No AM, diretora da OAB convoca população para ato golpista na cidade

Em mais de uma postagem, a advogada critica o presidente eleito, Lula (PT) (Thiago Alencar/CENARIUM)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

Manaus – A diretora da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, em Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus), advogada Ana Cláudia Conde Vieiralves, postou uma imagem na internet convocando a população do município para um golpe. O ato que pede uma intervenção militar aconteceu na quarta-feira, 2, questiona a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial do último domingo, 30.

Na imagem compartilhada na internet pela advogada consta a mensagem “Parintins, o Brasil precisa de nós” e pedia que os manifestantes não usassem camisas com a estampa do presidente Bolsonaro (PL) para “não prejudicá-lo”. Nesta quinta-feira, 3, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, afirmou que quem não está aceitando o resultado das eleições, com “movimentos ilícitos e criminosos”, será devidamente responsabilizado.

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no município amazonense, Lula (PT) foi o candidato mais votado para a Presidência da República. Ele recebeu 41.689 votos, o equivalente a 82,56% do total da cidade. Já Jair Bolsonaro (PL) foi a escolha de 17,44% dos eleitores e recebeu 8.809 votos. Em todo o Amazonas, Lula teve 1.004.991 votos ou 51,10%. Bolsonaro ficou com 48,90% dos votos.

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Comunicado de convocação para ato golpista em Parintins (AM) (Reprodução/Redes Sociais)

Crime inafiançável

No artigo 5°, inciso XLIV (44) da Constituição diz que “constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático”. Além disso, na manifestação de Moraes, ele defende que esses são movimentos ilícitos: “Não há como se contestar resultado democraticamente obtido com movimentos ilícitos, antidemocráticos e criminosos, que serão combatidos e responsabilizados. A democracia venceu, novamente, no Brasil“, disse Moraes.

(Alejandro Zambrana/Secom/TSE)

Ato golpista

O ato golpista, em Parintins, que aconteceu na quarta-feira, 2, na praça da Liberdade, no centro da cidade, não teve a adesão. Pela internet, a advogada postou um vídeo, no ato, e seguidores questionaram a postura da advogada: “Com todo respeito, que tipo de gente que age assim, ou pessoas que acham isso correto? Pra mim são uns sem noção”, comentou um homem.

Ana Claudia respondeu o seguinte: “Se recolha para sua página. Não pedi e nem quero sua opinião”, retrucou.

Em outra resposta aos internautas ela diz: “Quem falou em dependência? Falei em insurgência em ser governada por um criminoso condenado por corrupção. E que você vá opinar sobre o 13, PT ou Lula, na sua página”, diz a advogada.

Advogada discute com internautas sobre posicionamento político (Reprodução/Redes Sociais)

A advogada já vinha compartilhando publicações criticando o presidente eleito. Em uma delas está escrito: “Jamais vou aceitar e achar bonito um ex-presidiário me representar. Tenho vergonha na cara. Não achei minha integridade no lixo“, diz a postagem.

Advogada compartilha críticas ao presidente eleito Lula (PT) (Reprodução/Redes Sociais)

Na capital, Manaus, manifestantes ainda estão nesta quinta-feira, 3, em frente ao Comando Militar da Amazônia (CMA), localizado no bairro da Ponta Negra, Zona Oeste da cidade. A manifestação causa lentidão no trânsito e transtornos em vários pontos.

Ato semelhante no Rio

A advogada Vivian Ramôa, coordenadora da Comissão de Prerrogativas da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil, junto ao sistema penitenciário, defendeu um golpe militar nas redes sociais. Após intimação da OAB-RJ, a publicação foi excluída.

Vivian postou, no Instagram, uma “convocação nacional” que ocorreu na manhã de quarta-feira, 2, em frente ao Comando Militar do Leste, no Centro do Rio de Janeiro. A imagem tinha o rosto do presidente Jair Bolsonaro (PL) — derrotado na eleição de domingo pelo ex-presidente Lula (PT) — e um emoji de um militar prestando continência, tingidos pelas cores da bandeira do Brasil.

A OAB-RJ tomou conhecimento da manifestação e questionou a advogada. Em seguida, a publicação foi excluída.

“Entendemos que a OAB-RJ é um bastião da defesa da democracia, do Estado de Direito, e não compactuamos com qualquer posição contrária. Estamos apurando, internamente, respeitando o contraditório”, disse o presidente da seccional, Luciano Bandeira.

Sem resposta da OAB-AM

A REVISTA CENARIUM entrou em contato com a OAB-AM pedindo um posicionamento em relação à publicação da advogada Ana Cláudia Conde Vieiralves, mas não obteve resposta.

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