Missão Yanomami: iniciativa combate desnutrição infantil em comunidades indígenas

A Missão Yanomami é uma ação coordenada pelo Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-Y).
Bianca Diniz – Da Revista Cenarium

BOA VISTA (RR) – A Missão Yanomami liderada pelo Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-Yanomami) completou três meses na sexta-feira, 21. Com o objetivo de combater a desnutrição infantil em comunidades indígenas, fornecendo cuidados médicos e nutricionais adequados, a iniciativa realizou, até o momento, mais de 5,3 mil atendimentos em locais estratégicos.

Os locais que participam da iniciativa são: a Casa de Saúde Indígena Yanomami (Casai-Y), os polos-base na Terra Indígena Yanomami (TIY), o Hospital de Campanha das Forças Armadas e o Hospital Geral de Boa Vista (HGR).

A Missão Yanomami é uma ação coordenada pelo Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-Y).

Nos últimos três meses, cerca de 50,4% das altas hospitalares registradas na Casa de Apoio à Saúde Indígena Yanomami (Casai-Y) foram de crianças e adolescentes com até 14 anos, totalizando 764 altas de indígenas menores de 14 anos desde janeiro deste ano. Apesar desses avanços, ainda há seis crianças em estado grave e outras 26 em tratamento.

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De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a Missão Yanomami é uma ação interministerial que garante o acesso à saúde e nutrição adequadas para as comunidades Yanomami, em prol da redução dos índices de desnutrição infantil e melhoria da qualidade de vida.

Ações positivas

O secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, analisou positivamente o balanço das ações. “Conseguimos reduzir, significamente, o número de óbitos. Alguns agravos de malária, de desnutrição e de doenças respiratórias também foram controlados”, destacou.

Veja a tabela abaixo:

ÁreaAções realizadas
SaúdeDistribuição de 369.391 unidades de medicamentos para malária
Envio de 103.719 medicamentos para a Casai
Distribuição de 23.951 máscaras de proteção
Disponibilização de 50 litros de inseticida
Atuação em 37 polos-base, 31 Unidades Básicas de Saúde Indígena e 376 comunidades indígenas
100 crianças receberam megadose de vitamina A
InfraestruturaIniciada a reforma elétrica do polo-base de Surucucu
Finalização das melhorias de 22 banheiros em conjunto com a Unicef
Início da reforma geral dos 4 banheiros da enfermaria
Perfuração de poço da Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) do Surucucu
Instalação de lixeiras na Casai
Monitoramento da qualidade da água na Casai
AlimentaçãoEstruturação da cozinha no polo-base de Surucucu
Atividades na Casai relacionadas à importância do tratamento da desnutrição
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde

Fórmula nutricional

Para lidar com a desnutrição infantil, a ação desenvolveu uma fórmula nutricional inovadora para crianças indígenas menores de 10 anos, que sofreram desnutrição. A fórmula é baseada em alimentos da cultura tradicional da etnia, como açaí e bacaba, adicionados ao leite terapêutico utilizado no tratamento das crianças. Essa adaptação aumenta a aceitação dos pequenos pacientes, contribuindo para o avanço do tratamento.

Crianças são nutridas com fórmula desenvolvida com alimentos consumidos pela etnia. (Igor Evangelista/Ministério da Saúde)

Além disso, mais de 18 mil cestas básicas foram entregues, totalizando 3.022 quilos de alimentos, e a operação conta com aproximadamente 630 profissionais qualificados no atendimento aos indígenas, incluindo médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e dentistas, além de equipes de gestão, apoio administrativo e construção.

Avanços significativos

O trabalho conjunto da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) com outras instituições resulta em avanços significativos, como a redução no número de óbitos e o controle de alguns agravos de malária, desnutrição e doenças respiratórias. O protocolo para gestantes no “Material de Orientação para Organização dos Cuidados em Alimentação e Nutrição: Atenção à Desnutrição da População Yanomami” também foi atualizado.

A coordenadora do COE-Y, Ana Lúcia Pontes, afirma que o êxito da operação é resultado da mobilização do governo federal e da ação integrada das secretarias do Ministério da Saúde. “A Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, por exemplo, tem sido o braço direito da atuação com o COE-Yanomami” destacou.

Para a coordenadora, o maior desafio foi enfrentar o desmonte da saúde pública. “Na raiz desse problema da grave desassistência sanitária e humanitária está o desmonte de políticas públicas”, completou Pontes.

Missão contínua

O COE-Y está transitando de ações pontuais e emergenciais para a implementação de ações estruturantes e de rotina em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), visando aumentar a assistência e o acompanhamento no tratamento da tuberculose e outras questões de saúde.

Além disso, a Missão Yanomami deve priorizar a qualificação dos profissionais que já atuam no Dsei-Y, não apenas nas áreas técnicas, mas também na compreensão das questões culturais e antropológicas dessa população.

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