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Mulher e jovem era os mais endividados no ano de 2022; índice de inadimplência chegou a 77,9%
O índice mais baixo foi registrado em 2018, quando 60,3% das famílias estavam com dívidas (Reprodução)
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19 de janeiro de 2023
Da Revista Cenarium*
RIO DE JANEIRO – A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) anual mostra que o perfil da pessoa endividada, no Brasil, é de uma mulher, com menos de 35 anos e ensino médio incompleto, moradora das regiões Sul ou Sudeste, cuja família recebe até dez salários-mínimos. A pesquisa foi divulgada nesta quinta-feira, 19, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Na série histórica, iniciada em 2011, o ano bateu recorde: 77,9% das famílias estavam endividadas, em 2022, uma alta de 7 pontos percentuais, em relação a 2021, e de 14,3 se comparado com 2019, antes da pandemia de Covid-19. O índice mais baixo foi registrado em 2018, quando 60,3% das famílias estavam com dívidas.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destacou que a pandemia reverteu a tendência de queda, no endividamento, que era registrada até 2019, especialmente, entre os mais pobres. Segundo ele, os “efeitos perversos” da pandemia, com o fechamento de negócios e o aumento do número de desempregados, e no pós-pandemia, o avanço da inflação, fez com que as famílias com rendas mais baixas precisassem recorrer ao crédito para manutenção do consumo de primeira necessidade.
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“Enquanto entre as famílias de maior renda foi a retomada do consumo reprimido que levou a maior contratação de dívidas. Esses fatores geraram o aumento no número de endividados, em 2022, no País”, afirmou Tadros.
Recorde de superendividamento
A Peic anual indicou que, do total de endividados, 17,6% se consideraram muito endividados, a maior proporção da série histórica. A cada dez famílias com renda mais baixa, duas comprometeram mais da metade da renda mensal para o pagamento das dívidas. Já entre aqueles com maiores salários, o índice cai pela metade, o que sugere que o superendividamento está concentrado entre os mais pobres.
“Em média, durante 2022, o brasileiro gastou, a cada R$ 1 mil, R$ 302 em dívidas. No total, 70% das famílias comprometeram, pelo menos, 10% da renda com essa finalidade. Mais de 1/5 dos endividados tiveram de gastar, no mínimo, metade do salário para pagar dívidas”, diz a CNC.
O diretor de Economia e Inovação da CNC, Guilherme Mercês, afirmou que é importante que sejam adotadas medidas que possibilitem uma redução nos juros e na inflação, com uma nova âncora fiscal para a gestão das contas públicas.
“Em mais de dez anos, nunca as pessoas se sentiram tão endividadas, e o que a Peic demonstra é que o superendividamento é, principalmente, um problema para as famílias de baixa renda. Se esse endividamento diz respeito ao custo dos créditos e da inflação, um dos fatores essenciais para resolver isso é ter uma economia brasileira com juros mais civilizados, porque taxa de juros alta é sinônimo de dívidas caras, sempre”, disse Mercês durante coletiva de imprensa no Rio de Janeiro.
Para o diretor, programas de renegociação de endividamento, como os que estão sendo anunciados pelo governo federal, são fundamentais e “estancam as angústias das pessoas e famílias”. “Mas, em termos estruturais, o que vai resolver esse problema é uma taxa de juros mais baixa”, ressaltou.
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