Mesmo estagnada, taxa de desocupação no Amapá continua sendo a maior do País

Trabalhador exibe Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) ao lado de fila de pessoas à procura de emprego (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS — O Brasil tem passado por períodos difíceis com a pandemia da Covid-19 e muitas pessoas perderam empregos ou tiveram que fechar empresas por conta da crise. Diante desse cenário, o Amapá registrou a maior taxa de desocupação do País, de 17,5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Norte e Nordeste são as regiões que possuem taxas acima da média nacional.

O Estado permaneceu com a mesma taxa de desocupação vista no ano passado, seguido da Bahia (17,3%) e Pernambuco (17,1%). Dos 14 Estados acima da média nacional, nove são do Nordeste. Além da Bahia e Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará estão no ranking.

Arte: Thiago Alencar/ Revista Cenarium

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE, apontou recuo e estagnação nas taxas de desocupação no 4º trimestre de 2021 nas unidades federativas. A média nacional caiu de 12,6% para 11,1% em relação ao trimestre de julho a setembro de 2021.

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Região Norte

Além do Amapá, o Acre (13,2%) e o Amazonas (13,1%) também aparecem na lista com as maiores taxas. A região é uma das menos povoadas do Brasil, segundo o Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com cerca de 15 milhões habitantes. Apesar disso, aparece em destaque nos índices do PNAD.

O Norte e o Nordeste também apresentam números acima da média de pessoas trabalhando por conta própria. A média nacional é de 27,1%, já o Amapá, que aqui também aparece no topo do ranking, tem 38% da sua população trabalhando por conta própria, o que seria cerca de quatro a cada dez trabalhadores. O Estado é seguido pelo Amazonas (36,2%) e Pará (35,0%).

O economista Inaldo Seixas comenta que o cenário reflete de uma situação complicada. “Os dados da pesquisa não são alentadores, eles mostram um mercado de trabalho muito desorganizado, muito precarizado. Apesar de ter caído um pouco, quando se lê por dentro, é possível perceber as taxas de desocupação muito elevadas para um País em desenvolvimento”, pontua.

Apesar das quedas e da recuperação econômica, o economista avalia, ainda, que a falta de geração de emprego é um problema para o País. “Houve um crescimento econômico significativo em 2021 em relação a 2020, mas nós não vimos isso refletivo no emprego. Os dados mostram que temos muitas pessoas trabalhando na informalidade ou por conta própria, sem contribuir para previdência ou salário desemprego”, explica.

Falta de investimentos

Também na análise de Inaldo Seixas, a falta de investimentos internos tem refletido na situação nacional. Ele explica que no começo de 2021 havia um prognóstico de crescimento de 2,5% para este ano, mas esse número reduziu drasticamente. “No Boletim Focus, divulgado na semana passada, foi apontado que o mercado espera crescimento de 0,3% somente”, explica.

Seixas avalia que a PEC do Congelamento é a maior responsável pela precarização do trabalho. “A PEC 95 (PEC do congelamento), impede esse crescimento. O governo não possui recursos para investimento, nós vamos ficar como nos últimos três anos, com crescimento ínfimo. A economia brasileira está crescendo em torno de 1%, e pode ser que esse ano não cresça nem isso”, soma ainda.

A solução, na opinião do especialista, seria a aplicação de recursos no setor público, mas ele fala que desde Michel Temer o governo não atua sob esses princípios. “Como o governo atual não aplica essa política de investimento no setor público, nós estamos nesse marasmo e dificilmente vamos sair dele. Principalmente com as crises recorrentes, com a pandemia e agora a guerra. O Brasil precisa resolver as questões internas, melhorando investimentos e criando postos de trabalho”, finaliza.

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