Multas: 16 capitais punem por falta de máscara; são mais de 8 mil aplicações em todo Brasil

Máscaras como a PFF2 (foto) e N95 têm melhor adesão ao rosto do que máscaras de tecido (Foto: Getty Images via BBC)

Com informações do G1

SÃO PAULO – Um levantamento feito pelo G1 mostra que 16 das 26 capitais do País preveem uma punição para o não uso de máscara durante a pandemia da Covid-19. Apesar disso, ao menos 5 dessas capitais dizem que a norma ainda tem caráter educativo e não aplicaram multa até o momento. Considerando as capitais que efetivamente multaram, a falta de máscara já rendeu 8.215 notificações, totalizando uma arrecadação de R$ 1.361.536,86.

A análise considera multas aplicadas tanto a pessoas que não usavam máscara quanto a estabelecimentos penalizados por terem pessoas sem máscaras. A transmissão aérea é um dos principais meios de contágio do novo coronavírus, segundo especialistas.

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Em outras oito capitais, a previsão de multa e a fiscalização são de responsabilidade apenas do governo do Estado, e não da prefeitura. São os casos de São Paulo, Acre, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Pará, Paraíba e Sergipe. Em duas (Maceió e Campo Grande), nem a prefeitura nem o Estado aplicam multas.

16 prefeituras de capitais preveem multa pela falta de máscara; em outras 8 capitais, multa e fiscalização são de responsabilidade do governo estadual (Foto: Fernanda Garrafiel/G1)

O uso da máscara em espaços públicos é obrigatório no Brasil. Isso consta da lei federal 14.019, sancionada em 2 de julho de 2020, que é clara ao determinar “a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção individual para circulação em espaços públicos e privados acessíveis ao público, em vias públicas e em transportes públicos”.

A obrigatoriedade também consta de normas estaduais e municipais. Apenas parte das gestões, porém, prevê multa para cidadãos e estabelecimentos que desrespeitarem a norma.

Máscara: aliada contra a Covid-19

O pesquisador da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, e integrante do Observatório Covid-19 Vitor Mori lembra que as máscaras devem estar sempre bem ajustadas ao rosto e que as pessoas devem tomar cuidado ao pôr e tirar. Além disso, ele afirma que as máscaras são essenciais para reduzir a disseminação da Covid-19 em conjunto com outras formas de prevenção, como o distanciamento social.

Erros e acertos no uso da máscara de proteção contra o coronavírus (Foto: Arte/G1)

Mori também reforça para as pessoas evitarem contatos prolongados e também locais fechados ou mal ventilados. Isso porque a transmissão aérea é uma das principais formas de contágio da doença.

“Convenhamos que a máscara, nas primeiras vezes que você usa, é desconfortável. Então, é preciso deixar muito claro o porquê de a gente ter que usar a máscara, o motivo de ela ser importante. Outro ponto importante é que ainda existe uma compreensão equivocada das formas de transmissão da Covid-19. As pessoas acham que ocorre mais pela superfície, pelo contato, sendo que já se sabe que o maior risco é a inalação de pequenas partículas que estão no ar. Por isso, como é uma doença de transmissão aérea, é importante diminuir a quantidade de partículas no espaço e também se proteger”, diz.

“Evidentemente na Avenida Paulista, num espaço aberto, o risco vai ser menor do que no transporte público lotado. Mas isso não exime a pessoa da necessidade da máscara, principalmente se ela for ter interações prolongadas, próximas a alguém. Ao ar livre, o risco maior é você ter uma interação próxima, prolongada, face a face. E isso pode acontecer a qualquer momento na rua, né? É importante que você esteja de máscara e não é nenhum grande sacrifício usar máscara. É um exercício público.”

Para locais onde não há controle sobre a ventilação e o distanciamento, como no transporte público, o pesquisador recomenda o uso da máscara PFF2. Ele lembra que é possível encontrar essa máscara por valores acessíveis.

“Essa máscara [PFF2] pode ser reaproveitada, tomando alguns cuidados. É até importante que isso seja feito para que não falte para os profissionais de saúde. Também é importante observar a integridade da máscara, a qualidade e a vedação do elástico. Não é recomendado a lavagem. Não é recomendado que se passe álcool nem desinfetante químico. O ideal é deixar descansar por pelo menos três dias. Quanto mais tempo deixar descansando melhor, em um espaço bem arejado.”

Em janeiro de 2021, França, Alemanha e Áustria passaram a exigir que a população use máscara profissional, como N95 e PFF2, em vez de máscaras caseiras, em locais públicos. De acordo com estudos, essas máscaras garantem maior proteção e devem ser utilizadas em situações de maior risco, como locais fechados.

Essa mudança nos países europeus levantou o debate sobre a qualidade das máscaras usadas no Brasil. No início da pandemia da Covid-19, para evitar a falta de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para profissionais de saúde, a população foi incentivada a usar máscaras de pano. Para o pesquisador da Universidade de Vermont, já está na hora de aumentar a produção de máscaras de melhor qualidade, assim como facilitar a sua distribuição, junto com o reforço da importância para as pessoas usarem a máscara de forma correta.

Alvo de ‘fake news’

Desde o início da pandemia, a máscara também virou alvo de constantes informações falsas compartilhadas nas redes sociais – o que atrapalha a comunicação sobre a importância da máscara no cotidiano das pessoas.

Conteúdos mentirosos já afirmaram que as máscaras têm baixa filtragem de vírus e fazem ‘mais mal do que bem’, aumentam taxa de CO2 no cérebro e risco de trombose e altera flora da boca e do intestino, acumulam micróbios capazes de causar câncer, deixam o sangue mais ácido e até que o uso prolongado de máscara leva a quadro de intoxicação e baixa oxigenação do organismo. É tudo #FAKE.

Além disso, a máscara já também foi alvo de polêmicas. Em julho de 2020, o desembargador Eduardo Siqueira, do TJ-SP, foi flagrado sem máscara em uma praia em Santos, no litoral paulista, e humilhou um guarda municipal que pediu para o desembargador usar o item obrigatório. Siqueira foi fotografado também sem máscara em outras ocasiões, como em 13 de fevereiro de 2021.

Outro exemplo é protagonizado pelo presidente Jair Bolsonaro, que já foi a eventos e aglomerações também sem máscara. Isso ocorreu em diversos meses da pandemia, como maio, junho, julho, agosto, setembro etc.

Mesmo o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) também aparece sem máscara com recorrência, inclusive quando foi diagnosticado com a Covid-19 e decidiu gravar uma live ao lado de Bolsonaro, em outubro de 2020.

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