas agravam-se com a elevação do pé e melhoram com o pé para baixo. Por isso, os doentes dormem com o pé fora da cama.
No entanto, os sintomas de dor na “barriga da perna” ao caminhar e dor no pé podem não existir no doente diabético, devido à diminuição da sensibilidade.

Com as artérias ocluídas existe uma menor quantidade de sangue no pé. Assim, se um doente diabético possui uma ferida no pé, esta pode não cicatrizar porque não existe sangue. O doente possui assim um maior risco de ser amputado.

Os sintomas iniciais no pé diabético são, muitas vezes, imperceptíveis, ligeiros e desvalorizados pelos doentes. Se possui um diagnóstico confirmado de diabetes aconselhe-se na consulta com o seu médico assistente.

Ferida no pé diabético – o que fazer?

A ferida deve ser lavada e protegida com uma gaze. O doente deve recorrer o quanto antes ao seu médico.

O doente nunca se deve automedicar, ou seja, tomar ou aplicar qualquer medicamento ou remédio (comprimidos, pomada, etc.) sem prescrição médica sob pena de poder agravar o problema e aumentar o risco de complicações. Veja mais informação em tratamento do pé diabético.

Prevenção do pé diabético

A prevenção de possíveis complicações é essencial na estratégia de controlo da doença.
O doente diabético deve tomar consciência que manter a diabetes controlada é muito importante para evitar complicações nos pés e não só. Para além dos riscos para os pés, a diabetes pode originar diversas outras complicações.

Cuidados no pé diabético

São inúmeros os cuidados que devemos ter com o pé diabético, a saber:
• É preciso observar os pés diariamente, com uma boa iluminação, tentando identificar cortes, bolhas e alteração da cor. Pode ser necessário recorrer à ajuda de um espelho ou de outra pessoa;
• Os pés devem ser lavados diariamente, mas não devem ser colocados “de molho”. É necessário comprovar a temperatura da água com a mão. Depois de lavados os pés devem ser bem secos;
• Recomenda-se a aplicação de um creme hidratante diariamente, exceto no meio dos dedos;
• Não devem ser usados instrumentos cortantes, adesivos ou agentes químicos para cuidar dos pés;
• Se os pés estiverem frios não devem ser usados cobertores elétricos, lareiras ou botijas de água quente. O doente diabético pela diminuição da sensibilidade pode queimar-se. Sugere-se o uso de vários pares de meias;
• O doente deve ver e palpar com a mão o interior do sapato, para comprovar que não existe nenhum objeto que possa causar ferida;
• As unhas não devem ser cortadas, mas sim limadas em linha reta com uma lima de cartão, pelo menos uma vez por semana;
• Os calos deverão ser tratados, mas apenas por profissionais habilitados para tal.

Sapatos e meias para diabéticos

O doente diabético deve ter especiais cuidados com o calçado (sapatos, tênis, etc.) e com o uso de meias, a saber:
• O doente não deve andar descalço;
• Nunca deve calçar os sapatos sem meias;
• As meias tem de ser mudadas todos os dias. Sugerem-se meias de algodão ou lã, cores claras e não devem ter elásticos ou costuras;
• O doente diabético não deve comprar sapatos sem os experimentar. Os sapatos devem ser experimentados no final do dia. Os sapatos novos devem ser usados de forma gradual. Quando se estiver a iniciar o uso de novos sapatos, deve-se observar mais vezes o pé;
• O calçado para o diabético não deve ser apertado, nem bicudo, deve ter espaço para os dedos. Deve medir mais um centímetro para além do dedo mais comprido e deve ser alto e largo na ponta. Não deve ter tacão excessivo, nem costuras no seu interior. Deve ser todo fechado, de pele, com velcro ou cordões, com sola grossa em borracha;
• O calçado deverá permitir a colocação de palmilhas ou suportes plantares;
• Não deve utilizar chinelos, nem sandália, mesmo em casa e/ou no Verão!
Estas medidas tanto são aplicadas ao calçado feminino, que como sabemos possui, habitualmente, caraterísticas particulares, como ao calçado masculino.
O calçado mal adaptado é a causa mais frequente de ferida no pé diabético. As feridas resultam de traumatismos continuados do sapato. Neste sentido, é muito importante seguir as recomendações atrás enunciadas.

O pé diabético tem cura?

O pé diabético não tem cura, mas existem tratamentos que podem ser realizados no caso de surgirem complicações. Nunca é de mais referir que um controlo adequado da doença (diabetes) é muito importante e que devem ser seguidas todas as medidas preventivas atrás enunciadas.

Tratamento do pé diabético

O tratamento é adaptado às queixas do doente e às causas subjacentes após avaliação por parte do médico. Os tratamentos são, habitualmente, estabelecidos pelo cirurgião vascular (médico especialista em cirurgia vascular) após exame minucioso dos pés.

Quando as feridas não cicatrizam pela falta de sangue é necessário resolver as oclusões das artérias. Estas poderão ser resolvidas por cirurgia de bypass ou dilatadas por balão (com ou sem colocação de stent- rede de metal que ajuda a manter as artérias abertas).

Se as feridas estão associadas a alterações dos nervos é importante aliviar as áreas de pressão do pé próximo às feridas com gessos ou outras técnicas de imobilização.

A ferida deve ser tratada com cuidados de penso (“fazer curativo”). O tipo de penso tem de ser adaptado ao tipo e à fase da ferida e deve ser sempre efetuado por um profissional habilitado para o efeito.

No caso do pé diabético infectado (com infecção), o doente deve ser medicado com antibiótico. Pode ser necessária drenagem de pus.

Pé diabético (Divulgação)

De acordo com o médico Raymison Monteiro, dependendo do grau da infecção, o antibiótico poderá ser administrado por via oral (comprimidos) ou nos casos mais graves por via endovenosa, com necessidade de internamento. Poderá ainda, em caso de risco de morte, ser necessário para controlar a infecção e salvar a vida ao doente, retirar todo o tecido do pé infetado, através de técnica cirúrgica (desbridamento cirúrgico) ou por amputação.”Poderá ser necessário amputar dedos, o pé ou perna, dependendo obviamente do quadro clínico em causa”, concluiu.

Informações sobre o palestrante

O médico Raymison Monteiro é técnico agrícola, formado pela Escola Agrotécnica Federal do Amazonas (1980). Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Amazonas (1987). Mestrado em Medicina (Cirurgia Vascular) pela Universidade Federal de São Paulo (2000).

Atualmente, é médico e professor do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Membro da equipe credenciada pelo Ministério da Saúde para retirada de órgãos e tecidos no Estado do Amazonas (PORTARIA Nº 1.260, DE 9 DE NOVEMBRO DE 2012 do MS). Foi diretor do Hospital Universitário Getúlio Vargas-HUGV-Ufam (2007-2009).

Médico Raymison Monteiro (Acervo Pessoal)

Foi diretor-presidente da Fundação Hospital Adriano Jorge (2011-2013). Destaque por Excelência na Captação de Órgãos e Tecidos pelo Governo do Estado do Amazonas (2013). Cidadão do Estado do Amazonas, Título concedido pela Assembleia Legislativa do Amazonas-Aleam (2015). Honra ao Mérito, Título concedido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia ao Amazonas-Campus Manaus-Zona Leste (2017). Exerceu o cargo de Diretor de Ensino e Pesquisa da Fundação Hospital Adriano Jorge (dezembro/2018 a fevereiro/ 2019). Foi chefe do Departamento de Clínica Cirúrgica da Universidade Federal do Amazonas-UFAM (2019 a junho/2022 ).

Tem experiência nas área de Gestão em Serviços de Saúde e Medicina, com ênfase em Cirurgia Vascular, Videolaparoscopia, Saúde Pública, Captação de Órgãos para transplante e ética em pesquisa envolvendo seres humanos. Professor de Medicina: UEA e Nilton Lins.

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