Papa Francisco é internado para tratar infecção respiratória

A saúde do pontífice vem gerando preocupação nos últimos meses (Vincenzo Pinto/AFP)
Da Revista Cenarium*

VATICANO – O papa Francisco permanecerá internado por “alguns dias” devido a uma infecção respiratória, disse nesta quarta-feira, 29, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni. Horas antes, a Santa Sé havia informado que o religioso seria hospitalizado para fazer exames previamente programados, sem dar mais detalhes sobre a natureza das avaliações. A saúde do pontífice vem gerando preocupação, nos últimos meses, com problemas que dificultam sua locomoção e o fizeram cancelar uma série de compromissos.

Em um comunicado, a igreja diz que o papa “reclamou de algumas dificuldades respiratórias” nos últimos dias e, nesta quarta, foi levado à Policlínica Gemelli, em Roma, para exames médicos. O diagnóstico foi de infecção, mas está descartada a Covid-19:

“Os resultados detectaram uma infecção respiratória (excluída a Covid-19) que exigirá alguns dias de tratamento médico hospitalar adequado”, diz Bruni. “O papa Francisco está muito tocado com as mensagens e expressa gratidão pelas orações.”

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O Vaticano não deu mais detalhes sobre como o pontífice foi levado ao hospital ou as circunstâncias de seus sintomas, mas, segundo o jornal italiano La Repubblica, ele teria piorado após a audiência desta quarta na Praça de São Pedro. Após a cerimônia semanal, foi fotografado sendo amparado para subir em seu papamóvel.

Sintomas respiratórios

O papa não tem parte de um pulmão, que foi removida quando tinha 21 anos, ainda em Buenos Aires, devido a uma infecção, algo que não altera suas atividades. Ele já reclamava de sintomas respiratórios há alguns dias, motivo pelo qual já havia exames pré-agendados para esta tarde. Após as queixas depois da audiência, contudo, o jornal italiano diz que os médicos constataram que seria necessário levá-lo ao hospital.

Antes mesmo da confirmação do Vaticano, sua equipe de segurança já havia sido mobilizada para pernoitar na policlínica. A agenda do pontífice de quinta-feira, anunciou a Santa Sé, algumas horas antes da nota confirmando a infecção, foi cancelada. Não está claro se uma viagem para a Hungria, programada para o fim de abril, será mantida.

De acordo com o La Repubblica, o resultado da tomografia computadorizada a que Francisco foi submetido foi positivo e sua oxigenação é boa. Ele está no décimo andar do hospital, onde há uma ala para os pontífices, batizada pelo papa João Paulo II de “terceiro Vaticano”.

A Gemelli é o mesmo hospital onde o religioso fora internado há pouco menos de dois anos. Na época, foi admitido para fazer uma operação pré-agendada para tratar de uma diverticulite — uma inflamação na parede do intestino grosso que causa espessamento da parede do órgão, que fica mais estreito. No jargão médico, o termo para o quadro é estenose.

A ideia inicial era fazer uma cirurgia robótica, com técnica sofisticada e pouco invasiva, realizada com a ajuda de robôs. O quatro provou-se mais grave do que o inicialmente previsto, já no centro cirúrgico, contudo, os médicos acharam melhor mudar os planos e fazer um procedimento “a céu aberto”, quando a barriga é cortada. Cerca de 33 centímetros do órgão foram removidos.

Pouco após a operação, o pontífice disse que havia se recuperado por completo e já conseguia comer normalmente, mas, em uma entrevista concedida em janeiro para a agência de notícias Associated Press, afirmou que a diverticulite havia retornado.

Especulações

Francisco também tem dificuldade para andar devido a um problema inoperável no joelho, que o vem obrigando a se locomover com muletas ou cadeiras de rodas. O papa sofre de osteoartrite, também chamada de artrose, do joelho direito.

A idade avançada certamente contribuiu para a situação, mas, segundo informações da imprensa italiana, a doença estaria associada à má postura. O problema postural o fez descarregar mais peso na articulação do joelho direito, o que levou ao seu enfraquecimento, ao longo do tempo, e provocou um desgaste severo do ligamento.

Em uma entrevista, no fim do ano passado, Francisco afirmou que havia assinado uma carta de renúncia, há quase uma década, caso sua saúde precária o impedisse de desempenhar suas funções. No passado, já havia dito que não descartava renunciar ao trono de São Pedro caso percebesse que não teria mais condições de fazer seu trabalho.

As especulações sobre a possibilidade se intensificaram após a morte de seu antecessor, o papa Bento XVI, em 31 de dezembro. Em 2013, o alemão quebrou um tabu de seis séculos ao abrir mão do comando da igreja, admitindo que a idade avançada e a saúde frágil já não lhe davam mais condições para liderar a instituição.

Bento XVI passou sua última década de vida em recolhimento no mosteiro Mater Ecclesiae, no perímetro do Vaticano, o que forçou a comunidade religiosa a navegar por um mundo com dois papas com estilos e visões diferentes sobre como a igreja deveria ser conduzida. Apesar de atritos pontuais, a coexistência foi majoritariamente pacífica e abriu precedentes para que outros herdeiros de São Pedro sigam pelo mesmo caminho.

(*) Com informações da Agência Brasil
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