‘Nos reinventamos’: professores contam experiências e desafios de ensinar na pandemia

Gabriel Abreu – Da Cenarium

MANAUS – “Nós nos vimos em uma situação limitante e tivemos que nos reinventar”, destacou a professora Marcia de Castro Gomes sobre o ensino remoto que diversos educadores tiveram que enfrentar durante a pandemia do novo Coronavírus. Nesta sexta-feira, 15, é o Dia dos Professores, profissionais que não medem esforços para auxiliar na educação de crianças, jovens e adultos.

Aos 31 anos, sendo 10 dedicados ao ensino de crianças nas séries iniciais, a professora Antônia Natércia afirmou que a pandemia impôs mudanças significativas, entre elas, a de se adaptar às ferramentas para as aulas virtuais. “Um dos grandes desafios foi que tivemos que trocar a sala de aula pelo confinamento de nossas casas e criar um novo cenário para que os alunos pudessem interagir ainda melhor”, salientou Natércia ao ressaltar que é um privilégio trabalhar com crianças que estão dando os primeiros passos na formação escolar.

Márcia de Castro Gomes leciona biologia para alunos do ensino médio no Instituto de Educação do Amazonas (IEA) e atua há 23 anos como professora. Em janeiro deste ano, ela perdeu a mãe por conta da Covid-19, outro desafio, já que precisou nesse mesmo período auxiliar diversos alunos que estão na porta da universidade.

“Do lado profissional exigiu de nós, professores, que nos aprimorássemos com o que tínhamos e, infelizmente, tivemos uma realidade e recursos muitos escassos de tecnologia. Eu vi professores, amigos meus que são mais antigos tendo muita dificuldade. Nossa dificuldade foi muito grande, falta de estrutura, falta de aprimoramento tecnológico. Nós tivemos que nos reinventar. Nós nos vimos em situação limitante”, disse Márcia.

Ensino superior

O desafio do ensino remoto não ficou somente nas séries iniciais, os professores do ensino superior se viram em novo desafio. São eles os responsáveis por formarem médicos, advogados, jornalistas, engenheiros e arquitetos, por exemplo. “É papel do professor se reinventar e eu acredito que só há ensino quando há aprendizagem. Então, é papel do professor se reinventar em qualquer adversidade para que ele garanta aprendizagem efetiva dos alunos independentes de qualquer coisa”, afirmou o professor Adan Medeiros da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).   

Em uma postagem nas redes sociais, o mestre João Roberto Bessa Freire, que também é artista plástico, escritor e pintor disse que, ao longo de seus 42 anos como professor, sempre exerceu com dignidade e correção a profissão. “Ao olhar para trás me vem a certeza de que sempre busquei dar o melhor de mim para ajudar na formação de muitos jovens, por meio da criticidade e observância de valores morais que são os pilares de uma sociedade fraterna e igualitária”, desabafou Bessa no dia dos professores.

Histórico

O Dia do Professor foi criado durante o governo de João Goulart no ano de 1963, como uma forma de mostrar a importância desse profissional na formação de pessoas. A data também faz uma referência ao imperador do Brasil D. Pedro I, que, no dia 15 de outubro de 1827, emitiu uma lei sobre o Ensino Elementar. No que se refere ao desenvolvimento da educação no Brasil, essa lei foi considerada um passo muito importante, porque tratou dos objetos de estudo dos alunos, definiu que todas as cidades do Brasil deveriam ter Escolas de Primeiras Letras (Ensino Fundamental), e até estipulou o salário dos professores.