‘Operação Fair Play’: vítimas de pirâmide financeira investigada pela PF perderam até R$ 900 mil para golpistas

Segunda fase da operação ocorreu na manhã desta sexta-feira, 21, em Manaus (AM). (Divulgação)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Vítimas do esquema de pirâmide financeira investigado pela Polícia Federal (PF), no Amazonas e em outros Estados, chegaram a perder até R$ 900 mil para o grupo empresarial suspeito de aplicar o “golpe do empréstimoem servidores públicos, segundo o órgão. Mais de 350 pessoas foram prejudicadas. A segunda fase da “Operação Fair Play” foi deflagrada em Manaus nesta sexta-feira, 20.

Esta fase é um desdobramento das investigações realizadas durante a primeira fase, deflagrada na última sexta-feira, 14, tanto na capital amazonense quanto nas cidades de Boa Vista (RR), Belém (PA) e Natal (RN). Foram cumpridos, até o momento, 21 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão temporária (todos convertidos em prisão preventiva). Um suspeito está foragido e outros seis estão presos preventivamente.

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Os suspeitos aliciavam as vítimas para fazerem empréstimos consignados e transferirem os valores para empresas do grupo. Assim, eles se comprometiam a fazer o pagamento das parcelas, o que acontecia até um certo momento. Depois, este pagamento era interrompido e as vítimas ficavam com seus nomes “sujos” em bancos. As pessoas enganadas também eram convencidas a captarem outras vítimas.

A gente já recebeu informações que há pessoas que chegaram a investir cerca de R$ 900 mil, estão endividadas com bancos, mas os valores variam. Tem pessoas que firmaram mais de um contrato com a empresa, esse ‘aluguel de consignado’, como eles chamam irregularmente“, afirmou o delegado da Delegacia de Crimes Financeiros da PF, Marcelo Uchoa.

Ainda segundo o delegado, a PF pretende solicitar, do Judiciário, a recuperação dos valores para devolução às vítimas. De acordo com Uchoa, os líderes do grupo estavam se desfazendo de bens ou colocando em nomes de terceiros. “Então, a ideia de recuperação dos ativos também é pensamento numa possível devolução desses valores em algum momento, pelo Judiciário. Mas, é algo que ainda está muito no início”, complementou.

O delegado Eduardo Zózimo (à esquerda) e o delegado Marcelo Uchoa. (Marcela Leiros/ Revista Cenarium)

Segunda fase

Em Manaus, nesta sexta-feira, 21, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão, além da indisponibilidade de bens dos investigados e apreensão de três veículos de luxo, avaliados em quase R$ 2 milhões. O principal alvo foi uma empresa do ramo de manutenção de equipamentos de telecomunicações, que nunca exerceu essa atividade porque era usada como fachada pelos líderes da organização criminosa, para aquisição e ocultação de bens e valores.

Só que o que chamou atenção da equipe de investigação é que essa empresa tinha dezenas de veículos de luxo em seu nome. Então, a investigação buscou apurar a real participação dessa empresa de fachada na ocultação desses bens, que eram bens utilizados pelos investigados pelo grupo financeiro investigado“, disse o delegado.

A autoridade policial informou, ainda, que um funcionário da empresa fez um saque de R$ 500 mil três dias antes da deflagração desta segunda fase. A suspeita é que os envolvidos estão tentando tirar de circulação os valores que foram obtidos ilicitamente no esquema.

Balanço geral

O esquema envolvia a obtenção de empréstimo consignado de servidores públicos municipais, estaduais e federais. Só de servidores dos três níveis da gestão pública no Amazonas, o grupo movimentou R$ 25 milhões. Em um ano, nos quatro Estados, foram R$ 156 milhões. O grupo empresarial suspeito era formado por três empresas.

Um contrato era firmado entre o servidor e a empresa, mas sem valor legal algum, e registrado em cartório. O dinheiro ficava em posse dos golpistas por um ano. Havia, segundo a investigação, uma bonificação ao servidor que aliciasse novos funcionários públicos, considerada uma ação típica da pirâmide financeira.

O delegado da PF responsável pela investigação, Eduardo Zózimo, acrescentou que as diligências ainda estão em andamento e novas medidas podem ser tomadas. “O inquérito é sigiloso, então a gente ainda está com diligências, estamos fazendo análise de material apreendido e, posteriormente, caso necessário, iremos representar por novas medidas“, disse.

Os nomes do grupo empresarial, das empresas ou dos investigados não foram divulgados pela PF. Os delegados orientaram que vítimas do grupo busquem um advogado ou a Defensoria Pública, para entrarem com ações de reparação no âmbito civil.

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