Conhecimentos tradicionais podem salvar planeta, diz líder quilombola

pescador do carangueijo as margens do Rio Maracanã que é o principal acidente hidrográfico do município do Pará (Marcello Casal/Agência Brasil)
Da Revista Cenarium Amazônia*

MANAUS (AM) –

As soluções que estão sendo debatidas durante o Diálogos Amazônicos “têm potencial para salvar o mundo”. Mas, para tanto, é fundamental a colaboração efetiva de todos os países participantes da Cúpula da Amazônia, pondera o coordenador Executivo de Articulação da Malungu, Hilário Moraes.

Ele se refere às propostas que estão sendo elaboradas durante o evento iniciado nesta sexta-feira, 4, em Belém (PA). A Malungu é uma organização das comunidades quilombolas que, apesar de centrada no Pará, atua indiretamente junto a cerca de 600 comunidades não afiliadas localizadas em outras partes do país.

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Segundo ele, a grande expectativa com o encontro – que prepara propostas a serem apresentadas aos chefes de Estado durante a Cúpula da Amazônia nos dias 8 e 9 de agosto – é a de se construir, de forma conjunta, com a participação de autoridades e povos da Amazônia, uma salvaguarda que realmente proteja os territórios quilombolas, indígenas, bem como outras comunidades tradicionais e povos da Amazônia.

“Sem essa salvaguarda, o planeta passa, hoje, por um processo muito duro das mudanças climáticas. Os povos que destruíram suas florestas investem agora pesado na Amazônia, para que se possa deixar a floresta em pé e para que o planeta possa sobreviver”.

“Nós podemos salvar”

Ele lembra que, historicamente, são os povos da região os que dominam conhecimentos tradicionais que garantem uma relação sustentável com a floresta, e que isso precisa ser levado em conta pelas autoridades.

“Nós podemos salvar o planeta, mas a gente precisa ter essa cooperação dos países que estão na Amazônia Legal. Que eles realmente escutem e leiam o que ficará visível na carta-síntese que vai ser construída, falando de toda problemática e de toda emblemática que existe dentro da Amazônia”, acrescentou.

O Diálogos Amazônicos reúne, até dia 6 de agosto, representantes de entidades, movimentos sociais, academia, centros de pesquisa e agências governamentais do Brasil e demais países amazônicos, com o objetivo de formular sugestões para a reconstrução de políticas públicas sustentáveis para a região.

Durante o evento preparatório para a Cúpula, serão organizadas cinco plenárias-síntese, que debaterão temas como participação social, erradicação do trabalho escravo, saúde, soberania, segurança alimentar e nutricional, ciência e tecnologia, transição energética, mudança do clima e a proteção aos povos indígenas e tradicionais da região.

Estão previstas também plenárias transversais para debater situações de públicos específicos, como mulheres, jovens e negros na região amazônica.

Os resultados servirão de base para a produção de cinco relatórios a serem entregues aos presidentes dos países amazônicos durante a cúpula.

“Nossa expectativa é a de que realmente possamos ser escutados. Nós estamos dentro das florestas, dos rios, dos igarapés e dos campos. E tudo isso nos está sendo retirado. Estão tirando nosso sono, nossa vida e a floresta que é uma herança e um patrimônio que está sendo destruído diante dos nossos olhos”, acrescentou, referindo-se a empreendimento como os do agronegócio e as “obras faraônicas” construídas em território amazônico.

Leia mais: Projeto da UFMG busca ampliar internet para comunidades indígenas e quilombolas

(*) Com informações da assessoria
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