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Paraíso em crise: Ilha Grande vê na reabertura uma possível retomada do turismo e da economia local
Desde o dia 14 de agosto, a circulação de turistas está liberada. No entanto, a ausência de visitantes estrangeiros preocupa moradores, empresários e trabalhadores (Reprodução/ Internet)
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04 de dezembro de 2020
Com informações do G1
SÃO PAULO – A reabertura para o turismo de Ilha Grande , na Costa Verde do Rio de Janeiro, em agosto, ofereceu uma luz no fim do túnel que os moradores precisavam enxergar. Desde março, com o início da pandemia, a atividade principal da ilha parou completamente e agora é tempo de tentar correr atrás do prejuízo.
Para Frederico Catramby, dono do Aquarios Hostel Bar, foram meses de angústia e impotência vendo o seu negócio parado e a despedida de alguns amigos da ilha.
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“Quando você para todas as suas atividades e não tem perspectiva de voltar a trabalhar é muito assustador. Ficou muita gente sem pagar aluguel, atrasando as contas, e teve que ir embora. Meus funcionários estão comigo há muito tempo e a gente precisou se reorganizar enquanto empresa para passar por isso junto. Tive que mandar algumas pessoas embora e estou recontratando alguns agora, para o nosso retorno ao funcionamento”, conta Frederico.
“E está sendo muito difícil. Não sei como vai ser essa recuperação como um todo. A gente saiu de uma ocupação mensal de 80% para 40%. É uma queda muito grande no nosso lucro. E ainda estou em uma posição melhor do que muita gente por aqui. Não sei se vou ter lucro, mas vou sobreviver. Vou cumprir com os compromissos que tenho”, calcula.
Basicamente, o turismo de Ilha Grande sobrevive com a circulação das pessoas vindas do exterior e dos visitantes nacionais que se hospedam ou passam o dia curtindo a ilha.
Luana Ventura, que trabalha com o transporte de turistas e também é membro da Associação de Moradores de Abraão, uma das vilas da ilha, analisa que a ausência de turistas vindos de fora do Brasil pode afetar na forma como Ilha Grande consegue fazer circular dinheiro.
“Se não fosse pela pandemia, estaríamos com um movimento muito grande dos turistas estrangeiros. Essa demanda não deve existir por um bom tempo, porque não tem gente de fora com planos de vir pra cá. Conforme forem acontecendo as aberturas é que a gente vai começar a entender qual vai ser o nosso novo perfil de turistas circulando pela ilha”, diz Luana.
Reabertura com pressão dos moradores
Para reabrir o turismo em Ilha Grande e toda a região, a prefeitura de Angra dos Reis organizou o selo chamado “Novo Turismo Angra e Ilha Grande”. Para receber esse selo, os donos dos estabelecimentos precisam passar por um treinamento e seguir uma série de normas, de acordo com as diretrizes sanitárias.
“Foram feitas campanhas de distribuição de máscara e álcool gel, além da conscientização da população com os cuidados básicos do distanciamento social. O empresário teve que participar de uma aula online para ser orientado sobre os cuidados que precisam ser tomados. A partir daí, é emitido o selo para que ele possa funcionar com as limitações necessárias. Com isso, fiscalizamos para acompanhar se tudo está acontecendo dentro do permitido”, explica João Willy, presidente da TurisAngra.
“O plano também vai mudando de acordo com a realidade e a necessidade. Abrir é muito fácil. O nosso maior desafio é manter aberto. E para isso, é preciso que a gente enquanto poder público faça a nossa parte, dando condições e informações para tudo ser feito com segurança, mas também a parte da comunidade, seguindo todos os protocolos”, completa João Willy.
Parte esta que, segundo Audrey Nóbrega, da Associação de Moradores de Abraão, foi muito além do que foi ofertado pelo poder público local.
“O primeiro protocolo que foi montado fugia muito da nossa realidade enquanto ilha, porque foi muito pensado nos resorts de Angra dos Reis. E a gente tinha que pensar também em todas as comunidades da Ilha Grande. Não é só uma necessidade de turismo, mas sim de pessoas que também vivem aqui”, diz Audrey.
“Chegou um ponto que a abertura se fez necessária nos moldes que havia e não dava mais para as pessoas ficarem sem trabalho. Não tinha de onde tirar dinheiro, comprar comida. Se a gente tivesse que ficar mais um mês parado, não sei como seria. Estava no limite do desespero e sem ter uma perspectiva de como ia continuar”, conta Audrey.
“Foram meses muito ruins e de incerteza. A gente não esperou que o poder público tomasse a iniciativa de nos ajudar. Foram cartazes distribuídos pela ilha. Máscara, álcool em gel foram doados. A gente começou a fazer a campanha de conscientização e se juntou com moradores e instituições para correr atrás de cestas básicas. O tempo foi passando e a gente foi dando um jeito. Na verdade, a pandemia mostrou para gente que a união faz a diferença”, aponta.
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