Mesmo com cheia, Rio Negro está três metros abaixo do mesmo período de 2022

Seca no Lago do Aleixo, em Manaus. (26.set.23 - Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – Com o nível do Rio Negro subindo diariamente após o fim do período anual de seca, a cota atingiu, nesta segunda-feira, 11, 15,34 metros, segundo consulta feita ao site do Porto de Manaus. Mesmo com a cheia, este número continua abaixo do normal. Em 2022, a cota era de 18,88 metros, na mesma data.

A estiagem é um fenômeno natural na Amazônia, mas, em 2022, os Estados da região sofreram com uma vazante severa. O Amazonas ainda enfrenta os impactos da pior seca em mais de 120 anos, desde quando a medição começou. Escolas foram fechadas, comunidades ficaram isoladas e as atividades econômicas do Estado também foram impactadas.

Arte: Mateus Moura/Revista Cenarium Amazônia

Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), a marca está abaixo do esperado. A diferença entre a cota do ano passado e a deste ano é de 3,54 metros. A cota atual é de apenas 2,64 metros, acima da menor já registrada, de 12,70 metros, em 26 de outubro deste ano. O Estado viveu mais de 130 dias de vazante e a subida dos rios ainda é considerada lenta.

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Desde o dia 19 de novembro, o Rio Negro voltou a subir vertiginosamente. Até esta segunda, já soma 2,38 metros. Apenas no dia 24 de novembro, o rio subiu 18 centímetros. Conforme mostrou a REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA, a subida dos rios no Amazonas voltaria a ocorrer em novembro, graças ao período de chuvas previsto para o mês passado, o que se confirmou.

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Emergência

Com a seca no Estado, todos os 62 municípios do Amazonas estão em emergência. De acordo com a Defesa Civil, são 599 mil pessoas afetadas e 150 mil famílias. O governador Wilson Lima (União Brasil) instituiu o Comitê de Intersetorial de Enfrentamento à Situação de Emergência Ambiental em 29 de setembro para alinhar medidas acerca da seca severa e das queimadas que atingem o Estado.

A seca histórica provocou a morte de botos e peixes, em municípios como Tefé e Manacapuru. Em menos de uma semana, o Lago Tefé, no interior do Estado do Amazonas, sofreu uma perda de 10% de sua população de botos, segundo levantamento do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM). Pelo menos 155 carcaças do animal foram encontradas.

Pesquisadores analisam botos no Lago Tefé. (Miguel Monteiro)

O preço dos alimentos no Amazonas ainda tiveram variações com a estiagem. Produtos que chegam aos municípios mais distantes começaram a ser vendidos a preços mais altos. Em Tefé, distante 523 quilômetros de Manaus, o quilo do frango congelado, que antes custava R$ 7, foi vendido a R$ 11. Um aumento de 57%.

Além disso, itens perecíveis, como legumes, sequer chegam a essas áreas remotas. Segundo comerciantes da região, os preços estão mais elevados devido às dificuldades no transporte dos produtos. Os custos adicionais são repassados para os consumidores.

Lista de compras mostra preço dos produtos em Tefé (Foto: Sttefany Azevedo)

A Zona Franca de Manaus (ZFM) também sentiu os impactos da estiagem. Com a redução no nível dos rios, embarcações que trazem insumos para o Polo Industrial de Manaus (PIM) enfrentaram dificuldades para realizar o transporte, o que ocasionou atrasos e falta de insumo. Por isso, mais de 10 mil trabalhadores entraram de férias coletivas. Aproximadamente, 35 empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) aderiram à medida.

Edição: Marcela Leiros

Revisão: Gustavo Gilona

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