Número de indígenas mortos por Covid-19 cresceu 31% em duas semanas, diz Apib

Até sábado, 18, foram registrados 541 óbitos, com 136 povos atingidos e 16.394 casos confirmados.(divulgação/Semcom)

Carolina Givoni – Da Revista Cenarium

MANAUS – Mais 129 indígenas espalhados pelo território brasileiro vieram à óbito dentro do período acumulado de 16 dias. No total, oito nativos morreram por dia em decorrência do novo Coronavírus, segundo comparativo elaborado REVISTA CENARIUM nesta domingo, 19.

O levantamento se baseia no boletim epidemiológico disseminado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que desde o início da pandemia no Brasil, divulga os próprios dados. Neste fim de semana, até sábado, 18, foram totalizados 541 óbitos, com 136 povos atingidos e 16.394 casos confirmados.

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Em comparação aos dados de 16 dias atrás, em 2 de julho, o aumento entre os casos confirmados foi de 59%, com 31% de subida nos óbitos registrados no período, sendo apontado à época 412 óbitos, com 10.373 casos confirmados de Covid-19 e 121 povos atingidos.

Dados federais

As informações obtidas pelo Departamento de Atenção à Saúde Indígena (Dasi) e disponibilizadas pelo Governo Federal apontam que em 2 de julho, haviam 7.198 casos de Covid-19 entre os indígenas dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei), com registro de 166 óbitos.

Após 16 dias, o número de óbitos cresceu 39% atingindo a marca de 230 mortos. Quanto aos infectados, o percentual subiu 65%, com a incidência acumulada de 11.885 casos confirmados de Covid-19.

Divergências

As divergências das contagens ocorre por conta do monitoramento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que abrange apenas 750 mil nativos no País. No total, 1 milhão de indígenas, sendo 250 mil destes, vivem em áreas urbanas.

As entidades independentes como a Apib e a Coiab afirmam que o Governo Federal só contabiliza casos em terras indígenas homologadas. Além de não prestar atendimento aos povos que vivem fora dos territórios tradicionais, atitude considerada por especialistas como racismo estrutural.

Ações de combate

Ao longo do período da pandemia, o Ministério da Saúde (MS) tem desenvolvido estratégias para aprimorar o atendimento e uma das mais recentes é a criação da Unidade de Atenção Primária Indígena (UAPI). As unidades vão fortalecer os serviços de atenção primária à saúde indígena no atendimento desta população proporcionando o acolhimento dos casos suspeitos de Síndrome Gripal (SG) e identificação precoce de casos de Covid-19. Além disso, já foram instaladas alas indígenas em hospitais de Manaus (AM) e Macapá (AP), Vale do Javari, Pará (Belém, Marabá, Santarém) e Roraima (Boa Vista).

Também foi elaborado um Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus em Povos Indígenas que detalha como as equipes de saúde devem agir conforme cada caso. Os Dsei’s também elaboraram seus respectivos Planos de Contingência Distritais para as diferentes situações de enfrentamento da Covid-19, respeitando as características de cada povo e suas necessidades específicas. Todo esse planejamento e estudo antecipado resultam em atendimentos rápidos e eficientes executados diretamente nas aldeias.

Em todos os casos, as equipes dos Dsei têm agido dentro do previsto no planejamento e realizado o isolamento de infectados, casos suspeitos e a transferência para a rede pública estadual e municipal dos pacientes que necessitem de suporte especializado em hospitais. Para isso, a Sesai emprega uma grande frota de veículos, embarcações e aeronaves para levar os indígenas em segurança até as cidades mais próximas que ofereçam o atendimento necessário.

Para oferecer atendimento rápido em situações de emergência, a Secretaria autorizou a contratação de 34 equipes de resposta rápida para atuar em cada Dsei. As equipes compostas por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem ficam disponíveis 24 horas para partir para o território indígena que apresentar, eventualmente, um aumento de casos repentino, reforçando assim o trabalho das equipes multidisciplinares de saúde indígena que já se encontram atuando normalmente nas aldeias.

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